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Ibovespa fecha em queda com ajustes tendo Turquia e Covid-19 sob holofotes
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, com as ações da Vale e da Petrobras entre as maiores pressões de baixa, além de reflexos do desconforto com emergentes após troca do comando do banco central na Turquia e temores sobre a Covid-19.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,07%, a 114.978,86 pontos. No pior momento, bateu 113.619,52 pontos. O volume financeiro da sessão somou 26 bilhões de reais.
O declínio ocorre após o Ibovespa subir 1,8% na semana passada, apoiado na sinalização "dovish" do banco central dos Estados e tentativa do Copom de ancorar projeções de inflação, além de alguma trégua nos Treasuries.
Na Turquia, o presidente Tayyip Erdogan surpreendeu no fim de semana e demitiu o presidente "hawkish" do banco central turco, Naci Agbal, provocando temores de uma reversão das recentes altas dos juros.
A tensão com a decisão de Erdogan contagiou outros países emergentes, como o Brasil, embora a pressão na bolsa paulista tenha diminuído durante a sessão diante do viés positivo em Wall Street e queda nos rendimento dos Treasuries.
O pregão brasileiro ainda teve de pano de fundo receios de que novas medidas de lockdown na Europa, enquanto o Brasil deve alcançar nos próximos dias 300 mil mortes e 22 milhões de casos desde o começo da pandemia.
Estrategistas do Credit Suisse reduziram o Brasil para 'benchmark' no grupo de mercados emergentes (GEM) em estratégia global, citando preocupações políticas, a posição fiscal do país e o impacto da Covid-19.
Economias, ex-BCs, ex-ministros, empresários e outros nomes conhecidos do mercado financeiro assinaram uma carta publicada na imprensa nesta segunda-feira cobrando do governo aceleração do ritmo de vacinação e outras medidas.
Na visão do analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, o Ibovespa tem uma resistência importante em 116 mil pontos, que se for ultrapassada pode gerar pressão compradora para médio prazo.
Ele também relacionou esse movimento a sinais favoráveis sobre vacinação em massa e evolução das reformas administrativas e tributária. Para Chinchila, o Ibovespa deve chegar a 130 mil pontos até o final do ano.
Dólar fecha em alta com receio sobre Turquia
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em alta contra o real, repercutindo o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior em meio a debates sobre contágio a mercados emergentes a partir da turbulência na Turquia, onde houve troca de presidente do Banco Central.
No fim da sessão, contudo, o dólar já estava longe das máximas do dia. A cotação fechou em alta de 0,64%, a 5,5190 reais na venda, após oscilar entre 5,549 reais (+1,19%) e 5,4952 reais (+0,21%).
O dólar foi às máximas do dia ainda na primeira hora de negócios, enquanto a lira turca despencava cerca de 9%, depois de recuar 15% no pior momento. O tombo da moeda ocorreu em resposta à demissão no fim de semana de Naci Agbal, então chefe do banco central da Turquia, a mando do presidente Recep Tayyip Erdogan.
A onda de perdas nos mercados turcos reativou discussões sobre potenciais ondas de choque em outros emergentes, temor que faz lembrar sobretudo as crises de emergentes durante a década de 1990. O mesmo debate se deu em 2018, quando de novo a Turquia foi alvejada por ondas de vendas que derrubaram a lira em quase 30%.
O último ano de valorização da moeda turca foi em 2012 (+5,8%). Desde então, a divisa já perdeu 77% de seu valor nominal ante o dólar.
Apesar das preocupações inicias, analistas do Citi avaliam que não há "crise" nos emergentes por três razões: limitado potencial de prejuízo devido às limitadas necessidades de financiamento desse grupo de países, processo relativamente moderado de redução de estímulos na China e expectativa de apoio ao comércio global com um salto na demanda norte-americana.
No Brasil, o destino do câmbio segue atrelado às perspectivas para a pandemia e a política fiscal. O dia foi de análise a possíveis desdobramentos no governo e no Congresso da carta aberta divulgada no fim de semana e assinada por mais de 200 economistas e empresários, na qual eles cobraram definições para combate à pandemia e para reorganização econômica e fiscal.
O banco francês Société Générale reiterou expectativa de mais depreciação cambial diante de uma combinação entre "fracos elementos domésticos" e "ambiente externo menos favorável".
"(Presidente) Bolsonaro deveria se concentrar nos próximos trimestres em reverter sua rápida queda de popularidade e (reverter) sua estratégia política de intervencionismo e populismo", disseram profissionais do Société em relatório sobre perspectivas para o segundo trimestre.
"O recente tom 'hawkish' do Banco Central e ações (de política monetária) provavelmente vão evitar uma depreciação ainda mais drástica (do real), mas o mercado 'uber hawkish' pode ficar decepcionado com o atual ciclo de aperto monetário", completaram.
