Álvaro Dias entra na disputa com baixa rejeição na pesquisa
Nesta segunda-feira (16), o jornalista João Batista Olivi conversou com o senador Álvaro Dias (Podemos), pré-candidato à Presidência da República, com foco na corrida presidencial, repercutindo a pesquisa do Datafolha, divulgada ontem. Eles também conversaram sobre o fim do foro privilegiado e sobre a reunião da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que será realizada nesta terça-feira (17).
Para Dias, até as eleições, "é preciso alertar a população dos riscos que o Brasil está correndo se tivermos uma escolha inadequada" de candidatos. Ele cita que o país passa por uma grave crise e um desemprego perturbador, de forma que estes problemas teriam de ser vistos com atenção.
Ele aponta que, para sua candidatura, existem grandes desafios, como descolar a economia da administração pública do Brasil, convencendo empresários e trabalhadores de que "a economia tem vida própria". Para o senador, também é pertinente criar um ambiente de negócios que favoreça os investimentos, recuperando a respeitabilidade do país.
Dias é autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Foro Privilegiado, que não pode ser votada em detrimento da intervenção federal no Rio de Janeiro, mas que tampouco avança em discussões. A PEC está na Câmara dos Deputados desde junho - e ele visualiza que a aprovação dessa proposta comprometeria a trajetória política de muitos parlamentares.
-- "Me parece que houve aí uma espécie de malandragem, uma motivação extra na intervenção do Rio de Janeiro", avalia o senador.
No cenário eleitoral, Dias também não se posiciona como um candidato de esquerda ou direita, mas visualiza que deve trazer propostas de ambos os lados da polarização política para construir suas ideias. O desejo do pré-candidato é de "romper com esse sistema que vem de um modelo político retrógrado".
Ele convida a todos os produtores, lideranças do meio rural e setores organizados do agronegócio brasileiro para estarem presentes amanhã, em Brasília, às 12h30, para uma reunião com a FPA, na qual os principais problemas do agronegócio brasileiro serão debatidos.
Juiz da Lava Jato diz que foro privilegiado é ‘escudo’ (no ESTADÃO)
Sergio Moro afirmou que a prerrogativa para políticos e magistrados não funciona, em simpósio na Escola de Direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos principais casos da Lava Jato, defendeu nesta segunda-feira a aprovação de uma emenda constitucional que acabe com o foro privilegiado de todas as autoridades, incluindo os magistrados. Em sua opinião, o privilégio funciona como um “escudo” contra a responsabilização perante a lei.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto, marcada para o dia 2 de maio, deverá reduzir a abrangência do foro privilegiado, mas sua total eliminação só será possível por meio de uma emenda constitucional. Questionado se o fim do instituto não traria o risco de pressão política sobre decisões de juízes de primeira instância, Moro disse que outros atores atuam no processo, como o Ministério Público, e manifestou esperança de que a “sociedade civil” fiscalize o Judiciário.
“Toda mudança tem benefícios e, eventualmente, efeitos colaterais”, afirmou, ressaltando que o foro privilegiado não funciona na prática. “A vida é um experimento. Governar também é, e leis também são”, afirmou em entrevista durante simpósio legal realizado na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também defendeu o fim do foro privilegiado, que violaria o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei. Para ela, o instituto é um dos elementos que contribuíram para o sistema de corrupção existente no Brasil. Dodge afirmou que a extinção do privilégio aumentará a credibilidade dos juízes de primeira instância.
“Uma das grandes lições da Lava Jato é que as respostas mais efetivas e firmes contra a corrupção vieram de juízes que estão no primeiro grau da carreira e, não por acaso, dois deles estão aqui neste evento”, declarou Dodge no mesmo evento, referindo-se a Moro e a Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro.