O que há por trás da questão indígena? A quem interessa manter as riquezas intocadas e o povo na miséria?
O Notícias Agrícolas conversou nesta segunda-feira (16) com Antônio Fernando Pinheiro Pedro - Advogado e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa para debater sobre as questões indígenas que tem sido pauta nos últimos meses. A questão indígena também será tema do Sínodo da Amazônia - uma assembleia realizada dentro do Vaticano, em Roma.
Segundo Pinheiro Pedro, há muitos anos ele vem acompanhando as questões indígenas com o objetivo de entender melhor o que acontece naquelas regiões. "É importante observar que existem duas doutrinas nas áreas indígenas históricas no Brasil", explica. De acordo com Pinheiro Pedro, a primeira é militar e a segunda é a "autonomista" - que enxerga que as nações tem direito a ser autônoma dentro daquela área.
Ainda de acordo com Pinheiro Pedro, os autonomistas representam a nova ordem mundial, onde estão os globalistas. "É um grande cartel financeiro, formado pelo grandes fundos de investidores que querem relativizar toda e qualquer soberania", explica ressaltando ainda as riquezas encontradas no subsolo brasileiro. "Na verdade o que querem é tomar pé da situação e explorar em algum momento o solo", explica.
Confira a explicação completa no vídeo acima
O outro lado: Sínodo da Amazônia revela sagacidade política do papa, diz blog
Só a Divina Providência poderia prever que um encontro internacional sobre a Amazônia, convocado há dois anos, coincidiria com o atual momento da região, alvo de políticas destrutivas do governo Jair Bolsonaro e após virar notícia global em razão dos incêndios descontrolados e do avanço recorde do desmatamento.
Em Roma, a explicação que se ouve dentro dos muros da Cidade do Vaticano é bem mundana: trata-se de um exemplo da sagacidade política do papa Francisco, que, responsável por pautar o evento no final de 2017, desde o início de seu pontificado, há seis anos, elencou a defesa do meio ambiente como ponto central de sua agenda.
No próximo mês, durante três semanas, mais de 250 integrantes da Igreja Católica, além de indígenas, ribeirinhos e cientistas de nove países que fazem parte da floresta, se reunirão no Vaticano para o Sínodo da Amazônia, evento que consolidará a liderança global do argentino Jorge Mario Bergoglio como porta-voz da causa ecológica.
O objetivo não é somente discutir novas formas de evangelização na região, que tem cada vez menos influência católica, mas principalmente debater propostas e estratégias para a preservação de sua biodiversidade, das comunidades tradicionais e como desenvolver um modelo econômico sustentável.
Visto pelo governo Bolsonaro como uma ameaça à soberania nacional, o evento será outro potente fórum a chamar atenção da comunidade internacional para a prejudicial política em curso na Amazônia, além de provocar descontentamento na ala conservadora do Vaticano, que tachou o sínodo de “herético” por propor a discussão de temas revolucionários para o catolicismo, como a ordenação de leigos para suprir a falta de padres nas regiões isoladas.
O sínodo é uma espécie de assembleia realizada em média a cada três anos, que muitos em Roma chamam de “Parlamento dos Bispos”. Ele foi instituído após o Concílio Vaticano II, um longo debate que, no início dos anos 1960, modernizou a estrutura da Igreja em diversas frentes. A atual edição, dedicada à Amazônia, se encaixa na categoria de sínodo especial, como já ocorreu antes em discussões específicas sobre continentes como Europa e África. A novidade, agora, é o evento ser dedicado a uma região geográfica. Leia a matéria completa aqui.
GLOBALIZAÇÃO E O RISCO DA NOVA ORDEM MUNDIAL
A nova polarização mundial entre Globalistas e Soberanistas
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
O Brasil, hoje, está no cerne de uma disputa geopolítica mundial, com forte viés econômico e profundo impacto cultural. Trata-se do embate entre globalistas e soberanistas.
Esse embate sucede em escala a antiga guerra fria - entre socialismo e capitalismo, e ganha contornos complexos na medida em que o design dominante dessa nova polarização entre globalistas e soberanistas é marcado pelo fenômeno econômico e cultural da globalização.
A Globalização
A globalização é fruto da evolução econômica da humanidade. A demanda por recursos econômicos obrigou sistemas civilizatórios hegemônicos a se expandirem para outros continentes, tornando mais complexa a estrutura política de gestão, ampliando as escalas de valores éticos, étnicos e culturais.
