Dólar pode recuar para menos de R$3,00 com aumento do número de investidores e de capital estrangeiro no país
Recentemente, o ministro da economia, Henrique Meirelles, afirmou que a "recessão já acabou" no Brasil. De acordo com Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o tom de otimismo "é para valer", com um "cenário de recuperação da economia consolidado neste iníico de ano".
Vale acredita que, com todos os dados que estão sendo divulgados, a tendência é que o primeiro trimestre de 2017 apresente números positivos de Produto Interno Bruto (PIB) no país. O quarto trimestre de 2016 já apontava para sinais de retomada, o que indicaria a recuperação que está se consolidando, em decorrência do ajuste fiscal, como a aprovação da PEC dos Gastos e o andamento da Reforma da Previdência.
Com isso, o economista aponta que as taxas de juros começaram a cair e que o país caminha para uma taxa de juros de 1 dígito, o que teria um impacto bastante positivo no segundo semestre.
Agronegócio e a economia brasileira
O agroneǵocio, para o qual estima-se um aumento de produção significativo, deve ter forte influência nessa balança, sobretudo, no PIB. Logo, Vale aposta que "o agronegócio vai ter um papel muito importante nesse processo de recuperação da economia".
As taxas de juros mais baixas também estimulam os consumidores e os empresários a voltar a investir. O grande desafio é diminuir o spread ao longo dos anos para estimular o consumo.
Situação do câmbio no setor
Do lado do câmbio, no entanto, as notícias não são tão positivas para o setor agrícola. Com o ajuste fiscal e o controle da dívida, o país se mostra em uma posição diferente, caminhando para uma estabilidade econômica o que, consequentemente, aumenta o número de investidores e de capital estrangeiro no país. Logo, a tendência é de apreciação da do real daqui para frente.
A única possibilidade de uma depreciação no câmbio viria com uma crise muito mais grave nos Estados Unidos ou na Europa, colocando incerteza no mundo como um todo, ou a eleição de um presidente no próximo ano "ou de extrema direita ou de extrema esquerda", como define Vale, além da não-aprovação da Reforma da Previdência.
Neste momento, o atual cenário da economia brasileira deixa o país alheio ao fator Trump, o que justifica a falta de impacto das ações do presidente norte-americano na taxa de câmbio do país.
Para que o câmbio influenciasse menos no agronegócio, na opinião de Vale, o país precisaria compensar gerando produtividade e melhorando de forma significativa, nos próximos anos, a infraestrutura do país, além de diminuir os custos de logística.
Ele destaca que o setor "é o mais competitivo da economia brasileira" e que "o câmbio, às vezes, machuca, mas em compensação há a possibilidade de ganhos de longo prazo". O Brasil e a Argentina, na visão do economista, continuarão a ser relevantes para alimentar o mundo e, "cada vez que o Brasil melhora, temos que pensar que o custo para o produtor fica cada vez menor".