Bolsonaro enfrenta e reverte desgaste com saída de Moro, e ganha apoio na Câmara

Publicado em 27/04/2020 16:22 e atualizado em 28/04/2020 06:54
análise de Renato Dias, do blog Ranking dos Politicos (politicos.org.br)
Renato Dias - Diretor Executivo do Site Ranking dos Políticos

 

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Entrevista com Renato Dias sobre a Necessidade de Bolsonaro ter 200 votos na Câmara

 

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Como consequencia de sua decisão de enfrentar  "de peito aberto" a crise provocada pela saída do ex-ministro Sérgio Moro, e após dar explicações cabais à Nação, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu um feito triplo neste final de semana:  Estancou a desconfiança que parecia corroer sua imagem (a partir das duvidas levantadas pelo discurso de saída do juiz Sérgio Moro do cargo de Ministro da Justiça), recuperou com folga o apoio da sociedade em seu governo, e por fim, angariou adesões fundamentais de deputados federais que, a partir da fala de Bolsonaro, se alinharam ao seu projeto de Governo.

Para o analista politico Renato Dias (diretor do blog Ranking dos Políticos), a manifestação de vários deputados coroou a coragem do Presidente em esclarecer abertamente os fatos que envolveram a saída do ex-ministro.

--"Aquilo que no inicio da sexta-feira passada parecia o começo do fim do governo Bolsonaro, se reverteu em poucas horas assim que os fatos chegaram ao conhecimento da população", diz o analista politico do NA.

-- "A segunda vitória veio das mídias sociais, com o apoio expressivo da população ao posicionamento do Presidente. E, como consequencia, muito politicos -- que sabem ler as mensagens transmitidas pela população --, declaram apoio ao presidente".

Renato Dias considera que, a partir dos acontecimentos deste final de semana, foi dado um passo fundamental para que as reformas sejam aprovadas no Congresso. "Até mesmo Rodrigo Maia se viu acuado com a divisão na base do centrão, e durante uma entrevista (veja abaixo), preferiu dizer que "o Parlamento não causará crise".

(veja a análise acima). 

Bolsonaro mantém base de apoio, diz pesquisa Datafolha (em O Antagonista)

Pesquisa feita pelo Datafolha logo depois da saída de Sergio Moro do governo mostra que o país está rachado quanto à possibilidade de impeachment de Jair Bolsonaro em razão das acusações do ex-ministro da Justiça.

Dos entrevistados pelo instituto, 48% são contra a abertura de um processo de impeachment do presidente pela Câmara e 45% são a favor –empate técnico, já que a margem de erro é de três pontos. Outros 6% não sabem opinar.

Coisa semelhante ocorre com o apoio a uma eventual renúncia de Bolsonaro: 50% são contra e 46%, a favor (os favoráveis à renúncia eram 37% no início de abril).

O levantamento também mostra que a avaliação geral do presidente se mantém estável em relação a dezembro: 38% dos brasileiros acham o presidente ruim ou péssimo, 33% o avaliam como bom ou ótimo e 25%, como regular.

Sua melhor avaliação ocorre entre moradores do Norte/Centro-Oeste (41% de aprovação) e os mais ricos (40%). A pior, entre nordestinos (43% de rejeição) e habitantes do Sudeste (41%), além daqueles mais instruídos (47%).

Jovens de 16 a 24 anos são os que mais acreditam em Moro, 60%, enquanto o grupo que mais acredita em Bolsonaro (25%) é aquele que ganha de 2 a 5 salários mínimos.

Foram entrevistados 1.503 brasileiros adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados do país. A margem de erro é de três pontos percentuais. A coleta de dados aconteceu no dia 27 de abril de 2020.

Questionado sobre impeachment de Bolsonaro, Maia diz que Parlamento não causará crise

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira que o Parlamento não será instrumento de turbulências e crise política, o que poderia trazer mais incertezas e dar "contornos ainda mais graves" à crise da pandemia do coronavírus.

Ao ser questionado sobre os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, Maia defendeu que o momento exige "paciência" e garantiu que a Câmara manterá seu foco no debate e votações de propostas de enfrentamento da crise.

Maia comentou ainda as recentes demissões dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e da Justiça Sergio Moro, afirmando que as mudanças nas pastas durante a pandemia geram insegurança, assim como eventual desembarque do ministro da Economia, Paulo Guedes, teria impacto negativo.

Governo segue firme na mesma política econômica vista antes da crise, diz Guedes (Estadão)

O ministro Paulo Guedes afirmou na desta segunda-feira, 27, que o governo seguirá firme na mesma política econômica apresentada antes da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o economista disse em tom confiante que o país retomará crescimento e que dará continuidade às reformas fiscais.