A globalização revolucionou as escalas comerciais, a troca de conhecimentos e a forma de gestão dos Estados Nacionais. O fenômeno, por óbvio, estendeu os espaços de ação geopolítica para os limites do planeta e já arranha, hoje, o cosmos.
O fenômeno evoluiu economicamente ao longo dos séculos, do mercantilismo para o capitalismo financeiro, cuja contínua sofisticação é retroalimentada pela própria riqueza auferida e distribuída nas escalas macro e micro econômicas.
De fato, os bancos constituíram a reserva de capital do Estado Liberal, no Século XIX, formaram a alavanca financeira do Estado Provedor no Século XX e hoje residem no centro nervoso do Estado Regulador do Século XXI.
O cosmopolitismo é marca cultural da globalização, envolve o respeito à humanidade como valor universal (daí o termo cosmos na raiz etimológica do termo).
A cultura cosmopolita abrange o conflito entre globalistas e soberanistas de forma equânime, incluso suas contradições. O viés cosmopolita avançou do renascimento à comunicação digital e foi impactado pelos conflitos de afirmação dos Estados Nacionais, ascensão e queda das ideologias totalitárias supranacionais e o surgimento dos grandes blocos econômicos e intercomunitários.
No campo da evolução política, a globalização demandou nova tecnologia de tutela dos conflitos, que hoje envolve uma progressiva internacionalização da defesa de interesses estratégicos sobre recursos de interesse comum.
Na governança, os mecanismos de gestão dos regimes representativos de governo parecem não mais funcionar. Daí o avanço da demanda por mecanismos participativos de gestão, e controle social mais efetivo no fluxo decisório.
Por sua vez, a conflituosidade intrínseca dos interesses envolvidos é caracterizada pela assimetria - de complexa compreensão e dimensionamento estratégico.
No campo do direito, firmou-se o reconhecimento dos chamados interesses difusos, cuja conflituosidade intrínseca redefine os contornos dos direitos civis, dos direitos individuais e coletivos, e do direito público - dentro e fora dos Estados Nacionais.
As demandas relacionadas à globalização envolvem reivindicações por autonomia, por participação nos mecanismos de decisão dos Estados, submissão das corporações econômicas a critérios harmônicos de governança, preocupações ambientais, identitárias e de inclusão social face ao crescente apartheid tecnológico.
A Nova Ordem Mundial
A integração econômica e o intercâmbio cultural e social, incrementados pelas novas tecnologias no campo da comunicação e transportes, consolidaram o processo de globalização e seus efeitos políticos e jurídicos.
Essa integração econômica, contudo, não foi e não é sinônimo de desenvolvimento universalizado entre os países. Segue uma ordem histórica de redistribuição de processos de produção e consumo de bens e serviços mundo afora que, ao que parece, mantém uma hierarquia internacional que não se preocupou em reduzir desigualdades sociais e regionais.
A queda do muro de Berlin modificou a bipolaridade geopolítica da guerra fria, introduzindo uma "uni-multipolaridade" - uma Nova Ordem com diversos polos de poder, sob liderança militar dos Estados Unidos, porém firmemente conduzida por cartéis financeiros dissimulados economicamente por blocos econômicos.
Os cartéis migraram do setor produtivo para o financeiro. Se reorganizaram ideologicamente e, dissimuladamente, por meio da Nova Ordem Mundial, promoveram o mais cruel episódio de concentração econômica, monopolização, exclusão social, degradação dos costumes e padrões morais na sociedade ocidental.
O movimento globalista, que sustenta a Nova Ordem Mundial, é tóxico para a globalização. Assumiu o establishment. Dominou a mídia mainstream e agora não hesita em cooptar as corporações de mídia digital, visando não repetir o erro de manter uma imprensa livre para denunciar os cartéis, como ocorreu no passado.
Os soberanistas surgem nesse cenário de completa transformação, reagindo aos globalistas. As forças envolvidas são tremendas, tentaculares e muito focadas - desinteressadas das trágicas externalidades causadas nas franjas desse embate. Tampouco há preocupação, no fragor da batalha diária entre esses dois polos, com movimentos paradoxais e improváveis, que momentaneamente a eles se aliam por identidade ideológica, conforme a guerra se espraia pelo mapa mundi.
Vejamos a origem de cada um:
Os Soberanistas
Os soberanistas têm vínculo histórico com a resistência aos monopólios e cartéis, surgida na segunda revolução industrial, no século XIX. Também fincam suas bases na luta pela independência dos estados soberanos contra as corporações multinacionais, no esforço aliado de guerra contra as pretensões hegemônicas e totalitárias do Nazismo e também do Socialismo.
Soberanistas combatem firmemente as pretensões hegemônicas da Nova Ordem Mundial e identificam claramente os efeitos tóxicos do globalismo no campo ideológico e cultural.
A lei Anti-Truste norte-americana de 1890, a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, a queda do Muro de Berlin e a retomada do discurso conservador na política ocidental formam marcos referenciais para a luta dos soberanistas.
O Senador Sherman e o Presidente Ted Roosevelt, na passagem dos séculos XIX e XX, garantiram a livre concorrência entre as empresas nos Estados Unidos batalhando duramente contra os trustes, evitando que grupos econômicos se tornassem suficientemente grandes para ditar as regras no mercado em que atuavam.
John D. Rockefeller (que chegou a refinar 84% do óleo americano), foi o maior símbolo da concentração nociva do Capital no final do Século XIX. Apelidado por Roosevelt de "inimigo número 1 dos Estados Unidos", era conhecido por seus pares como "açambarca e devora" (engulfs & devours). Rockefeller foi um profícuo "branding leader" - um colecionador de marcas. Chegou ao "estado da arte" de desvirtuar a invenção de Diesel (que preconizara um motor potente à base de biocombustível), obrigando-o a substituir o óleo vegetal pelo petróleo refinado.
A sociedade organizada, instituições conservadoras e a mídia livre norte americana foram decisivas na denúncia do "império dos trustes", levando o presidente Theodore Roosevelt a ajuizar processo contra a Standard Oil Co., acusando-a de práticas monopolistas. Processado pelo governo, Rockefeller foi obrigado a vender parte de seu império para se adequar à lei. Embora a venda das empresas tenha gerado enorme lucro, o desmonte do truste representou o império da lei contra a concentração econômica nos EUA.
Anos depois, foi a vez dos frigoríficos e das indústrias de laticínio de Chicago, expostos à execração pública por conta das péssimas condições de trabalho dos seus operários. O clamor foi tamanho que o governo federal foi constrangido a adotar o Food Drug Act e, depois, um sistema federal de fiscalização sobre as fábricas de alimentos. Esse movimento foi o início do ambiente de regulação tal como hoje conhecemos nos setores econômicos de interesse público.
Tornou-se claro que o domínio econômico sobre um ou vários setores equivaleria sempre à exploração econômica e lesão a cidadãos e governos de países livres. Assim, a heroica resistência popular aos monopólios passou a constituir a razão de ser da grande expansão econômica e das oportunidades ocorridas no Século XX.
Essa heroica resistência do passado hoje se renova na figura dos soberanistas contra a Nova Ordem Mundial, e atinge patamares políticos relevantes. São soberanistas que denunciaram a lassidão política que permitiu, por exemplo, o avanço do radicalismo islâmico em solo laico e cristão europeu. São os soberanistas que combatem a nova onda de cartelização e concentração econômica representada pelos gigantes da comunicação digital - os quais transformaram usuários em números para orientar políticas de consumo e produzir campanhas de massa.
Os Globalistas
Após sucessivas crises econômicas, que demandaram ajustes da globalização, em especial as ocorridas na década de 1970 - com a desregulamentação do sistema monetário internacional e dois choques petrolíferos - os países industrializados travaram seu crescimento e submeteram-se aos bancos, os quais - cartelizados, aparelharam e dominaram a condução econômica e fazendária dos Estados Nacionais. Fizeram-no nomeando asseclas para os bancos centrais e adquirindo os bancos estatais nas reformas econômicas dos países em crise.
Esse movimento resultou em um desastre econômico sem precedentes. Os cartéis financeiros - donos do sistema, passaram a dominar os fundos de investimento e dar aval para fundos soberanos, envolvendo-os em uma febre de lucros especulativos. Essa febre fez o capital especulativo viajar de um país para outro, gerando expectativas e recessões - denominados fundos abutres, promovidos por conhecidos mega-investidores.
