Entenda como a variação dos juros americanos pode afetar preços das commodities e impactar o câmbio no Brasil
Ontem (1), o Banco Central Americano (FED) optou por não reajustar a sua taxa de juros, que se manteve entre 0,5% e 0,75%. No entanto, uma guinada na economia dos Estados Unidos poderia elevar essas taxas para conter a inflação e, consequentemente, este movimento iria respingar diretamente nas commodities.
De acordo com Lúcio Soares, gerente da mesa agrícola da Guide Investimentos, o aumento das taxas provocaria "uma pressão baixista nas cotações de todas as commodities", já que, por um tempo, o carregamento dessas commodities ficaria mais caro.
Por outro lado, um eventual aumento das taxas ao longo de 2017 poderia provocar uma reversão ou diminuição do fluxo de dólares no Brasil, o que gera desvalorização no real e, consequentemente, compensa os produtores rurais nas suas negociações.
Ele aponta também que "ainda é cedo para falar de uma tendência de desvalorização do real", mas que com a queda das taxas de juros brasileiras e um possível aumento das taxas americanas, há uma pressão maior para este movimento. Na contramão, outros componentes políticos do Brasil, em especial a Reforma da Previdência, poderiam gerar uma sinalização para que os estrangeiros enxergassem o Brasil como investimento e, com isso, a moeda local seria valorizada.
A tendência divulgada até então pelos bancos para a moeda americana é de R$3,30 a R$3,70 ao longo do ano. Soares acredita que, com o dólar nesse patamar, os preços seriam remuneradores para os produtores. Abaixo de R$3, ficaria inviável para algumas regiões no país.
Na opinião do gerente, a eleição de Donald Trump e o cumprimento das suas propostas, a curto prazo, gera uma euforia, mas a longo prazo, ele acredita que "não vai dar muito certo" levar algumas ideias adiante.