Brasil diante do dilema: parar ou não? serviços essenciais continuam, mas e a safra?
O País encontra-se diante de um dilema crucial: se isolar - seguindo as recomendações médicas - ou manter as atividades de produção, assegurando o funcionamento da economia? O jornalista João Batista Olivi conversou com o também jornalista Fernando Pinheiro Pedro (vice-presidente da Associação Paulista de Imprensa) sobre a dúvida fundamental: Paralisar ou não o País??
O presidente Jair Bolsonaro (veja abaixo) pede que o Páis não pare. Que tome as medidas sanitárias, mas que evite o estrangulamento da produção. De outro lado, saltando para uma posição de protagonista, está o governador de São Paulo, João Dória, que não só decretou a paralisação (quarentena) do Estado de S. Paulo a partir de terça-feira, como coordena um movimento com mais 7 governadores do Sul e Sudeste para que adotem a mesma atitude.
João Dória chega ao extremo de comandar entrevistas coletivas, nas quais não poupa críticas duríssimas ao presidente Jair Bolsonaro, a quem acusa de hesitação e de adotar atitudes incompreensiveis (segundo ele). Há quem veja nessa posição, porém, uma nítida atitude de aproveitamento politico. A esquerda se junta ao governador Dória para enfraquecer o comando de Bolsonaro. E a população, insegura e estupefata, acompanha com espanto o show de desinformação que atinge o País nesse momento crucial.
Por parte do Agro, os produtores rurais perguntam como fazer para circular as mercadorias, e como elas poderão chegar às cidades e aos portos... Antes disso, há dúvidas de como fazer para retirar as colheitas do campo (além dos grãos, em andamento, se aproximam as colheitas de cana, café e laranja, além de frutas e verduras). E, fundamentalmente, como fazer para que a safra chegue aos portos, pois estivadores de Santos ameaçam fechar as docas. (acompanhe a análise acima).
Economia não pode parar por coronavírus ou se aproximará da catástrofe, diz Bolsonaro
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, em videoconferência com empresários sobre a pandemia de coronavírus, que a economia brasileira não pode parar ou "a catástrofe se aproximará de verdade".
A declaração do presidente foi feita pouco depois do anúncio de um forte corte na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Bolsonaro frisou que não procedem "decisões" de autoridades locais que visam o fechamento de aeroportos ou estradas, que teriam enorme impacto econômico, e disse que o governo mantém contato com secretários estaduais sobre o assunto.
"A economia não pode parar. Afinal de contas, não basta termos meios, se não tivermos como levá-los ao local onde serão usados, bem como os profissionais têm também que se fazer presentes nesses locais", disse o presidente.
"Então estamos acertando para que um Estado não aja diferente dos outros e que não bote em colapso o setor produtivo", disse.
"Não adianta produzir num lugar se não tem onde entregar no outro. E o Brasil precisa continuar se movimento, mexendo com a sua economia, senão a catástrofe se aproximará de verdade", disse, acrescentando que a Constituição garante "em grande parte" ao Executivo a prerrogativa de decidir pelo fechamento de aeroportos e rodovias.
Voltou a afirmar, ainda, que não se pode agir com histeria na crise relacionada à nova doença.
"Desde o começo, eu, como estadista, tenho falado ao Brasil: 'não podemos entrar em pânico, temos que tomar as medidas que forem necessárias, mas sem histeria'. Este é o exemplo que eu procuro dar em todas as ações que eu tenho falo para frente", disse.
"Temos quase 12 milhões de desempregados no Brasil. Este número vai crescer, mas se crescer muito, outros problemas colaterais surgirão", afirmou.
"Estamos em contato com os secretários de estado também para definirmos a questão do direito de ir e vir, do fechamento ou não de rodovias, bem como aeroportos. Em grande parte, a Constituição garante a nós essa responsabilidade. Então, estamos acertando para que um estado não aja diferente dos outros e não bote em colapso o setor produtivo. Não adianta produzir em um lugar e não ter como entregar no outro."
XP vê desemprego atingir 40 milhões no Brasil sem 'Plano Marshall de verdade' (Estadão deste domingo)
Fernando Pinheiro Pedro, comentarista do Notícias Agrícolas, já havia abordado da necessidade de um Plano Marshall para dar sustentação economica ao Brasil. "A ajuda financeira, adiantou PInheiro Pedro, poderia vir dos EUA, Europa e China"... A entrevista ao Notícias Agrícolas foi gravada na sexta-feira e publicada no sábado pela manhã, com destaque em nossa home-page. Nesta noite de domingo o Estado publicou em seu site de notícias a matéria abaixo, com proposta semelhante. (N.R.)
O presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, disse que vê a possibilidade de crescimento do desemprego para mais de 40 milhões de brasileiros em decorrência da pandemia do coronavírus. "É um número assustador", disse ele neste domingo, 22, em uma live com outros empresários
"Eu vi hoje uma entrevista do presidente regional do Fed de St. Louis, James Bullard (banco central norte-americano), dizendo que a taxa de desemprego irá subir de 3% para mais de 30% nos Estados Unidos por causa da crise", afirmou. "No Brasil, onde há mais de 10 milhões de desempregados, acredito que o impacto será muito maior", disse.
Benchimol defendeu a criação de um plano Marshall - pacote de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. "O que temos até agora é uma gota no oceano. Tem de ser um plano de verdade, os números são assustadores, o buraco é muito mais embaixo", disse.
