Intensa aversão ao risco mantém dólar muito alto no Brasil e preços fortes da soja

Publicado em 09/03/2020 10:09
Entrevista com Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e da AgroCulte sobre o Mercado Financeiro
Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e da AgroCulte

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Entrevista com Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e da AgroCulte sobre o Mercado Financeiro

 

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A semana começou com as commodities despencando nesta segunda-feira (9) lideradas pelo petróleo depois de anunciada uma política de redução de preços para exportação de 10% e do aumento de sua produção a partir de abril. Por volta de 11h20 (Brasília), tanto em Londres quanto em Nova York, as perdas passavam de 20% e levavam as cotações a perto de US$ 30,00 por barril em ambas as bolsas. 

Da mesma forma, as commodities agrícolas cedem expressivamente em Chicago em Nova York, com perdas que para a soja passam de 2%, de 3% para o açúcar e refletem uma intensa aversão ao risco diante de todas as questões geopolíticas que rondam os mercados neste momento. 

O coronavírus segue no centro das discussões. A medida da Arábia Saudita se deu depois que a Rússia não aceitou dar continuidade ao acordo com a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) de reduzir a produção diante da epidemia e de uma pressão que já vinha sendo exercida pela commodity. 

"Sem dúvida nenhuma há negociações sendo feitas, mas por enquanto ainda não há nada no mercado que possa acalmar os negócios. Continua uma situação ainda muito incerta", explica Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar e da AgroCulte. 

DÓLAR E PREÇOS NO BRASIL

Enquanto cedem as commodities, o dólar contiuna operando em franca e constante alta não só frente ao real, mas a uma série de divisas, se firmando ainda como um importante porto seguro dos investidores. 

No Brasil, a alta desta segunda-feira passa de 2% e a moeda americana se aproxima dos R4 4,80. E esse fator segue como o consistente pilar para a formação dos preços da soja e dos demais produtos, agrícolas ou não, exportados pelo país. Nos portos, tanto safra atual como safra 2021 mantêm indicativos acima dos R$ 90,00 por saca e trazendo boas oportunidade aos sojicultores. 

"Se olharmos especificamente para a soja (brasileira), o efeito definitivamente será positivo. O problema com esse câmbio no Brasil é estarmos em território nunca visto antes e, por isso, não sabemos qual a tendência", diz Cachia. "Não temos como negar que, contrariamente ao que vimos nas commodities, que caem internacionalmente, os preços em reais continuam atraentes", completa. 

FINANCEIRO X FUNDAMENTOS

Os mercados de commodities agrícolas, não só o da soja, têm deixado de lado seus fundamentos próprios para reagir aos problemas geopolíticos - em especial o surto de coronavírus que continua se agravando e causando problemas, principalmente na logística e na produtividade global. 

Ainda assim, Cachia lembra que o mercado de grãos recebe o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta terça-feira, 10 de março. E explica ainda que os traders podem, de fato, dar menos atenção aos novos números com um mercado tão "financeirizado" como está agora. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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