Argentina: intervenção na Vicentin será uma exceção?

Publicado em 09/06/2020 15:44 e atualizado em 09/06/2020 17:05
Mesmo diante das atuais condições da economia global, Troster acredita que dólar deve cair abaixo de R$ 4
Roberto Troster - Economista

Podcast

Argentina: intervenção na Vicentin será uma exceção?

 

Download

O governo da Argentina anuncio que vai intervir na Vicentin, uma das maiores empresas de soja do país. Com uma recuperação judicial em aberto e em "default" desde o final de 2019, o presidente Alberto Fernández anunciou que tentará intervir na administração da empresa para evitar a falência. Porém, antes de ser efetivada, a intervenção precisa ser aprovada pelo Congresso argentino. Para o economista Roberto Troster, a decisão de Fernández é uma excessão que visa garantir cerca de 7 mil empregos. "Esse parece ser um movimento para evitar o desemprego, não vejo essa decisão como uma tentativa de efetivar um governo comunista na Argentina", disse Troster.

Em depoimento público, o presidente argentino disse que a Vicentin é uma empresa estratégica para o país. Além disso, a manobra de estatização pode dar mais previsibilidade e controle cambial, já que o país passa por uma grave crise econômica. "A probabilidade de calote é bem alta, já que em um primeiro momento a Argentina precisa de rendimento", considerou o economista.

Para o Brasil, Troster acredita que a melhora da economia depende das notícias vindas de Brasília. No entanto, ele alerta que o Banco Mundial indicou que a retração brasileira seria de 8%. "O déficit de transações correntes vem encolhendo e a menor demanda por dólar pode fazer o cãmbio chegar a R$ 4. Já o reflexo econômico de queda de 8%, isso não será para todos os setores. Alguns sentirão mais, outros menos, mas é uma situação preocupante".

 

Argentina busca mais divisas com expropriação da Vicentin, mas pode irritar mercados

BUENOS AIRES (Reuters) – A Argentina espera que seu projeto de expropriação da processadora de soja Vicentin possibilite obter uma maior fluidez no ingresso de divisas de que o país tanto necessita, mas a iniciativa pode afetar sua relação com os mercados.

Nesta terça-feira, foi publicado o decreto oficial para que o governo intervenha na empresa, principal exportadora de óleo e farelo de soja do país, um primeiro passo para a expropriação da companhia, medida que para o governo pode ajudar a lidar com a alta volatilidade do mercado de câmbio local nos últimos anos.

O país sul-americano é o principal exportador mundial de ambos os derivados de soja, e em 2019 obteve receita de 12,25 bilhões de dólares com as vendas dos produtos. A Vicentin pediu recuperação judicial em fevereiro, depois de entrar em “default” no final de 2019.

A presença de uma empresa estatal no setor agroexportador “pode dar mais previsibilidade ao mercado de câmbio na oferta de dólares, e evitar esses movimentos tão disruptivos que tivemos na história. É mais uma ferramenta”, disse o ministro do Desenvolvimento Produtivo argentino, Matías Kulfas, à Rádio Con Vos.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou na segunda-feira a intervenção na Vicentin e sinalizou que enviará ao Congresso um projeto de lei para expropriar a empresa.

O anúncio gerou surpresa no setor, bem como incerteza nos mercados.

O Citi publicou em relatório que acredita que “a decisão das autoridades sem dúvidas afetará a percepção sobre a simpatia do país em relação às empresas privadas.”

A câmara de empresas agroexportadoras e processadoras da Argentina, CIARA-CEC, expressou que “é importante que a futura estatal siga as mesmas regras do jogo e tenha as mesmas condições que as demais empresas”, embora tenha acrescentado que buscará articulação junto à companhia.

O analista independente Guillermo Mouliá disse que, além do choque gerado pela notícia, a Vicentin provavelmente não operará no mercado de grãos até que sua situação possa ser resolvida, apenas na temporada 2020/21.

(Reportagem de Maximilian Heath e Eliana Raszewski, com reportagem adicional de Nicolás Misculin e Hugh Bronstein)

Argentina anuncia estatização da maior empresa de soja do país, a Vicentin e deve assumir liderança na produção

O presidente da Argentina Alberto Fernández anunciou que assinou um decreto de necessidade e urgência que prevê a intervenção de 60 dias da empresa de cereais Vicentin. Ele também confirmou que o governo enviará ao Congresso um projeto de lei para desapropriar. “É uma decisão estratégica para a economia nacional”, disse o presidente, que garantiu que a empresa “estava a caminho da falência”.

O Presidente anunciou que todos os ativos do Grupo Vicentin farão parte de um grupo de confiança que será responsável pela YPF Agro. “Os argentinos precisam ser muito felizes porque estamos dando um passo em direção à soberania alimentar”, disse Fernández, falando de um mundo pós-pandemia que colocará a comida no centro da discussão.

Fernández observou que Vicentin é “um grupo de grande importância que já há algum tempo expressa uma enorme crise” e destacou que o plano é resgatar a empresa, proteger empregos e “que pequenos produtores possam continuar contando com uma empresa para vender o que produzem “. “Ter uma empresa testemunha no mercado de cereais é muito importante”, disse ele.

O chefe de estado indicou que a intervenção busca “tirar proveito da capacidade de gestão da YPF” e acrescentou que, se surgirem evidências de fraude do Estado durante a administração anterior, as denúncias pertinentes serão feitas perante a Justiça. “Esta não é uma empresa próspera que criamos para expropriar. É uma empresa que estava em falência preventiva”, esclareceu.

O que isso representa para o Brasil?

Com a estatização, a Argentina deverá liderar a produção de soja na América do Sul em pouco tempo, e vendendo para a China, que era o nosso principal parceiro comercial, mas deixou de ser, conforme relatado nesta segunda-feira.

A tendência será o Brasil passar a ter excedente de produção, sendo obrigado a vender com preço mais baixo no mercado internacional.

Com informações do Pagina12, da Argentina

Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street fecha em alta após dados de atividade
Ibovespa sobe e chega nos 129 mil pontos com Petrobras; tem ganho na semana
Dólar fecha estável antes de anúncios do governo na área fiscal
Dólar sobe e euro recua para menor cotação em dois anos após dados do PMI
STOXX 600 salta mais de 1% e atinge pico em uma semana com impulso do setor imobiliário
S&P 500 e Dow Jones atingem máximas de uma semana após dados de PMI dos EUA
undefined