O agronegócio continuará sendo a âncora da economia brasileira, mesmo diante de tantos obstáculos?
Dentre vários acontecimentos que afetam diretamente o setor do agronegócio, como a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal e a aprovação pela constitucionalidade do Funrural, o Notícias Agrícolas convidou o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da Macrosector Consultores, para discutir qual é o real papel da agropecuária na economia brasileira.
Silveira começa destacando que o agronegócio tem um peso no Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 23%. Esta é, portanto, uma participação bastante relevante que "não pode mudar de uma hora para a outra", como aponta o economista. Logo, a tendência é que a participação aumente no médio prazo, já que o setor é importante para o país na geração de exportações, renda e emprego.
O momento de fragilidade nas exportações de alguns setores é visto por Silveira como um efeito mal planejado da operação Carne Fraca, que gerou um estrago considerável. Ele avalia que isso deve ser recuperado nos próximos meses em função da "realidade dos fatos", dentre os quais a competitividade do segmento de carnes no país, a qualidade do produto e os volumes crescentes de exportação.
O setor, na visão do economista, não está em crise. "É um momento diferente, apenas", destaca. Ele salienta a possibilidade de um problema de fluxo de caixa no curto prazo por conta dos efeitos, mas que depois o Brasil passará a operar com maior transparência e maior vigor.
No que se refere ao Custo Brasil, este continuará sendo um problema, já que é algo a ser superado por toda a sociedade, que deve fazer escolhas e optar por custos menores em fatores como infraestrutra, logística, carga tributária menor e juros menores, na visão de Silveira. Para ele, em episódios como a Carne Fraca e a aprovação do Funrural, falta ainda uma assessoria econômica e financeira para alguns setores da República.
O dólar se encontra hoje na casa dos R$3,10, sem sinais de recuperação. Para o economista, o Banco Central continuará mantendo a moeda americana nesses patamares para controlar a inflação. O mais provável é que a moeda encerre o ano a, no máximo, R$3,30. Os juros, por sua vez, devem continuar caindo, mas a recuperação imediata do aquecimento do mercado doméstico não deve vir tão imediatamente.