Economia: Dólar ainda deve registrar intensa volatilidade e buscar equilíbrio nos R$ 3,10, diz economista
A manifestação contra o governo da presidente Dilma Rousseff e a corrupção tomou as ruas de 24 capitais brasileiras e do Distrito Federal neste domingo (12). Considerando as estimativas oficiais, 700 mil pessoas compareceram aos protestos.
Apesar de ter menos adesão de pessoas pelo Brasil, o número de cidades que participaram foi maior do que 15 de março: 218 municípios em 12 de abril ante os 147 em 15 de março.
Segundo o economista, Roberto Troster, essas manifestações são importantes para o cenário econômico, haja vista que "a demanda por mudanças e a insatisfação é o primeiro passo para alcançarmos mudanças", afirma.
"Temos um potencial de recuperação muito grande, muita vezes no passado quando tivemos problema assim, as recuperações foram rápidas. Por exemplo, depois da crise Collor, fizemos mudanças na política econômica e veio o plano real", declara Troster.
E após 14 semanas consecutivas de projeções negativas para a inflação no Brasil, o Boletim Focus desta segunda-feira (14) reduziu a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os analistas estimam que o IPCA termine o ano com alta de 8,13%, em vez dos 8,20% estimados na semana anterior. A projeção para 12 meses à frente também suavizou, de 6,11% para 5,99%. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a projeção para este ano no Focus continua sendo de uma contração de 1,01%.
Para Troster, esses dados mostram que as políticas econômicas estão surtindo efeito no mercado, e o ajuste fiscal tem potencial para alavancar a economia nacional. Além disso, analisa que o dólar deve continuar volátil "indo de R$ 3,05 para R$ 3,20, depois caindo para R$ 3,08 até achar o patamar, que deve está por volta dos R$ 3,10". Pois isso, alerta que as operações em dólar devem ser escalonadas.
"Começou um processo de reversão, podemos ter alguma queda mais para frente, mas de maneira geral o PIB mais forte do que foi projetado e a meta de 4,5% de inflação no ano que vem, começa a ficar no horizonte as possibilidades do país", declara Troster.
O Boletim Focus também trouxe informações sobre a Selic (Taxa Básica de Juros) com um aumento de 0,50 pontos percentual nos atuais 12,75%. Troster considera que, com o alto nível de inflação, podemos ter novas altas de 0,50% ou 0,25% nos próximos meses, e "terminar o ano a 13,5%".
Diante desse cenário a agricultura deve ser o único setor a apresentar crescimento no país neste ano, considera o economista.
Economia China
Os dados de exportações da China surpreenderam o mercado nesta segunda-feira (13) e já preocupa quanto o crescimento econômico do país.
A forte queda de 15% em março - a pior em cerca de um ano - foi um grande choque devido às expectativas de alta de 12% e pode aumentar as preocupações sobre como a alta do iuan tem afetado a demanda por bens e serviços chineses no exterior.
Contudo, o economista afirma que a tendência para os preços das commodities neste ano é de baixa, por isso esses dados negativos da China não devem alterar significativamente essa tendência.
"Internamente a queda no preço das commodities foi menor do que desvalorização cambial. Liquidamente o setor agropecuário lucrou com isso", conclui o economista.