Alerta na economia: o mercado já sente que estamos caminhando para a hiperinflação

Publicado em 13/11/2020 18:23 e atualizado em 14/11/2020 07:36
Entrevista com Antônio da Luz - Economista-chefe da FARSUL (Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul)
Antônio da Luz - Economista - FARSUL
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O mercado financeiro já sentiu o "cheiro de sangue" do aumento da inflação no Brasil, pois percebe que, devido aos gastos com o auxilio emergencial, o Governo se vê obrigado a gastar mais do que consegue arrecadar. O desequilíbrio fiscal está levando o País ao estágio da "dominância fiscal" -- quando um País (uma sociedade) não se consegue mais custear suas despesas.

Os tradicionais financiadores da dívida brasileira (grandes bancos) estão, em consequência, diminuindo a compra de títulos brasileiros. Como o Brasil não consegue mais rolar suas dívidas com facilidade (a menor custo), o próximo passo será o Banco Central  imprimir dinheiro para manter o custeio da máquina pública. A ciranda financeira desembocará, invitavelmente, numa hiperinflação (aos moldes venezuelanos), com a economia se aproximando de um risco de "default" (calote).

O diagnóstico, duro mas necessário, está sendo feito pelo economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz (representante do Agro na Pesquisa Focus do Banco Central), para quem a solução da grave crise economica (causada pela pandemia do coronavirus) passa pelo corte imediato de qualque possibilidade de se manter novo auxilio emergencial (mesmo com possibilidade de o País ter de enfrentar uma 2a. onda da Covid-19).

--"Mais do que isso, temos de vender as estatais (parar de gastar, e gerar receita), nos afastar de politicos gastadores (centrão), e promover reformas estruturantes que nos tirem da beira dessa hiperinflação", diz o economista da Farsul).

Antonio da Luz não aceita o dilema de salvar as familias (20 milhões) que estarão desassistidas a partir de janeiro, com o encerramento do programa de Auxilio Emergencial.

-- "Não podemos adotar meia solução; temos de cortar despesas em todos os níveis da máquina pública; precisamos da reforma administrativa para cortar privilégios em todas as instancias; não é mais possivel convivermos com altos salários do Judiciário, por exemplo, onde integrantes desse Poder se acham no direito de ter férias de 60 dias... o País não suporta mais esse tipo de despesas...".

-- "Precisamos evitar decisões fáceis, politicas populistas, que desembocam em crises permanentes, com as da Argentina", diz Antonio da Luz, apontando que as eleições municipais deste domingo, 15 de novembro, mostram uma oportunidade para os cidadãos conscientes escolherem seus candidatos, principalmente os vereadores, à luz de um politica de responsabilidade fiscal.

-- "É comum ouvirmos reclamações sobre o custo do Congresso, pois saibam que as Câmaras de Vereadores nos custam o triplo; e enquanto não chega a reforma politica, que pelo menos coloquemos nessas cadeiras municipais pessoas que defendam o equilibrio fiscal, e não a gastança", encerra o economista. (acompanhe o depoimento completo no vídeo acima).

Bolsonaro diz que não pode baixar impostos por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em conversa com apoiadores nesta sexta-feira, que não pode baixar mais impostos no Brasil porque é impedido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

"O Brasil tem uma carga tributária enorme. Não tenho como diminuir de uma hora para outra, alguns querem que diminua mas tem uma Lei de Responsabilidade Fiscal que me impede de fazer isso daí", afirmou.

A LRF, na verdade, prevê que todas as despesas do governo precisam ter as fontes de receita previstas e qualquer renúncia fiscal precisa ter seu impacto calculado e o orçamento recomposto de alguma forma.

A lei não impede per se a redução de impostos, mas prevê que, se houver, o governo também terá que reduzir as despesas.

Bolsonaro, no entanto, afirmou que não houve aumento da carga tributária em seu governo. O presidente tem negado que vá autorizar qualquer criação de novo imposto, apesar de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda insistir na criação de um imposto nos moldes da CPMF para bancar a desoneração da folha de pagamento das empresas.

"No meu governo nada, nenhuma carga tributária. Pelo contrário, quase 700 produtos aí de combate ao vírus teve imposto zerado", afirmou o presidente.

Dólar vai cair assim que voltarem investimentos externos em massa, diz Guedes

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que o câmbio vai descer assim que voltarem em massa os investimentos externos para o país.

"Aí é garantia que Brasil finalmente retomou crescimento", disse ele ao participar virtualmente do Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX).

Ele avaliou que a combinação atual de juros baixos e um dólar no patamar de "5, 5 e pouco" reais está impulsionando as exportações, apesar da crise.

Guedes também voltou a dizer que o plano A do governo é chegar ao fim do ano e encerrar o auxílio emergencial, aterrissando em seguida no Bolsa Família, já que não há no momento consenso político para formatação de um novo programa de transferência de renda que consolide iniciativas já existentes num só benefício.

"Enquanto essa discussão não estiver estabelecida, e ela não está, o que vai acontecer é voltar para o Bolsa Família e acabou", disse ele. "Não vamos fazer aventura, não vamos gastar o que não pudermos."

Campos Neto (BC) destaca elevação mais recente em prêmios de risco das LFTs após acomodação

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira a elevação mais recente nos prêmios de risco das LFTs --títulos pós-fixados atrelados à Selic--, embora não ao patamar atingido no fim de setembro.

Em apresentação exibida no FGV CEO Club, ele voltou a apontar o risco fiscal associado ao país ao falar do comportamento da curva de juros.

O presidente do BC mostrou um gráfico que aponta a franca elevação dos prêmios de risco das LFTs no mês de setembro, atingindo um pico ao fim daquele mês. Dali em diante houve uma queda em outubro, mas os prêmios voltaram a subir no mesmo mês, ainda que não na mesma magnitude.

Campos Neto reiterou na apresentação a mensagem de política monetária de que as condições para a orientação futura (forward guidance) seguem satisfeitas, dando respaldo à postura de não elevação dos juros básicos.

Nesse sentido, ele voltou a citar que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação do cenário básico do BC, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária. Além disso, o regime fiscal não foi alterado e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.

Atualmente, a Selic está na mínima histórica de 2% ao ano e as mensagens do BC têm sedimentado apostas de que ela entrará 2021 neste nível. A próxima e última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano acontecerá nos dias 8 e 9 de dezembro.

Na apresentação, Campos Neto também apontou que deverá haver mudança nas cadeias globais de valor no mundo pós-coronavírus, com tendências de estruturação interna, regionalização, replicação e diversificação.

"Há desafios mas também oportunidades, sobretudo para indústrias regionais e serviços digitais", indicou.

Justiça manda União conceder auxílio a atingidos por blecaute no Amapá

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A Justiça Federal do Amapá deu prazo de mais sete dias para o restabelecimento total da energia no Estado e também determinou que a União conceda o pagamento de 1.200 reais às famílias carentes atingidas pelo blecaute.

O juiz João Bosco Costa Soares da Silva, da 2ª Vara Federal de Macapá, determinou que a União viabilize em dez dias o pagamento de auxílio emergencial de 600 reais, por dois meses, especificamente às famílias carentes residentes nos 13 municípios atingidos pelo "apagão".

O pagamento deve seguir os termos do chamado "coronavoucher", como ficou conhecido o pagamento do auxílio em função da pandema, conforme a lei 13.982/2020, disse o juiz.

Além disso, a decisão garantiu prazo adicional para que a empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), controlada pela Gemini, restabeleça de forma integral o fornecimento de energia elétrica no Amapá, Estado que enfrenta as consequências de um blecaute há mais de dez dias.

O magistrado ainda fixou, em caso de descumprimento, uma multa de 50 milhões de reais, acrescentando em decisão desta sexta-feira que as autoridades devem atuar para encerrar o racionamento de energia pela distribuidora.

