Marcello Brito (ABAG), diz que campanha internacional "DefundBolsonaro" é "horrenda" e tenta dividir o Agro
Recentemente, a campanha internacional "DefundBolsonaro", além de atacar o agronegócio, difamou também a imagem pessoal de representantes do país, como o presidente Bolsonaro e a ministra da agricultura, Tereza Cristina. Veja abaixo algumas das artes que fazem parte da campanha:
A campanha gerou reações de instituições ligadas ao agronegócio brasileiro, dentre elas está a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). Marcello Brito, presidente do conselho diretor da Associação, em entrevista ao jornalista João Batista Olivi, explicou que o Brasil vive um momento muito complicado na manutenção de sua imagem em ambiente internacional.
Segundo Brito, a imagem externa do país está em sua pior fase e que o agronegócio é vítima de ações ilegais que ocorrem em áreas de preservação. "A preservação do meio ambiente, no caso a Amazônia, depende de seu desenvolvimento sustentável. Aonde há regularização, o desmatamento ilegal diminui", disse.
Veja também:
Notícias Agrícolas lança série que mostra polêmica entre a fome e a produção de alimentos
ABAG, Abiove e Ibá publicam manifesto contra a campanha internacional "DefundBolsonaro"
‘O valor da Amazônia tem de ser precificado’ , diz Rubens Ometto/Cosan
Rubens Ometto, empresário e Presidente do conselho de administração do Grupo Cosan disse a Sonia Racy (colunista do Estadão) que o “País tem de contra-atacar” os que o acusam de “estar poluindo tudo com queimadas”.
O Brasil “tem a matriz energética mais limpa do mundo”, e o mundo “está pendurado na Amazônia”. Juntando as duas frases, Rubens Ometto Silveira Mello chega a uma conclusão: “Não podemos entrar nessa armadilha de dizer que nosso País está poluindo tudo com as queimadas da Amazônia”.
Conhecido por sua ousadia em correr riscos, o empresário acha que o País precisa “contra-atacar”. Tem certeza de que “a Amazônia vale ouro” e adverte que “isso precisa ser precificado”. Como? “O Brasil deveria montar um sistema de divulgação” e calar produtores de fora “empenhados em enfraquecê-lo e em taxar suas exportações”.
Não é uma opinião casual.
“Binho”, como o chamam os amigos, vem de uma tradicional família de usineiros de Piracicaba, no interior paulista, e toca empresas do setor sucroalcooleiro, combustível, de gás e logística. Seu dia a dia é dedicado a comandar, como presidente do conselho de administração do Grupo Cosan, empresas como a Raízen, a Compass, a Rumo. Bem como as parcerias com a Shell e a Exxonmobil.
Nesta abertura da série Cenários – que vai ao ar nas redes sociais do Estadão e no Youtube do Banco Safra –, o empresário revela: “Estou escrevendo um livro para deixar documentadas as experiências que vivi”. Pretende registrar que tudo foi planejado detalhadamente – mas, que na verdade, “você vai construindo passo a passo, vendo oportunidades que surgem”. Futuro do ‘novo normal’? “O protecionismo deve se acentuar pelo mundo e temos que estar atentos.” Aqui vão trechos de sua conversa por Zoom.
• Em tempos de ‘novo normal’ – que nem sabemos o que é – como a Cosan reage às novas prioridades?
Estamos no agronegócio e na energia renovável. O Brasil tem grandes vantagens nos dois setores. Temos a matriz energética mais limpa do mundo, por meio de hidrelétricas, energia solar, energia eólica, do etanol que você adiciona à gasolina, do álcool que se usa diretamente nos carros flex fuel. Outra coisa marcante é a produção de grãos, somos o celeiro do mundo. E o Brasil tem solo, ótima qualidade da terra, chuva na hora correta. E temos a Amazônia. O mundo está pendurado na Amazônia. Ela é o maior sequestrador de carbono do planeta e produtora de oxigênio. Tem de ser muito valorizada.
• De que forma?
O Brasil tem de montar campanha. E não cair na armadilha de alguns países e empresas. Claro que você tem maus empresários, que praticam crimes na Amazônia, mas não é tudo isso que sai na imprensa. Eu vivi isso há 20 anos atrás, quando o etanol começou a crescer e o setor sucroalcooleiro foi muito atacado. Diziam que ele ia invadir a Amazônia – e nada disso aconteceu. Hoje, as empresas que fazem agronegócio em outras partes do mundo tentam arrumar uma taxação pra proteger seus produtores.
Acho que temos de contra-atacar. Essa Amazônia vale ouro para o mundo e isso precisa ser precificado. Tem muita gente lá fora que depende disso pra trabalhar e se sustentar.
• Pode dar exemplos concretos?
É o que a Cosan vem fazendo, por meio da Raízen – nossa sociedade com a Shell. Ela é a maior produtora mundial de açúcar e de etanol de cana. E o que estamos fazendo agora? A primeira planta mundial de álcool de segunda geração, o álcool celulósico. É etanol de palha de cana e bagaço de cana. Além disso, na nossa Usina Bonfim estamos produzindo o gás metano extraído da vinhaça, que vai entrar nos gasodutos pra alimentar a nossa Comgás e os nossos caminhões.
• Planos para o setor de gás?
Não posso comentar em razão do pedido de registro de oferta pública da nossa empresa de gás.
• O setor de logística?
A Rumo faz a ligação por trem de Santos a Rondonópolis. E acabamos de ganhar o ramal Norte-sul, que desce do Tocantins até Estrela d’oeste, depois liga a malha paulista até Santos e tem ferrovia indo pro Paraná, até o Rio Grande do Sul. Isso vai aumentar nossa fronteira agrícola.
• A imagem do País não é boa, em relação ao meio ambiente. Como vê isso?
Acho um absurdo, e é por falha nossa. Vou repetir: o Brasil deveria montar um sistema de divulgação internacional – nós na Cosan pretendemos fazer isso com a Shell. Temos de mostrar o quanto de bom estamos fazendo. Vou lhe dar um exemplo de como o marketing é importante. Pega o carro elétrico da Tesla e veja as emissões de toda a cadeia, incluindo a fabricação do carro e das baterias e a energia que alimenta a bateria. Se levarmos tudo em conta, o carro a etanol emite menos gases de efeito estufa por quilômetro rodado do que o da Tesla.
• Mesmo usando hidrelétrica, em lugar de termoelétrica?
Sim. Na Noruega, cuja matriz energética é quase toda de hidrelétricas, um carro elétrico emite perto de 100 gramas de CO2 por quilômetro rodado. O carro a etanol hidratado emite menos que isso no Brasil. E você ainda tem no mundo todo muita energia elétrica produzida via óleo diesel, carvão, reatores nucleares...
• Dá pra se fazer uma proposta viável pra ninguém mexer em floresta?
Acho que dá, sim, pra montar um modelo no qual a gente poderia levantar muito dinheiro e criar um programa de desenvolvimento sustentável na Amazônia.
E fazer o nosso marketing, não é? Por que a Califórnia paga mais pelo nosso etanol? Por que a Shell paga mais pelo etanol de 2.a geração? Por que o Japão compra álcool neutro brasileiro? A nossa empresa, veja só, exporta 100% do etanol produzido. (Sonia Racy/Estadão)