Os caças, nossa grana e Raul
Em meio a escândalos de corrupção, crise política e econômica, dificuldade de aprovação das medidas do ajuste fiscal e, anúncio da possível demissão do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na última sexta-feira (16) a presidente Dilma Rousseff embarcou para a Suécia para firmar o acordo da compra de 36 caças da força aérea.
Em 2013, depois de 15 anos de negociações, o governo brasileiro anunciou a compra dos caças, que farão parte da frota da Força Aérea Brasileira (FAB). A venda dos aviões militares Gripen de nova geração foi acordada com a Saab (empresa sueca) por US$ 5,4 bilhões.
Questionada se a compra dos caças não estaria sendo feita em má hora, já que o Brasil enfrenta uma séria crise política que exige o corte de gastos, a presidente respondeu: "Não é um projeto que compromete os recursos do Brasil. O Brasil tem todas as condições econômicas de suportar um projeto deste tamanho. Não há uma implicação direta entre a crise econômica e o projeto, que é perfeitamente suportável para o Brasil".
Em contrapartida as afirmações da presidente, o jornalista João Batista Olivi lembra que o governo deve enviar nesta semana uma nova meta para o Orçamento de 2015, finalmente admitindo que haverá déficit, pois faltará dinheiro para fechar as contas neste ano. O rombo ficará na faixa de -0,5% a -0,85% do PIB. O buraco total, na previsão mais pessimista (a mais provável), equivale a R$ 49,9 bilhões.
Diante dessas informações Olivi questiona: "caças para quê? Gastando R$ 5,4 bilhões será mesmo que precisamos de ajuste?" e lembra ainda que "somando esse valor com os mais de R$ 40 bi que vai custar os Jogos Olímpicos, temos R$ 60 bilhões que poderiam ser aplicados para reverter o déficit", completa.