Preocupações com a economia da China provocam queda generalizada das commodities, reação inicial é exacerbada
Publicado em 24/08/2015 11:28
Segunda-feira negra após uma queda brutal das ações chinesas espalhando rumores sobre o crescimento da economia de uma das mais importantes economias do mundo. Entre as commodities, movimento negativo generalizado, no dólar, novas altas e moeda renovando suas máximas em 12 anos frente ao real. Petróleo abaixo dos US$ 40/barril. Especulações, neste momento, são muito elevadas. Veja a análise de Miguel Daoud para o cenário macroeconômico.
A sessão desta segunda-feira (24) está sendo marcada pela queda de todas as 66 ações do índice Ibovespa. As ações da Petrobras, por exemplo, afundaram logo no início da abertura do mercado de hoje, com o petróleo recuando 4,11% a US$ 43,59.
Este cenário de queda é decorrente das fortes desvalorizações da moeda chinesa, que também trouxeram indefinição ao cenário global e fizeram com que a bolsa de Xangai despencasse 8,46%. Segundo analistas, o governo chinês informou, no último final se semana, que vai permitir que os fundos de pensão comprem ações. Já a especulação sobre corte de compulsórios para estimular a economia, não se confirmou. Ao mesmo tempo, as cotações de commodities tiveram a maior queda em 16 anos.
Depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal – STF, Gilmar Mendes pediu a investigação da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), o mercado segue avaliando a crise política no Brasil.
Do mesmo modo, a previsão para o Produto Interno Bruto - PIB em 2015 oscilou de uma retração de 2,01% para uma de 2,06%. Já no caso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, que mede oficialmente a inflação, as projeções caíram de 9,32% para 9,29%.
Segundo o analista financeiro Miguel Daoud em entrevista para o Notícias Agrícolas, nesta manhã (24), apesar do crescimento da China, ainda existem na nação asiática bolhas, como cidades vazias, imóveis fechados, entre outros fatores que contribuem para este cenário de queda.
“A formação de preço de commoditie se dá por dois fatores: oferta e demanda e o mercado futuro - que é o canal de especuladores. No momento, o que está acontecendo é que o fundamento que mudou e trouxe essa reviravolta na economia mundial foi o sentimento dos investidores no mercado futuro mundial, que fez haver modificação na economia real do mundo e eles se anteciparam e acreditam que a China não irá crescer, então optaram por sair de alguns ativos que estão linkados à nação asiática. No entanto, no Brasil 70% do índice de bolsa de valor de São Paulo (SP) são de empresas que estão voltadas para o mercado chinês e então houve esse sentimento em ascensão”, explica.
Ainda segundo o analista, é um momento que preocupa, mas não pode trazer apavoramento, uma vez que a demanda da China em relação à soja e outros mercados, vai continuar. “Os preços já estão se ajustando a esse movimento do mercado internacional, então agora é bom ficarmos quietos, apenas observando os mercados”, sugere o analista.
Diante desse cenário, o mercado futuro traz preocupações para o presente momento. “Todos os preços estão caindo, se comparado aos da semana passada, mas este movimento não deve continuar.”, diz.
Em contrapartida, o preço do barril que está caindo abaixo dos US$ 40,00, significa uma sobra de dinheiro para os países que hoje compram petróleo e, que pode resultar em uma compra maior de alimentos.
“Só a China economiza 300 bilhões de dólares com essa queda no preço do barril do petróleo, então eu diria que o mundo está se acomodando e está havendo um acerto das posições. Está havendo um ajuste pelo canal financeiro que são os investidores posicionados no mercado futuro mundial, preocupados com duas coisas: crescimento da China e elevação de juros nos EUA,” esclarece.
Com isso, os preços das commodities sofrem alterações, portanto o momento para o produtor rural, segundo o analista é de despreocupação.
“O produtor deve permanecer apenas atento aos mercados, sabendo que os preços não vão derreter. Teremos preços melhores, mas não tão melhores assim. A acomodação de preços será perto da média histórica e nós já estamos chegando lá, portanto essa volatilidade não requer nenhuma atitude dos agricultores nesse momento”, finaliza.
Por: Nandra Bites e João Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas