Depois da Covid, Inflação em alta... mas a economia reage com aumento nas vendas de veículos
Inflação mais alta no curto prazo era esperada, mas magnitude foi maior, diz BC
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, reforçou nesta sexta-feira que a inflação mais alta no curto prazo já era esperada pelo BC e já havia sido comunicada na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro. "Mas essa magnitude dessa alta de preços foi maior do que a gente esperava, sobretudo em alimentos. A transmissão do câmbio para a inflação (pass through) é relativamente grande, com um movimento inesperado das commodities em reais", admitiu, em participação no evento Macro Vision 2020 organizado pelo banco Itaú.
Ele reafirmou que esse efeito de curto prazo na inflação deve ser temporário e não deve influenciar a política monetária. "Houve um pouco de ruptura na oferta no começo da pandemia e uma demanda 'super inchada' nas classes mais baixas devido ao auxílio emergencial. Essas classes têm um consumo superior ao que havia antes da pandemia em bens duráveis. E isso também é temporário", completou.
Kanczuk acrescentou que, apesar da pressão inflacionária nos meses à frente, o horizonte relevante do BC já está olhando para 2021 e 2022. "Deve haver uma retração dessa demanda artificial com a retirada do auxílio emergencial, e isso trará de volta o retorno do hiato grande do produto e a queda nos preços. Por enquanto estamos super tranquilos", concluiu.
Forward guidance
O diretor de Política Econômica do Banco Central disse que a discussão de medidas que burlam o teto de gastos - como o uso de recursos do Fundeb e o adiamento de precatórios para o pagamento de programas sociais - aumentaram a chance do Copom retirar o forward guidance da decisão de política monetária. "Mais recentemente, Fundeb e precatórios tiveram um impacto na parte curta da curva de juros, e isso sim pode eliminar o forward guidance do Copom", afirmou.
Ainda assim, como essas iniciativas não prosperaram politicamente, o Copom comunicou em sua última decisão que as condições do forward guidance seguem satisfeitas. O Copom alertou, porém, que apenas a "manutenção nominal" do teto não será suficiente para manter o instrumento de prescrição futura, caso a trajetória da dívida bruta piore em decorrência de medidas de descontrole fiscal.
BC está "supertranquilo" com inflação e não vê motivação para política monetária diferente, diz Kanczuk
BRASÍLIA (Reuters) - Há pressão inflacionária corrente na economia brasileira, mas o Banco Central não vê o movimento adentrando 2021 e 2022, razão pela qual segue "supertranquilo", indicou o diretor de Política Econômica da autarquia, Fabio Kanczuk, nesta sexta-feira.
"Isso não deve fazer política monetária ser diferente", disse ele em participação online no evento Itaú MacroVision. "Na nossa leitura, é algo temporário."
Kanczuk destacou que parte da inflação de curto prazo mais alta já era esperada pelo BC conforme foi comunicado em setembro. Ele reconheceu que a magnitude do avanço foi maior, mas frisou que isso não deve constituir um problema para os próximos dois anos --horizonte relevante para a política monetária--, já que o BC prevê retração da demanda "semiartificial" impulsionada pelo auxílio emergencial, com volta do hiato do produto e dos preços.
"Antes da pandemia a gente estava com hiato grande e estava com a inflação muito baixa. Então o cancelamento da pandemia voltaria para essa situação onde a inflação baixa era um problema, e não inflação alta", frisou.
"Na cabeça do Banco Central as coisas estão acontecendo meio como a gente esperava", disse. "A gente está de olho, até porque é nosso trabalho ver em que sentido isso se manifesta no resto dos preços, mas por enquanto, supertranquilo."
Produção de veículos sobe 7,4% em outubro contra setembro, mas recua na comparação anual
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria automotiva do Brasil elevou a produção em 7,4% em outubro ante setembro, para 236.468 veículos, melhor desempenho mensal do ano, mas na comparação com o mesmo mês do ano passado houve queda de 18% no volume montado.
As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos subiram 3,5% na comparação mensal, mas recuaram 15,1% na relação anual, para 215.044 unidades, melhor resultado do ano, segundo dados informados nesta sexta-feira pela associação de montadoras, Anfavea.
As exportações somaram 34.882 veículos montados, 14,3% mais que em setembro e 16,4% mais que em outubro de 2019.