Sem reforma da previdência, rebaixamento da nota de risco do país e fuga de investidores podem interromper retomada econômica
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, conversou com o Notícias Agrícolas sobre a Reforma da Previdência, à qual ele se posiciona a favor da aprovação em função de seus impactos no cenário econômico.
Vieira avalia que a não-aprovação poderia causar o rebaixamento da nota brasileira frente a um ciclo de recuperação macroeconômica que depende de investimentos econômicos. No próximo ano, os Estados Unidos devem elevar sua taxa de juros e tendem a atrair uma parte do capital que seria direcionado ao Brasil.
Para o economista, a Reforma também viria para "equalizar as contas públicas" e "fazer com que a economia real se reative". A perspectiva de continuidade de corte de juros, como ele salienta, também depende dessa aprovação. "Se a reforma não ocorrer, retiramos a confiança dos investidores, dos consumidores externos e das agências de classficiação de risco", aponta.
Ele também destaca que o alvo principal da Reforma é a previdência pública que, sozinha, ocupa mais valores do que o INSS. Sabido este ponto, o economista acredita que o apoio da população para os trabalhos também irá se refletir no apoio dos deputados. Para o economista, há reflexos de uma falta de articulação passada do Governo em relação aos desdobramentos das regras que estão inclusas nesta reforma.
O Governo de Michel Temer, contudo, vive uma questão política complicada, pois, ao mesmo tempo em que o presidente perdeu parte de seu poder político, o momento da votação teria uma proximidade grande com as eleições de 2018, bem como as discussões no âmbito pessoal dos políticos também interferem no andamento. Alguns partidos, como o PSDB e o PMDB, também não fecham questão a respeito da votação.
O dólar, por sua vez, se mostra elevado diante das incertezas, em um momento no qual o dólar global caiu em função das movimentações do Banco Central Americano (FED). "Não estamos mais operando por parâmetros técnicos e, sim, políticos", afirma Vieira.