Paulo Moura: Com retorno da calmaria no mercado, é hora de Bolsonaro prosseguir com as necessárias reformas
Ibovespa sobe nesta 3ª feira, com forte alta nas ações da Petrobras
Ordinárias sobem mais de 5%; Preferenciais, mais de 6%; Estatal representa 11% do Ibovespa (no Poder360)
As ações da Petrobras têm forte recuperação nesta 3ª feira (23.fev.2021) e puxam o Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), para cima. Às. 11h30, o índice tinha alta de 1,11%, aos 113.916 pontos.
As ações ordinárias da estatal subiam 5,29%, aos R$ 22,69. As preferenciais tinham alta de 5,97%, aos R$ 22,73.
A Petrobras responde por 11,05% do Ibovespa, a maior empresa do índice. Na 2ª feira (22.fev.2021), as ações caíram 20,48% (ordinárias) e 21,51% (preferenciais), custando à empresa R$ 76 bilhões em valor de mercado.
A forte queda da véspera se deve à troca do comando da companhia. O presidente Jair Bolsonaro anunciou na última 6ª feira (19.fev.2021) que demitiria Roberto Castello Branco. Assumirá o general Joaquim Silva e Luna.
O mercado interpretou como uma interferência do Poder Executivo na estatal. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) analisa o caso. Em relatório publicado nesta 2ª (22.fev), a UBS classificou o movimento do mercado como “exagerado”.
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Se tivermos que fazer mudanças na Petrobras, nós faremos, diz Bolsonaro
Tem muita coisa errada na estatal, diz; Silva e Luna vai dar uma “arrumada” (Poder360)
O presidente Jair Bolsonaro na portaria do Palácio do Alvorada, na manhã desta 3ª feira, conversando com apoiadores
O presidente Jair Bolsonaro negou nesta 3ª feira (23.fev.2020) que tenha interferido na política de preços da Petrobras. Mas disse que, se tiver que “fazer mudança”, o novo chefe da estatal indicado por ele, general Silva e Luna, assim fará.
“Vocês vão ver como a Petrobras vai melhorar. Assim como, se tivermos que fazer mudança, nós faremos”, afirmou ele em conversa com apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada, em Brasília.
Para Bolsonaro, há muita coisa “errada” na gestão da estatal. Afirmou que Silva e Luna vai dar uma “arrumada“, sem dar detalhes de quais mudanças serão feitas.
O presidente tem reclamado publicamente dos constantes aumentos de preços anunciadas pela petrolífera em 2021. Investidores do mercado financeiro reagiram negativamente às falas dele temendo uma mudança na política de preços da estatal, que tem capital misto (parte das ações são do governo e outra parte é do setor privado).
Os papéis da companhia caíram cerca de 20% na 2ª feira (22.fev). Já nesta 3ª feira, abriram em alta de 7,55% (R$ 23,07), mas sem recuperar o patamar perdido nos últimos dias.
Bolsonaro tem dito que não pediu nenhuma alteração nos preços dos combustíveis, mas quer maior transparência e previsibilidade quanto aos reajustes.
Aos apoiadores, o presidente criticou a imprensa porque parte dela tem noticiado “uma interferência dele” na estatal, que ele nega.
“Não vem a imprensinha. Não vai dar certo. É o seguinte, eu falo para o ministro: quer perder o ministério? Seja elogiado pela Folha ou pela Globo. Parte da imprensa está com crise de abstinência. Acabou”, afirmou.
Bolsonaro indicou na 6ª feira passada (19.fev) Luna e Silva, atual diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa do governo Michel Temer (MDB), para comandar a Petrobras. A decisão precisa do aval do Conselho de Administração da empresa.
A conversa com apoiadores foi divulgada pelo canal Foco do Brasil. Assista (12min02s):
Após queda histórica, 82% das grandes indústrias pretendem investir em 2021
Em 2020, apenas 69% investiram; Informação é de pesquisa da CNI (Poder360)
Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta 3ª feira (23.fev.2021) mostra que 82% das grandes empresas pretendem investir neste ano.
A expectativa para 35% desses investimentos é em melhorias do processo produtivo e 33% para o aumento da capacidade de produção, com a aquisição de novas máquinas e tecnologias.
“Essa alta sinalização sugere a expectativa de consolidação da forte recuperação da atividade industrial após o período mais crítico da pandemia”, diz a CNI na pesquisa, realizada com 462 empresas de grande porte, de 4 a 15 de janeiro de 2021.
Para 15% dos empresários industriais, o principal objetivo é manter a capacidade produtiva e, para 11% deles, introduzir novos produtos.
Em 66% dos casos, independentemente do objetivo do investimento previsto, há a expectativa de aquisição de máquinas. Além disso, o percentual do investimento voltado principalmente para o mercado doméstico aumentou de 36% para 39%, mas, de acordo com a CNI, segue abaixo da média histórica, de 42%.
Entre as empresas que não pretendem investir, 35% afirmaram que não há necessidade, 33% optaram por não fazer os investimentos e 33% não conseguem investir.
INVESTIMENTOS EM 2020
O documento mostra também que o ano passado começou e terminou fora da curva. Em 2020, 84% das empresas pretendiam investir, um percentual acima dos anos anteriores. No entanto, apenas 69% conseguiram de fato investir devido à pandemia. Trata-se de um dos menores registros na história da pesquisa, superando apenas o percentual de 2016, que foi de 67%.
De acordo com a CNI, a redução dos investimentos no ano passado ocorreu em grande parte pelo alto custo dos insumos e pela reavaliação do mercado doméstico como destino dos produtos. “Ambos são influenciados diretamente pela pandemia de covid-19, que restringiu a demanda por produtos industriais, trouxe oscilação para o câmbio e pressionou custos”, diz o estudo.
Mais de 3/4 das grandes empresas que investiram em 2020 adquiriram máquinas ou equipamentos (76%); desses, 23% compraram máquinas usadas. Pouco mais de 2/3, ou 68%, realizaram manutenção ou atualização de máquinas em 2020. Já 33% investiram em pesquisa e desenvolvimento, 30% na capacitação de pessoal, e 24% na melhoria da gestão do negócio. Os percentuais são próximos aos observados em 2019.
Além disso, a falta de alternativas de financiamento de terceiros causou impacto nos investimentos. Nos últimos 6 anos, cerca de 70% dos recursos empregados nos investimentos são recursos próprios das empresas. Em 2020, o percentual ficou em 72%, idêntico ao de 2019.
Em 2020, a participação de bancos comerciais privados nos investimentos industriais ficou em 13%, um ponto percentual abaixo do registrado em 2019. A participação de bancos oficiais de desenvolvimento foi de apenas 7%. Outras fontes de financiamento, como bancos comerciais públicos, financiamento externo e construção de parcerias ou joint ventures somam 8%.
Com informações da Agência Brasil.