O Société estima que o dólar terminará junho em 6,20 reais, fechará o terceiro trimestre em 6,40 reais, encerrará o ano em 6,60 reais e concluirá março de 2022 valendo 6,40 reais.
Arrecadação de março já deve sentir impacto do recrudescimento da pandemia, diz Guedes
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira que os primeiros dados da arrecadação federal de março mostram que as receitas estavam mantendo o "ritmo" verificado em fevereiro, quando o recolhimento de tributos foi recorde, mas que os números da segunda quinzena do mês, e também os de abril, já devem sofrer o impacto do recrudescimento da pandemia.
"Evidentemente, daí para a frente, com recrudescimento da pandemia, pancada na economia brasileira, é evidente que devemos sofrer algum impacto", disse Guedes.
O ministro voltou a falar sobre a importância da vacinação em massa, ressaltando que ela é o único caminho para garantir o retorno seguro das pessoas ao trabalho, particularmente os mais vulneráveis.
O ministro disse que, além do auxílio emergencial, é obrigação do governo garantir a vacinação em massa nos "próximos três, quatro meses".
A arrecadação federal teve crescimento real de 4,3% em fevereiro sobre o mesmo mês do ano passado e somou 127,7 bilhões de reais, melhor resultado desde o início da série da Receita, em 2000. O recolhimento do bimestre, de 308 bilhões de reais, também foi recorde.
Arrecadação federal tem melhor resultado para o primeiro bimestre desde 2000, diz Receita
BRASÍLIA (Reuters) - A arrecadação federal registrou crescimento real de 4,3% em fevereiro sobre o mesmo mês do ano passado, somando 127,7 bilhões de reais, mostraram dados da Receita Federal divulgados nesta segunda-feira.
O resultado veio acima da expectativa de arrecadação de 124,9 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters com analistas.
No acumulado dos dois primeiros meses do ano, a arrecadação avançou 0,81% em termos reais, a 308 bilhões de reais. Em nota, a Receita afirmou que o dado de fevereiro e o do bimestre foram os melhores para os respectivos períodos desde 2000.
De acordo com o órgão, o resultado de fevereiro reflete fatores não recorrentes, como recolhimentos extraordinários de 6,5 bilhões de reais do IRPJ/CSLL em janeiro e fevereiro de 2021. As compensações tributárias, por outro lado, aumentaram em 83% em fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado e 51% no período acumulado.
O órgão também pontua que, sem considerar os efeitos de fatores não recorrentes, além da alteração do PIS/Cofins cobrado sobre combustíveis, verifica-se acréscimo real de 6,23% no mês de fevereiro, e acréscimo real de 4,67% no bimestre.
Joice propõe que presidente possa perder cargo por “incapacidade mental”
É crítica de Jair Bolsonaro mas não o cita no projeto (poder360)
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) está pedindo a colegas apoio para uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que permita que presidentes da República percam o cargo em caso de “incapacidade mental”.
Quando foi eleita em 2018, Joice era uma das principais aliadas de Jair Bolsonaro. Chegou a ser líder do Governo no Congresso. Depois, rompeu com o presidente da República e passou a fazer críticas ao trabalho dele.
Na prática, a proposta daria ao general Hamilton Mourão, atual vice, a possibilidade de ao menos suspender Bolsonaro e colocar em risco o mandato do presidente da República.
Joice, porém, não cita Bolsonaro na justificativa do projeto. Enumera casos em que teria sido observada esse tipo de incapacidade em governantes, como a rainha Maria 1ª, a “Maria Louca”. Ela comandou Portugal, e o Brasil colônia, de 1777 a 1816.
A PEC defendida por Joice (leia a íntegra, 112 KB) estipula que o vice-presidente da República, junto com 1/4 dos ministros, possa notificar os presidentes de Câmara e Senado de que o chefe do Executivo “está mentalmente incapacitado para o exercício do cargo”.
O presidente teria 15 dias para contestar a atitude do vice e dos ministros. Mas ficaria suspenso do cargo.
Para o afastamento definitivo seriam necessários 2/3 dos votos de deputados e 2/3 dos senadores. A votação seria nominal, quando é possível saber como votou cada congressista. O prazo para a análise do Congresso seria de 30 dias.
Para que uma PEC seja apresentada são necessárias assinaturas de ao menos 171 deputados. A proposição do texto, porém, está longe de ser garantia de que a proposta saia do papel.
PECs são o tipo de projeto de aprovação mais difícil. Precisam de 3/5 dos votos tanto de senadores quanto de deputados, em 2 turnos. Leis ordinárias e medidas provisórias, por exemplo, precisam apenas da maioria dos presentes em cada Casa no dia da votação.