Miguel Daoud comenta a condução coercitiva do ex-presidente para prestação de depoimento e os impactos seguintes, principalmente, no mercado financeiro
A população brasileira acordou nesta sexta-feira (04) com a deflagração da nova operação da Lava Jato, tendo como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra o qual foram expedidos mandados de condução coercitiva e busca e apreensões, para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema envolvendo a Petrobras.
A operação denominada de “Aletheia” faz referência à expressão grega que significa 'busca da verdade', e pode trazer novo fôlego ao mercado financeiro. Segundo o economista, Miguel Daoud, somente a possibilidade de alteração no governo já traz um sentimento positivo aos investidos.
"Os investidores já estão se posicionando e deve haver uma queda de mais de 2%, mas esse não é um patamar que deve permanecer, porque o ponto de equilíbrio do dólar está entre R$ 3,80 a R$ 3,90, então isso é um otimismo exagerado do mercado", explica Daoud.
De acordo com ele, no aspecto político a importância da operação é trazer em evidência a população brasileira de que a justiça é feita para todos, assim como está previsto na Constituição Federal.
Com o mandado coercitivo contra Lula, a operação chega cada vez mais próxima a presidente Dilma Rousseff. De acordo com a declaração do procurador do Ministério Público Federal, Carlos Fernando dos Santos Lima, Dilma e Lula foram os principais beneficiários políticos do esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato.
"Isso tudo leva a presidenta Dilma a três opções: ou ela renuncia, ou sofre impeachment que deve começar a ganhar corpo nas próximas semanas, ou por fim, deixar o poder por decisão da Justiça Eleitoral por ter sido beneficiada com dinheiro irregular"
No melhor cenário, segundo ele, o Tribunal de Justiça Eleitoral condenaria os mandatos de ambos, Dilma Rousseff e Michel Temer (vice-presidente), abrindo oportunidade para a escolhe de um novo governo através de eleições populares.
"Agora, tudo irá depender muito da manifestação popular que pode sensibilizar o Congresso", ressalta o economista.
Diante de todo esse contexto, Daoud afirma que para o agronegócio, sobretudo os produtores rurais, esse é um momento positivo para operações de compra que estejam fortemente indexados ao câmbio.
Recentemente o economista declarou em entrevista ao Notícias Agrícolas que os produtores deveriam ficar atentos a possibilidade de queda no dólar, diante da possibilidade de renuncia, ou impedimento de continuidade do governo Dilma.
O dólar tem favorecido a composição de preços da soja e, mantido em patamares elevados o valor da saca, que era para estar ainda mais defasado.
"Se o produtor comprar o insumo hoje, ele precisa travar o preço, de forma que garanta pelo menos o custo. Ele não precisa fazer isso com toda a produção, mas pelo menos um percentual para se assegurar", pondera o economista.