Fundos abutres cresceram comprando ativos e pulverizando-os no mercado, transferindo, então, a produção para países com mão de obra de baixo custo. Essa ação provocou desindustrialização em massa e estimulou hipercrescimento do mercado de serviços. O efeito foi a desvalorização das profissões intelectuais e a exclusão implacável da mão de obra braçal.
Com a automação industrial e a universalização digital cartelizada, o desemprego forçou o crescimento do mercado informal a níveis alarmantes e estimulou atividades clandestinas e criminosas, em especial o tráfico de drogas - igualmente cartelizado.
As bolhas especulativas, dentre elas as dos derivativos, que explodiram em 2008, criaram uma enorme crise sistêmica, seguida de depressão.
Esse inferno traduz a Nova Ordem Mundial, implementada pelos globalistas.
Os globalistas não saíram de cena com as crises - afinal já estavam postados na direção dos organismos políticos de controle financeiro das grandes potências, de maneira que conduziram os Estados Nacionais a produzirem o mais custoso socorro a instituições bancárias da história mundial, uma brutal transferência de fundos com os quais mantém sua ação nefasta de buscar hegemonia em escala global.
Os bancos cartelizados sobreviveram para apoiar o incremento dos cartéis no setor da produção e distribuição. A esse fenômeno deu-se o nome de "branding", dissimulando a monopolização dos mercados com a compra de marcas, provocando concentração econômica como nunca antes vista na história da humanidade.
O discurso "moral" da Nova Ordem Mundial
Inteligentemente, os globalistas aproveitaram a queda do Muro de Berlin para se apropriarem do duplipensar e da novilíngua orwelliana, até então praticada pela intelectualidade bancada pelo bloco socialista.
Denunciada por Jorge Orwell em sua obra "1984", a apropriação da verdade praticada pelos sistemas totalitários pressupunha o esgarçamento de valores morais, a falência da unidade familiar e o descrédito das formas tradicionais de associação civil, massacradas por uma nova estética neurolinguística e por uma ética cultural intelectualmente desonesta e decididamente hipócrita.
O jogo de máscaras tem uma razão de ser. Afinal, os globalistas anotaram que a ação "crítica" da esquerda marxista continha um componente tóxico, perverso e muito eficaz - não, obviamente, para provocar uma revolução socialista mas, sim, para degradar a organização social das nações civilizadas, no regime capitalista.
A degradação tem a função de desmobilizar a sociedade civil organizada dos Estados Nacionais. De fato, a dominação econômica pelas grandes corporações não pode ser questionada eficazmente, como de fato hoje não o é, quando países têm sua soberania relativizada, as sociedades se vêem esgarçadas no seu tecido social, as organizações se perdem em conflitos fratricidas por ressentimentos e rancores identitários, a moral sucumbe à corrupção, a cultura é reduzida a uma massa vulgarizada de comportamentos medíocres e o comportamento é estandardizado por um discurso hipócrita tido por "politicamente correto".
Sociedades esgarçadas sobrevivem de migalhas de atitudes identitárias ou de pura restrição econômica a atividades setoriais - tragédias que em nada abalam a concentração de renda e a dominação das estruturas de governança por uma elite podre e desprovida de freios morais.
Essa é a realidade do núcleo duro dos globalistas, que portanto, não devem ser confundidos com o fenômeno da globalização mas, sem dúvida, parasitam esse processo para financiar uma sociedade fake, enquanto acumulam lucros estratosféricos.
O chamado "marxismo cultural" advém desse movimento de apropriação do discurso esquerdista para finalidade diversa.
Negado insistentemente pelos globalistas, o "marxismo cultural" foi urdido a partir da instalação dos próceres da Escola de Frankfurt, no pós-guerra, na Universidade de Colúmbia, nos EUA, de onde articulou-se o discurso libertário-liberticida da "contra-cultura", da ideologia de gênero e da estética do politicamente correto - posteriormente exportado para Sorbonne e então, dissimuladamente foi sendo apropriado pelos populistas de esquerda dos três continentes americanos , como uma droga cultural de rápido consumo. De tal forma que hoje essa massa disforme pretensamente ideológica é utilizada para produzir militontos em larga escala, no sistema de "madrassas" que hoje substitui o ensino público na América Saxã e Latina.
Nada, portanto, se deu por acaso. Pelo contrário, ocorreu da forma mais capitalista e burguesa que a elite globalista poderia imaginar.
