Saída de Dilma seria bem vinda para o mercado, avalia economista; dólar foca juros nos EUA
Nesta sexta-feira (04) o mercado financeiro voltou a refletir os desdobramentos do acolhimento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e também os dados fortes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Por volta de 15h50 (horário de Brasília), o dólar recuava 0,5% e era cotado abaixo dos R$ 3,75 após fechar a sessão de quinta-feira (03) com queda de mais de 2%. Na máxima desta sessão, a moeda norte-americana atingiu 3,7895 reais e, na mínima, foi a 3,7310 reais.
Segundo o economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, a economia dos EUA criou mais vagas que o esperado em novembro, dando uma demonstração do aquecimento da economia, que como conseqüência deve estimular a elevação dos juros ainda neste ano.
"Existe uma projeção de crescimento de 200 mil vagas em média nos Estados Unidos, e os números trouxeram 211 mil, porém mais importante que isso, houve uma revisão dos números anteriores aumentando mais de 20 mil vagas no levantamento anterior. Isso mostra que o cenário americano está firme em relação ao aumento de juros, e no momento desse anuncio chegou a puxar bastante o dólar, mas o contexto político está pesando um pouco mais", explica.
O relatório de emprego foi divulgado um dia após a chair do Fed, Janet Yellen, dar um tom otimista sobre a economia quando falou a parlamentares, descrevendo como a economia atingiu os critérios estabelecidos pelo banco central para a primeira elevação da taxa de juros desde junho de 2006.
Para Vieira, esses dois cenários devem continuar influenciando a taxa do câmbio por um período relativamente longo, sendo os fatores internos um item de pressão baixista e os dados da economia norte-americana motivos de alta.
Uma possível elevação dos juros dos EUA irá atrair capital internacional e força uma valorização global do dólar e, no Brasil a tendência é de subir "o câmbio pelo menos na faixa dos R$ 4,00", considera o economista lembrando que o mercado ainda volta suas atenções ao cenário político interno.
Para as commodities "os fundamentos de cada mercado tendem a pesar mais sobre os preços do que a valorização global do dólar", explica Vieira. Mas ainda assim, é fundamental que os produtores se planejem para evitar perdas em momentos de grande volatilidade.
No mercado local, o cenário político continuava sendo o centro das atenções após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acatar na quarta-feira (02) pedido de abertura de processo de impeachment.
Esses dados foram absorvidos com otimismo pelo mercado financeiro. No primeiro dia útil após o anúncio, o principal índice da Bovespa fechou a quinta-feira (03) com o maior ganho diário em um mês, e o dólar registrou o maior recuo diário no período de um mês.
"O difícil dessa situação é que estamos operando pelo imponderável, que é a questão política que depende demais de situações das quais não temos controle. Então, por mais que o mercado goste disso agora, amanhã pode não gostar mais, é muito instável", declara Vieira.