A Advocacia Geral da União (AGU) foi procurada por email para comentar, mas não respondeu de imediato.

A decisão atende a pedido apresentado em ação popular movida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Até quarta-feira, o fornecimento de eletricidade no Amapá havia sido 80% retomado, depois de um blecaute que começou a impactar o Estado na noite de terça-feira da semana passada.

Antes, a Justiça havia dado três dias para normalização do suprimento, um prazo que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, havia qualificado como impraticável.

O juiz também permitiu o desbloqueio de 50 milhões de reais das contas da LMTE, por entender que determinação nesse sentido seria de competência da Justiça estadual.

A empresa é a responsável por uma subestação onde um incêndio atingiu transformadores, no que tem sido apontado como a causa de origem do blecaute.

O Amapá sofre com os problemas elétricos desde dia 3, quando chegou a ficar com apenas 10% da carga. No momento, o fornecimento ainda ocorre por esquemas de rodízio, segundo o governo estadual.

Em meio a esse cenário, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, decidiu adiar a realização da eleição municipal na capital estadual, Macapá, até o restabelecimento dos serviços.

Ele citou riscos de segurança devido a um citado aumento da criminalidade desde o início da falta de luz.

A estatal Eletronorte, subsidiária da Eletrobras que atua principalmente no Norte do país, tem apoiado os esforços para permitir a volta da energia, com a cessão de funcionários e equipamentos.

Além disso, o governo federal autorizou, via Ministério do Desenvolvimento Regional, o repasse de 21,5 milhões de reais para apoiar as operações com locações de geradores de energia e para arcar custos de combustíveis.

A Eletronorte ainda foi autorizada a realizar contratação emergencial de duas termelétricas para apoiarem a geração local.

Em carta à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a estatal disse entender que todos custos com essas operações serão contabilizados para posterior reembolso à companhia, com ressarcimento integral.

Dólar sobe 1,6% ante real em semana de maior volatilidade

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou perto da estabilidade ante o real nesta sexta-feira, mas não sem antes exibir gangorra similar à dos últimos dias, ao fim de uma semana em que a moeda acumulou valorização em meio a aumento de volatilidade.

O dólar à vista registrou variação negativa de 0,07% nesta sexta, para 5,4754 reais. Ao longo do pregão, a divisa oscilou entre 5,527 reais (+0,87%) e 5,4506 (-0,52%).

Na semana, a cotação subiu 1,58%, devolvendo parte do tombo de 6,07% da semana anterior, quando ocorreram as eleições norte-americanas.

O real viu elevação de volatilidade implícita na semana, saindo de 16,6% para 18,2%. Dentre as principais divisas emergentes, apenas a combalida lira turca exibiu maior instabilidade.

O dólar bateu as máximas desta sexta por volta de 13h e, desde então, passou a perder força, em movimento similar ao visto pelo índice da divisa norte-americana no exterior. Mas o real seguiu atrás de vários de seus pares neste pregão, a exemplo de dias anteriores, afetado pelo aumento de receios fiscais no Brasil e pela contínua demanda por dólares para desmonte de operações de "overhedge".

O real caiu cerca de 1,6% ante o peso mexicano apenas nesta sessão e, na semana, recuou 2,75%. A comparação da moeda brasileira com a mexicana é vista como um bom termômetro da avaliação de investidores internacionais sobre o câmbio doméstico. O real segue próximo de mínimas em mais de 16 anos contra o peso.

Um dos pontos cruciais contra o câmbio é de ordem fiscal, com o mercado ainda receoso sobre o futuro do teto de gastos e frustrado com a lentidão da agenda de reformas econômicas. Citando justamente problemas relacionados às contas públicas, o Itaú Unibanco elevou nesta sexta-feira de 4,50 reais para 5,00 reais o prognóstico para a taxa de câmbio nominal ao fim de 2021.

Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que o desalinhamento negativo da taxa de câmbio no Brasil voltou a aumentar no fim do terceiro trimestre e a ficar entre os maiores já vistos nos últimos anos.

