Tendência de alta do dólar no Brasil vem de incerteza do mercado sobre capacidade do governo para aprovar medidas econômicas
As incertezas sobre aprovação de medidas importantes para estabilização da economia, como a reforma da previdência, podem dar fôlego para movimento de alta do dólar.
A afirmação é de Renato Costa, CEO do Grupo Financial. Ele aponta que, se o presidente Michel Temer não conseguir aprovar a medida no Congresso, irá se criar uma dúvida na economia brasileira, o que provoca a fuga do dólar no mercado brasileiro.
A especulação traz uma mudança do mercado, com um dólar bastante volátil. Após a eleição de Donald Trump, o dólar também alçou altos patamares - coisa que deve ser resolvida quando o governo do presidente eleito nos Estados Unidos deixar de ser especulação, embora surpresas ainda possam acontecer, já que Trump mudou algumas declarações após a sua eleição. "O plano de governo ainda não está definido", aponta Costa.
O aumento da taxa de juros por parte do FED também pode ajudar nos rumos do dólar, mas as alterações mais significativas devem vir por parte do mercado interno. Caso não haja a aprovação da Reforma da Previdência, que é uma medida impopular, o mercado pode entender que o governo atual não está tendo pulso para comandar a economia do país, o que provocaria uma saída do dólar.
Costa lembra ainda que, se a medida de Temer for protelada para o próximo ano, o fator gerará volatilidade e expectativa no câmbio. Se for aprovada, haverá queda no dólar. Caso contrário, a tendência da moeda é subir.
"Ainda é muito cedo para conseguir traçar um final de 2016", diz o CEO, lembrando que o mercado está trabalhando, no momento, prioritariamente com a especulação, e não com a certeza. As indústrias e outros setores estão otimistas para o final do ano, por outro lado, aguardando uma recuperação da economia "que o país busca há tantos anos", afirma.
São esperadas também medidas populares que ajudem o crescimento do agronegócio e da indústria em geral. "Neste momento, o Brasil precisa de mais investimentos para crescer", atesta Costa.
Exportações
Para o primeiro semestre de 2017, o CEO vê um patamar de referência muito positivo, uma vez que haverá a entressafra americana e uma precificação maior em relação aos grãos. Devido à incerteza do mercado que ainda deverá pairar, o aumento do dólar será benéfico para os produtores brasileiros.
Neste momento, ele aconselha os produtores a aguardarem este período de melhores preços, além de apostar em uma tendência de dólar alto para todo o próximo ano, podendo bater novamente os R$4 em algum momento, embora ainda aponte que é precoce emitir uma tendência correta.