Potencial agrícola do Matopiba necessita de suporte tecnológico em climatologia para evitar perdas

Publicado em 28/11/2016 15:17 e atualizado em 28/11/2016 17:17
O potencial agrícola do Matopiba necessita de suporte tecnologico em climatologia para evitar perdas como as acontecidas nas duas últimas safras. Acompanhe a posição de André Nassar, sócio-diretor da Agroicone, recentemente envolvida em polemica sobre o desenvolvimento daquela importante região agrícola do País.
Confira a entrevista de André Nassar - Diretor da Agroicone

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Uma polêmica ronda em torno do Matopiba desde que o jornal Valor Econômico, baseado em um estudo preliminar da consultoria Agroicone, disse que a região não teria condições de desenvolvimento de suas lavouras. A situação levou até mesmo a um pedido de resposta por parte dos representantes do Matopiba, mas a própria consultoria bateu de frente com a matéria publicada, que não reflete os reais resultados obtidos.

De acordo com André Nassar, diretor da Agroicone e ex-secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, "não faz o menor sentido uma consultoria como a Agroicone fazer uma análise para julgar se o Matopiba é uma região melhor ou pior do que as outras". Ele destaca que a região tem grande potencial, cresceu muito e irá continuar crescendo, portanto, considerou importante ter a oportunidade para dissipar as dúvidas.

Nassar, que também fez parte do plano da ex-ministra Kátia Abreu de criar uma Agência de Desenvolvimento do Matopiba, aponta que o documento da Agroicone é baseado em um estudo da Agrosatélite que trouxe uma análise da expansão de grãos do cerrado como um todo. A real informação do estudo é de que no Matopiba houve mais abertura de área do que expansão por meio da pastagem para iniciar a produção de grãos, mas que em nenhum momento aponta baixo estoque de área.

Ele destaca que não acha correto que a viabilidade da região seja baseada em dois a três anos nos quais a produção sofreu com a seca - especialmente porque as condições climáticas já se mostraram diferentes neste ano, garantindo produtividade para os produtores. Ele acredita que deve-se realizar uma análise de risco para aqueles que desejam investir na região, mas essa análise também deve ser feita para outras áreas, como o Mato Grosso.

O trabalho na política orientada para o Matopiba, do qual Nassar participou no governo de Dilma Rousseff, enxergou um desafio tecnológico relevante para a região, como o problema da ausência da segunda safra, que ainda deveria ser solucionado. Ele aponta a necessidade de procurar uma solução para resolver os problemas no Matopiba, lembrando que há várias tecnologias que já são utilizadas para alguns produtores, mas que não são difundidas.

Os dados, segundo ele, estão dentro do Ministério da Agricultura atual e podem ser aproveitados. "Tem que entender o Matopiba como uma região fundamental para gerar emprego e riqueza. Por isso, é importante que a agricultura cresça", destaca.

Mesmo que a conversão de área seja maior, ele também acredita que o Matopiba tenha potencial para expandir por meio da área de pastagem e também de Cerrado que pode ser aberto. Mas, neste momento, ele destaca que o ganho será maior em cima de produtividade, o que leva os produtores a investirem nos ativos que já possuem.

Em hipótese alguma, ele aponta, o estudo teve a motivação de dizer que a área não era viável por conta dos problemas ambientais. "A gente veste o sapato do produtor, que paga a conta, assume os custos e inova nas boas práticas", diz.

Perspectivas para o agro

Em suas perspectivas para o agronegócio como um todo, Nassar lembra que a última safra teve problemas climáticos relevantes que devem ser compensados na safra 2016/17. Ele vê este momento como importante para que o produtor faça um bom trabalho e olhe mais para dentro para reduzir o endividamento e o custo de capital, além de também melhorar e aprimorar a estrutura de gestão. Uma boa safra, para ele, trará boa rentabilidade e será fundamental para amortizar o endividamento, que piorou na safra 2015/16.

A incerteza gira em relação ao dólar. A perspectiva de um dólar mais forte é positiva para o setor, em um momento no qual os preços não serão elevados como 2010/11.

Para o mercado da cana, ele ainda vê um endividamento muito grande, que dificilmente será resolvido nesta safra. Já para a pecuária, ele lembra que 2017 deverá ser um ano de baixo consumo, ainda faltando o fundamento da demanda interna para uma recuperação dos preços do boi.

 

Por: João Batista Olivi e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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