Globalização e globalismo e a reação conservadora
Se a globalização econômica implica na ampliação do livre comércio e na adoção da livre iniciativa, o globalismo, por ser concentrador, é suportado sobretudo pelos burocratas, apoiados por governos idiotizados.
No globalismo, a burocracia instalada nos estados e nos organismos multilaterais, busca produzir expedientes de cunho intervencionista, a começar pelo policiamento dos costumes e culturas. Não a toa pululam na sanha legiferante globalista decisões arbitrárias de cunho identitário, liberticida, abolicionista (como a descriminalização das drogas), de censura à livre manifestação de opiniões contrárias à política de costumes imposta, de perseguição a atividades privadas e de desestímulo à produção intelectual "não conforme" ao código "politicamente correto" baixado pelo establishment.
Se a globalização é um fenômeno cosmopolita, o globalismo é hegemônico. Enquanto prega o culto à diversidade, restringe a tolerância ao núcleo de opções adequado á sua política de estandardização cultural.
Assim, o globalismo ignora diferenças e costumes nacionais da mesma forma que despreza a soberania e o controle territorial do Estados nacionais.
Mas sempre há o limite e sempre ocorre o improvável. Nesse sentido, à medida que os globalistas não conseguem mais dissimular suas condutas toxicas por meio do chamado marxismo cultural, as máscaras caem e o povo se rebela.
O embate geopolítico
Cansado de não ter mais voz ativa no próprio país, o eleitorado norte americano reagiu ao establishment e elegeu Donald Trump.
Seguindo uma muito bem bolada estratégia eleitoral, os soberanistas surfaram na onda de descontentamento com a desindustrialização adotado pelos governos de Clinton, Bush e Obama. Observaram, também, não haver mais tolerância para com o linguajar politicamente correto dos democratas, desgregador, vitimista e imoral.
Foi dessa forma que os soberanistas iniciaram um trabalho de formiga para defenestrar os globalistas de um poder que julgavam já consolidado na mais poderosa nação do planeta. Os globalistas, assim, caíram por arrogância, e não caíram somente nos EUA.
No continente americano, os soberanistas foram vitoriosos no Brasil, Chile, Paraguai, Colômbia, Peru e Argentina (embora os globalistas ameacem reocupar o país austral). Na Europa soberanistas foram vitoriosos na Inglaterra, Irlanda, Suíça, Áustria, Dinamarca, Polônia e Hungria.
A direita soberanista ainda ameaça sair vitoriosa na Itália e na Noruega. Se assim for - sobrará a França e a Alemanha em mãos globalistas
O país líder dentre os soberanistas é a Rússia, que se reergueu como player na política internacional sob o comando da dupla Putin-Medvedev.
No oriente médio, o General Sissi no Egito, Netanyahu em Israel, Assad na Síria e Erdogan, na Turquia, embora lotados de diferenças entre si, também não comungam com o globalismo.
Na Ásia, Rodrigo Duterte implementa firme reforma nas Filipinas. Enquanto Japão hesita desastrosamente, Coréia e China jogam firme com a globalização, sem definir seu perfil.
Os soberanistas perpassam inúmeras configurações ideológicas, prezam a diversidade, o pragmatismo e não se alinham internacionalmente como fazem os globalistas.
Mas a base globalista não está na chefia dos Estados e, sim, nos grandes conglomerados multinacionais cartelizados.
Importante anotar os aspectos purulentos da imoralidade contaminante dos globalistas. A massa crítica de burocratas globalistas encontra-se absurdamente infiltrada no chamado "deep state" dos principais países ocidentais, em especial nas jusburocracias, o mesmo ocorrendo na estrutura funcional dos organismos multilaterais, como é o caso da ONU.
Assim, o conflito pleno de assimetrias, permanece vivo, independente das fronteiras e independente da assunção eventual dos soberanistas à chefia de governos.
O interesse geopolítico do Brasil
O Brasil é a oitava economia do mundo. Não é, portanto, um país periférico qualquer.
Embora subjugado pelos globalistas desde sempre, com raros períodos de respiro. Hoje, o Brasil busca se afirmar soberanamente - e pode fazê-lo adotando a doutrina da soberania afirmativa.
No mundo repleto de relativismos, expressados até mesmo em tratados internacionais, o instrumento da soberania afirmativa revela-se importantíssimo para resolução de conflitos assimétricos e legitimação territorial em guerras híbridas, envolvendo interesses de ordem difusa, nacional, religiosa e cultural.
