Faça hedge; compre insumos; faça média na soja e não assuma dívidas
Nesta quarta-feira (16), o economista da FARSUL, Antônio da Luz, conversou com o Notícias Agrícolas para comentar algumas situações referentes à escalada do dólar e o que esse momento pode refletir nas decisões do agronegócio brasileiro.
Para ele, este não é um momento de contrair dívidas em dólar, já que, embora exista um um indicativo forte de que a taxa de câmbio deva continuar crescendo, este fator não é garantido para os próximos meses.
Orientações sobre o mercado da soja
Segundo Luz, este é um momento para que o produtor faça uma média e aproveite o preço da soja que está no mercado. O ideal, contudo, seria que os produtores utilizassem mecanismos de contratos de opções, o que resolveria o problema no que diz respeito a participar das altas, mas como essa não é uma operação frequente no Brasil, fazer uma média é uma saída para buscar um ajuste no momento atual.
Este, na visão do economista, também é um bom momento para comprar insumos. Independentemente da taxa de câmbio, o mês de maio é tradicionalmente conhecido como um período interessante para fazer essas operações, já que conta com uma baixa liquidez.
Ele aconselha os produtores a conversarem com um corretor e entender quanto está custando algumas opções de compra de taxa de câmbio para para ter algum ganho no mercado financeiro e equalizar a alta nos insumos.
Política externa
Ele aponta que o crescimento econômico dos Estados Unidos faz com que haja alguns sinais inflacionários e um ganho real no país norte-americano. Contudo, ele não concorda com a briga de Trump com a China para proteger o aço local, "porque não foi assim que os Estados Unidos chegaram onde chegaram".
Nesse momento, o dólar ganha valor. A Argentina, por sua vez, embora tenha conseguido refinanciar sua dívida pela manhã, sofre um ataque especulativo sobre sua moeda local, o peso, o que fez com que o presidente Maurício Macri buscasse a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Política interna
Na visão de Luz, fazer um atalho especulativo no Brasil é possível, "mas não é qualquer coisa que vai derrubar o real", já que o país possui uma grande reserva internacional. O que está ocorrendo, contudo, é um ajuste na taxa de câmbio que reflete na moeda.
A corrida eleitoral, até o momento, não traz nenhum candidato que defenda abertamente a bandeira do ajuste fiscal, o que vai contra as expectativas do mercado. O atual presidente, Michel Temer, não consegue aprovar mais nada neste momento e a Reforma Previdenciária, que também vinha sendo aguardada pelo mercado, não é mais comentada e não há garantia de que essas medidas terão continuidade.
Confira a entrevista completa no vídeo acima
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