Petróleo abaixo dos US$ 30/barril pode provocar crise de crédito nos EUA e afetar ainda mais a economia mundial
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Entrevista com Roberto Dumas Damas - Economista e Professor do Insper sobre o Mercado Financeiro
DownloadCom a queda do preço do barril de petróleo, após os atritos entre Arábia Saudita e Rússia, os mercados de commodities caíram vertiginosamente ao longo desta segunda-feira (09). A aversão ao risco, que já estava agravada por causa do aumento de casos do Covid-19 (novo coronavírus), fez inclusive com que a Bolsa Brasileira 9B3) interrompesse suas negociações por meia hora.
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Segundo o economista Roberto Dumas Damas, a queda no petróleo vai afetar muito mais que o mercado e pode atingir diretamente empresas americanas que produzem petróleo. Os Estados Unidos são os maiores produtores de petróleo do mundo, com cerca de 13 milhões de barris por dia, seguidos por Rússio (11 mi. de barris/dia) e Arábia Saudita (10 mi. de barris/dia).
Essa produção gera cerca de US$ 13 trilhões em debêntures (corporate bonds), que são títulos corporativos, lançados no mercado por empresas que querem levantar dinheiro para investimentos. Desse montante, cerca de 20%, ou US$ 2,7 tri., são destinados para a exploração de petróleo de xisto (Shale Oil). No entanto, para que esse tipo de petróleo seja lucrativo, o preço do barril precisa estar acima de US$ 35 / US$ 45.
O que pode ocorrer com os preços abaixo disso é um downgrade nessas debêntures, forçando as empresas que as lançaram no mercado na busca de crédito nos bancos para o pagamento de dívidas. Como consequência, há uma elevação no risco de crédito, que é exatamente o que o mercado global está evitando nesse momento. Com um possível fuga dos investidores dessas debêntures, empresas americanas que investiram na exploração do petróleo de xisto acabariam quebrando, colocando em risco o PIB dos EUA.
"O que está em jogo vai além do preço do petróleo, pois há também um jogo de poder econômico entre os principais produtores de petróleo. Se esse cenário continuar, a economia americana vai desacelerar. Consequentemente o Brasil será atingido, ao ponto de ver seus níveis de exportação caírem", explicou Dumas Damas.
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