A afirmação de soberania é, ao mesmo tempo, um contra-conceito à ideologia globalista e uma arma de reivindicação de domínio territorial face à "Nova Ordem Mundial".
Essa afirmação deverá servir também para eliminar de vez o engajamento mundialista, dissimulado e esquerdista, que descredenciou o Brasil de ser escolhido membro do Conselho de Segurança da própria ONU. Os efeitos dessa mudança de postura , portanto, serão sentidos não apenas no Oriente Médio e próximo mas, principalmente, na América do Sul e central.
Há um forte e simbólico efeito da mudança de atitude diplomática do Brasil junto à Organização das Nações Unidas, cuja fundação se deve também á operosa atuação da diplomacia brasileira no pós-guerra. O Brasil encontra-se alinhado aos EUA, Rússia, e vários outros países governados por soberanistas, visando combater a nefasta ideologia da "Nova Ordem Mundial". Por óbvio que esse alinhamento não se faz sem enfrentar a duríssima artilharia da mídia mainstream comandada pelos globalistas.
O patrocínio da "Nova Ordem Mundial" explica as sucessivas invectivas do funcionalismo aparelhado da ONU contra as ações de afirmação de soberania do Estado de Israel, da mídia mainstream contra as iniciativas brasileiras de ocupação racional do espaço amazônico, do establishment mundial contra a formação de uma organização africana independente e resolutiva e dos organismos ditos de "direitos humanos" - tomados por globalistas, contra ações mais efetivas para por fim à criminalidade e às ações terroristas no campo internacional.
O establishment brasileiro é súdito da "Nova Ordem Mundial". O Brasil tornou-se a partir da chamada "Nova República", um grande laboratório para experimentos intervencionistas - patrocinados por organizações não governamentais confessadamente postas a serviço dos interesses mundialistas. Esse intervencionismo reflete-se na pressão internacional gerada sobre o uso sustentável de nossos recursos naturais, com destaque para o que já denominados, tempos atrás, de "Diplomacia do Termostato", oriunda do Protocolo de Mudanças Climáticas de Paris. (*6)
A propósito, expressa a declaração da Comissão das Nações Unidas para o Governo Global, de 1999:
“O conceito de soberania nacional têm sido imutável, por um principio sagrado das relações internacionais. É um principio que cederá lentamente e enfaticamente aos novos imperativos da cooperação ambiental global.”
Os globalistas mantém legiões de servos inoculados na jusburocracia brasileira, incluso Ministério Público e cúpula do Poder Judiciário. Não por outro motivo, em especial no campo das relações de cunho ambiental e ecológico, a troca de discurso do governo se faz urgente.
O que fazer
É preciso abandonar a postura envergonhada e defensiva até hoje adotada pelo governo brasileiro, pela atitude afirmativa de soberania, trocando o proselitismo ambientalista pela diplomacia de resultados.
O fracasso do acordo "termostato" de Paris é iminente. As mudanças climáticas não serão combatidas com um proselitismo que distorce a atividade científica e rotula os críticos religiosamente, com se fossem hereges. Isso revela a necessidade de sairmos do "biquíni" climático para adotarmos medidas de proteção climática que realmente tragam benefícios para a população brasileira - no campo da defesa civil e da produção de alimentos.
É preciso abandonar o principiologismo "construído" teleologicamente para ferir interesses nacionais do Brasil, e adotar princípios extraídos deontologicamente, com base na experiência reiterada com resultados comprovados.
Essa medida passa pela substituição dos doutrinadores proselitistas e baba-ovo, por cientistas e juristas realmente engajados em buscar soluções práticas e realistas para as grandes questões que envolvam a cooperação internacional e a soberania do Brasil. Eles existem, apesar do patrulhamento acadêmico efetuado pelos globalistas, aqui e lá fora.
Por fim, é necessário combater firmemente o establishment inoculado no território nacional, e isso implicará em uma batalha dura, longa, complexa e difícil, contra globalistas situados na direção dos poderes legislativo e judiciário, nas lideranças das grandes corporações públicas e privadas, nos governos estaduais e nas entidades de classe empresariais e financeiras.
O risco de rupturas institucionais deve ser, portanto, rigorosamente avaliado - isso se quisermos resgatar a dignidade da Nação e somar esforços no combate duro à Nova Ordem Mundial e seu nefasto rol de imoralidades e tragédias.
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