Agro BR x Eleições Americanas: Protagonismo do Brasil está consolidado independente do resultado em 2020
Podcast
Entrevista com Andrea Cordeiro - Consultora de Mercado sobre as Eleições Presidenciais Americanas
Emnbora os produtores - sejam eles brasileiros ou americanos - estejam de olho nas previsões climáticas para darem andamento a sesu trabalhos de campo, em 2020 a atenção se divide também com as eleições presidenciais norte-americanas que acontecem neste ano. O candidato democrata Joe Biden vem perdendo espaço para Donald Trump e sua vantagem contra o republicano vem se diminuindo a cada semana, de acordo com as pesquisas, e esse é um fator que já está presente no radar dos traders, porém, de forma ainda tímida.
"Em todos esses anos em que Trump tem estado como presidente perdeu um ou outro apoio, mas é muito forte entre um tipo de população. Uma população conservadora, extremamente religiosa, de pequenas cidades que querem manter a tradição, enfim, é basicamente o agro. E ele é muito forte nestes centros", explica Andrea Cordeiro, consultora de mercado em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (15).
A consultora detalhou e analisou os dois cenários, com a vitória dos dois candidatos e acredita que, independente do resultado, o protagonismo do Brasil como maior exportador mundial de soja está mantido.
Com a reeleição do republicano, as relações entre China e Estados Unidos deverão permanecer desalinhadas e as tensões em ascensão, o que faria com que a guerra comercial continuasse, com um volume até maior de discussões. "Hoje, a China está no mercado norte-americano porque não há outra coisa a se fazer. A soja do Brasil acabou. Estamos muito comercializados, com prêmios de 70 a 75 cents acima para março de 2021, de 30 a 35 acima para março de 2022, e ela não pode correr o risco do desabastecimento", explica. Assim, passada a transição da safra, na perspectiva de Andrea, a nação asiática se voltaria ao mercado brasileiro.
A consultora afirma também que Trump busca manter o dólar forte frente às demais moedas, fator que também favorece o Brasil diante da maior competitividade que se pode garantir em um cenário cambial como este.
Já com a vitória do democrata, as relações entre EUA e China poderiam ficar melhor alinhadas e levar parte da demanda do Brasil para o mercado americano. Mais do que isso, Andrea acredita que o dólar poderia não estar tão alto com um governo Biden e também comprometer a competitividade nacional. "Não é que a China vá descartar o mercado do Brasil, mas nós não ficaríamos tão competitivos, porque uma política de um governo democrata permite um dólar não tão valorizado. Em paralelo, prêmios um pouco mais enfraquecidos e um mercado com negócios mais equilibrados", explica.
Com a disputa acontecendo em meio à pandemia do novo coronavírus - e Donald Trump deixando sua posição bem clara em relação à doença e à China - a forma como os candidatos enfrentam e lidam com a atual condição e o atual movimento da economia norte-americana - e global - pode ser o grande diferencial da corrida presidencial.
"Embora as eleições aconteçam somente em 3 de novembro, no final de setembro, começo de outubro, já podemos começar a ver grandes emoções e grande volatilidade e posicionamento do público eleitor. Assim, precisamos estar muito vigilantes. É muito importante para que a origem brasileira tenha que ter um olho no que está acontecendo aqui e outro sobre o que está acontecendo lá fora. E acho que essas eleições podem gerar stress, inclusive, na parte cambial", conclui.