Recuo nos últimos dias não significa tendência de queda para o dólar. Expectativas se voltam para o dia 15 com juros nos EUA
A cotação do dólar recuou abaixo dos R$ 3,40 nesta quarta-feira (8), pela primeira vez em quase um ano. A queda acentuada reflete principalmente as apostas de que os Estados Unidos não deve elevar a taxa de juros no curto prazo.
Juros mais baixos nos EUA tendem a favorecer ativos emergentes, que oferecem retornos elevados, com isso o mercado norte-americano se torna mais atrativo frente às outras moedas.
A expectativa recente de que o FED (Federal Reserve) não eleve o câmbio se deu após dados fracos sobre o mercado de trabalho norte-americano e declarações da chair do banco central norte-americano, Janet Yellen.
O economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, lembra, no entanto, que algumas interpretações sobre a fala da chair foram, em certa medida, equivocadas.
"Ela disse que a leitura ainda não está definida e não se pode fazer a analise por um indicador solo como foi observado agora", explica.
Partindo desse pressuposto, Vieira considera que o recuo do dólar nos últimos dias não significa necessariamente uma tendência de médio e longo prazo.
Segundo ele, o direcionamento da taxa de câmbio só deve ser estabelecido realmente, após o dia 15 de junho, onde ocorre a reunião do FED com a definição da taxa de juros.
"A expectativa majoritária do mercado é de que não vai acontecer nada, mas ainda vejo uma possibilidade de elevação de juros por conta da normalização da política monetária americana", considera o economista.
No cenário interno, a pressão da inflação limita o corte de juros no curto prazo e as indefinições quanto à política do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em relação ao câmbio, também influência.
Ilan defendeu na véspera o "respeito ao regime de câmbio flutuante" em audiência no Senado e a declaração serviu de gatilho para o ajuste no mercado de câmbio.
"O posicionamento dele em relação ao câmbio é uma dúvida que só começará a ser respondida a partir de amanhã, quando assume definitivamente", ressalta Vieira.
O economista também considera que apesar das indefinições sobre o dólar, "acima de R$ 3,00 ainda é um cenário benéfico para o setor externo brasileiro (exportações)".