"A persistência do desalinhamento frente a uma melhora consistente dos fundamentos ao longo de 2020 nos leva a reiterar que a desvalorização do real tem sido ocasionada principalmente por fatores de risco relacionados tanto à pandemia quanto à situação fiscal", disse Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV EESP) e um dos autores do estudo, de divulgação trimestral.

Além do tema fiscal, a pressão sobre o câmbio tem se mantido diante da demanda por dólares decorrente de ajustes no "overhedge" --proteção cambial adicional adotada por bancos e cuja eficiência foi colocada em xeque diante de mudanças, anunciadas neste ano, em regras tributárias. Essa correção pode implicar compra de no mínimo 15 bilhões de dólares até o fim do ano, segundo cálculos de algumas instituições financeiras.

"A compra de dólar futuro hoje é antecipação de zeragem de 'overhedge'. Por isso o DI está, ainda, bem-comportado, assim como a bolsa", comentou Vitor Péricles, economista e sócio-gestor da LAIC-HFM Gestão de Recursos.

O dólar futuro, cujas operações encerram às 18h15, subia 0,26% às 17h06, para 5,4760 reais.

As taxas de DI caíram cerca de 4 pontos-base nesta sessão, e o Ibovespa saltava 1,9% a cerca de uma hora do fechamento no mercado à vista.

Itaú eleva a 4% projeção para aumento do PIB em 2021; vê dólar a R$ 5 no ano que vem

SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco aumentou de 3,5% para 4,0% a expectativa de crescimento da economia brasileira em 2021, com cenário de retomada do consumo no setor de serviços, enquanto elevou a previsão para o dólar ao fim do ano que vem de 4,50 reais para 5,00 reais, diante da elevada incerteza fiscal.

De modo geral, o banco avalia que a economia deverá se beneficiar de um menor risco de uma segunda onda de Covid-19 no Brasil "no curtíssimo prazo".

"Uma primeira onda mais prolongada, a sazonalidade favorável − com temperaturas mais elevadas no Hemisfério Sul − e avanços em testes para uma vacinação ao longo do primeiro trimestre de 2021 diminuem o risco de uma segunda onda do vírus no curtíssimo prazo", afirmou o Itaú em nota divulgada nesta sexta-feira e produzida pela equipe de pesquisa macroeconômica do banco, chefiada por Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central.

"Como a ocupação hospitalar segue controlada, entendemos que ainda é possível continuar a reabertura gradual da economia com relativa segurança", completou.

Para 2020, o Itaú melhorou a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% para 4,1% e aumentou também a perspectiva para o desempenho do PIB no terceiro trimestre --para alta de 9,0% ante o segundo trimestre (com ajuste sazonal), ante previsão anterior de expansão de 8,3%. Nos últimos três meses de 2020, a economia avançará 2,5% na mesma base de comparação, conforme as estimativas do banco.

A melhora nos prognósticos do Itaú para a economia veio no dia em que o BC informou aumento do IBC-Br acima do esperado para setembro. Outros bancos também revisaram estimativas.

Mas o Itaú alertou que o país continuará enfrentando riscos do lado fiscal.

"O risco fiscal... permanece elevado e deve seguir assim especialmente até a aprovação do Orçamento de 2021", disse o Itaú, projetando déficits primários de 11,7% do PIB em 2020 e de 2,5% do PIB em 2021.

Faltando apenas mais duas leituras neste ano, o banco privado projeta alta de 3,5% na inflação medida pelo IPCA em 2020, com revisão da projeção para 2021 de 2,8% para 3,1%, incorporando menor apreciação cambial no próximo ano.

Sobre a taxa de juros, o Itaú vê a Selic permanecendo em 2,0% até perto do fim de 2021, quando seria elevada para 3,0%. "Há risco, no entanto, na ausência de uma solução satisfatória para o dilema fiscal do Brasil, de alta antecipada", concluiu o banco.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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