Na live, promovida pela XP Investimentos na qual participaram o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, o presidente da Stone, André Street, o presidente da MRV, Rubens Menin, Benchimol cobrou medidas mais robustas do governo federal para evitar o alta do desemprego e do caos social no país. "O risco é aumento de pessoas passando fome e no número de assassinatos."
Em resposta ao questionamentos do CEO da XP, o presidente da Caixa Econômica Social, Pedro Guimarães, afirmou que mais de 20 a 30 milhões de brasileiros serão impactados com as medidas atuais. "Provavelmente vai se precisar de mais e vamos ajudar. Já estamos postergando os pagamentos, reduzindo a taxas de juros", disse. "Isso nos preocupa e está sendo liderado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes."
Desaceleração da economia americana pode custar 5 milhões de empregos
Uma pesquisa do Wall Street Journal feita com 34 economistas aponta que uma recessão nos Estados Unidos pode durar meses e possivelmente superaria a crise de 2007 a 2009 desencadeada pelo colapso da habitação e pelo subprime.
O surto de coronavírus deve provocar perdas de até cinco milhões de empregos americanos, este ano e uma queda na produção econômica de até US$ 1,5 trilhão, estimam os economistas consultados.
"Você verá nos próximos dois meses as consequências das ações tomadas em termos de atividade econômica. Esse conjunto de mudanças não está realmente claro na mente dos formuladores de políticas no momento", diz o chefe de pesquisa econômica do JPMorgan.
As previsões econômicas, que ainda mantinham certo otimismo há apenas duas semanas, subitamente se tornaram sombrias quando ficou claro que a pandemia agora afetaria a vida americana fortemente.
Para o chefe de pesquisa do JPMorgan, o Produto Interno Bruto(PIB) dos EUA deve cair 1,8% este ano e a economia perderá entre 7 e 8 milhões de empregos só na primavera (hemisfério norte) embora alguns deles provavelmente voltem se a economia se recuperar no segundo semestre.
Sung Won Sohn, economista de negócios da Universidade Loyola Marymount, espera que o coronavírus custe 592 bilhões de dólares em produção e uma perda de quase 5,2 milhões de empregos em 2020
A Goldman Sachs projeta que a produção dos EUA caia 3,1% este ano e o desemprego suba para 9% dos atuais 3,5%. O desemprego atingiu 10% em outubro de 2009, após o colapso imobiliário e financeiro. Os economistas do banco falam em aumento de até 2 milhões de pedidos de seguro desemprego na última semana.
FMI vê impacto severo de pandemia na economia global, mas crise será temporária
WASHINGTON (Reuters) - O impacto da pandemia global de coronavírus será "bastante severo", mas um longo período de expansão e altas taxas de emprego mostram que a economia global deveria resistir ao choque atual, disse nesta sexta-feira uma importante autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Martin Mühleisen, que chefia o departamento de política e análise estratégica do FMI, disse em um podcast do Fundo que o principal objetivo dos governos deve ser limitar a propagação do vírus de forma a garantir que o choque econômico seja temporário.
Ele disse que bancos e governos adotaram medidas sem precedentes para fornecer liquidez aos mercados e mantê-los funcionando "talvez mais do que precisávamos", mas essas medidas devem ser coordenadas internacionalmente para que tenham seus efeitos amplificados.
"Quanto mais organizadas e coordenadas forem as respostas de saúde a essa crise, mais rapidamente será possível que a confiança retorne", afirmou.
Líderes do G7 disseram na semana passada que fariam "o que for preciso" para responder ao surto, mas não forneceram detalhes específicos, o que deixou os mercados instáveis.
Líderes das 20 principais economias do mundo (G20) realizarão uma cúpula virtual na próxima semana, mas as divisões do grupo diminuem as esperanças de uma ação coordenada forte, dizem especialistas.
O coronavírus já infectou mais de 254.700 pessoas em todo o mundo e matou 10.451. Os esforços para conter a propagação da doença resultaram em severos choques na oferta e na demanda em todo o mundo, atingindo o setor financeiro.
Mühleisen disse que as instituições financeiras estão mais resistentes do que antes da crise financeira global de 2008-2009, e o crescimento constante e as altas taxas de emprego devem criar alguns amortecedores.
"Nesse sentido, a crise chegou em um momento em que esperamos estar preparados para esse tipo de choque", disse ele, embora o impacto ainda seja "bastante severo".
Mühleisen disse que o FMI está trabalhando para enfrentar a crise por meio de empréstimos e doações com taxas de juros baixas ou zeradas e está pronto para ajudar os mercados emergentes a lidar com as acentuadas saídas de capital.
Os preços das commodities, especialmente a forte queda no barril do petróleo, representam um desafio adicional para muitos países, enquanto ajudam os que importam matérias-primas, disse ele.
No entanto, o estrategista disse que a crise destacou a necessidade de que os governos e o setor privado tenham amortecedores suficientes, o que significa que o FMI continuaria a olhar para altos níveis de dívida.
"É importante que os países ajam de forma responsável e que tenhamos espaço para responder se houver realmente necessidade de uma resposta de políticas públicas no grau que está acontecendo no momento", acrescentou.
Medidas de prevenção adotadas na China. Veja os videios e os cuidados ( e investimentos) feitos em cidades, avenidas e pessoas. O Brasil teria condições de adotar o mesmo procedimento?