"Queremos reafirmar justamente a todos que acreditam na política econômica que ela segue, é a mesma política econômica, nós vamos prosseguir com as nossas reformas estruturantes vamos trazer bilhões em investimento em saneamento e infraestrutura, tá?", disse Guedes.

Após rumores sobre a permanência do ministro à frente da equipe econômica, Bolsonaro convocou uma série de ministros para reforçar o discurso de Guedes sobre a retomada econômica.

O presidente também demonstrou confiança no trabalho do economista e afirmou que ele é o único que decide sobre economia no País.

Segundo o ministro, os gastos extraordinários feitos pelo governo em decorrência da crise do novo coronavírus são uma "exceção" na condução da política econômica.

Guedes afirmou que nas últimas semanas a equipe econômica trocou a agenda de reformas estruturantes para medidas emergenciais com foco de criar uma camada de proteção para a população mais vulnerável.

O economista disse que o governo já começa a "mergulhar" em medidas para o futuro agora que o governo "controlou" a onda da crise no sistema de saúde. "Ano que vem e esse ano mesmo já voltamos as reformas. No ano que vem nós já vamos estar certamente crescendo com o investimentos em saneamento, em petróleo e gás, em infraestrutura, em logística. Então, nós seguimos firmes em nosso compromisso", comentou.

O discurso de Guedes foi reforçado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que disse que há interesse de investidores, nacionais e estrangeiros, em ativos brasileiros Segundo ele, o governo realizará leilões de concessões ainda neste ano.

A ministra Tereza Cristina, da Agricultura, também destacou o resultado de safras e exportações e destacou que não há problemas em abastecimento no País.

Na área econômica, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que parte solução para a crise vai partir do governo federal. Segundo ele, há preocupação na manutenção da disciplina fiscal, que será o que vai manter a economia em curso e dará condições para que País consiga viver com o juros baixo e a inflação controlada.

Campos Netos também afirmou é papel do BC manter controle de preços e solidez do mercado. Ainda, que vê resultados das medidas, como o crescimento da concessão de crédito. "Existe uma preocupação do crédito chegar no pequeno. O BC está tomando as ações possíveis para que isso aconteça", comentou.

Ibovespa sobe quase 4% em sessão de recuperação

  • Presidente Jair Bolsonaro fala ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes. 27/4/2020. REUTERS/Ueslei Marcelino

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou esta segunda-feira em forte alta, recuperando-se parcialmente após ter desabado na sexta-feira, diante de uma perspectiva menos sombria para a economia do país e no exterior diante dos efeitos da pandemia do coronavírus.

O Ibovespa subiu 3,86%, a 78.238,60 pontos. O volume financeiro da sessão somou 24,1 bilhões de reais.

Ante rumores sobre possível saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, e a insatisfação da equipe econômica com um pacote de incentivo que elevaria gastos públicos, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro que Guedes continua com a palavra final nos gastos federais.

"O homem que decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá as recomendações e o que nós realmente devemos seguir", disse Bolsonaro, com o ministro ao lado, ao deixar o Palácio da Alvorada.

Também tranquilizando o cenário político, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a Câmara manterá foco em votações de propostas de enfrentamento da crise, acrescentando que o atual momento exige paciência, ao ser questionado sobre um possível impeachment de Bolsonaro.

Na sexta, após Sergio Moro ter anunciado deixado o Ministério da Justiça, acusando Bolsonaro de tentar interferir indevidamente na Polícia Federal, o Ibovespa desabou 5,45%.

Em Wall Street, o índice S&P 500 subiu hoje 1,47%.

DESTAQUES

- EMBRAER ON despencou 7,49%, após cancelamento de acordo com a Boeing. O presidente da companhia brasileira afirmou não acreditar que o acordo com a norte-americana possa ser retomado.

- PETROBRAS ON e PETROBRAS PN subiram 4,54% e 3,13%, respectivamente, em sessão volátil, com os contratos futuros do petróleo operando em forte queda.

- VIA VAREJO avançou 18,65%, após anunciar a compra da startup curitibana ASAPlog, especializada em soluções de logística urbana e conexão de transportadoras em longa distância. No setor, LOJAS AMERICANAS PN subiu 6,67% e MAGAZINE LUIZA ON ganhou 4,47%.

- HAPVIDA valorizou-se 5,38%. A companhia informou que poderá ampliar sua capacidade de leitos de UTI em mais de 20% se houver necessidade e que já investiu mais de 65 milhões de reais em medidas de combate ao coronavírus.

- BRADESCO PN subiu 2,91% ITAÚ UNIBANCO teve avanço de 3,3%, e SANTANDER UNT ganhou 4,18%

Por: João Batista Olivi e Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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