Crédito Rural: Problema mais grave na falta de recursos é a omissão do Ministério da Agricultura sobre o caso
A liberação de crédito rural no chamado 'pré-custeio' para a safra 2015/16 está paralisado em todo o país. Muitos produtores já reclamam que a demora na liberação atrasa a compra de insumos e fertilizantes para a próxima safra.
A temporada 2014/15 ainda está em fase de colheita, mas é praxe entre muitos agricultores comprar no primeiro semestre os insumos da safra que será plantada a partir de outubro, buscando melhores preços e condições logísticas para a entrega.
Segundo Miguel Daoud, analista financeiro, o crédito rural possui três fontes, sendo eles: o depósito a vista, a poupança e o BNDES. Todos eles sofreram uma grande redução por conta das medidas políticas e econômicas impostas pelo governo Dilma Rousseff.
"Como o crédito rural é um percentual desses instrumentos de política monetária, que estão diminuindo, evidentemente não tem dinheiro", ressalta Daoud.
Nesse cenário, o analista considera que a falta de liberação não é decorrente de aumento na taxa de juros, mas sim a falta de verba do governo. Sendo assim, a saída seria encontrar outras fontes de financiamento, ou seja, realizar um 'funding'. "Eles poderiam - em uma situação emergencial - usar os recursos do crédito a prazo, que é muito maior que o deposito a vista, mas isso depende da boa vontade e competência do Ministério da Agricultura", exemplifica Daoud.
Miguel explica que qualquer pessoa pode acessar o site do Banco Central e ter acesso à disponibilidade interna dos indicadores financeiros (deposito a vista e a poupança) e verificar que o governo não possui verba para custear o crédito rural.
"Em economia existe uma denominação técnica que é a base monetária, e tem o m1, m2, m3 que na realidade incorporam os meios circulantes - como dinheiro e títulos - quando você tem um sistema de crise, como estamos passando, uma das forças que o Banco Central tem de equilibrar a infração é reter o meio circulante. Então tiram o dinheiro do mercado sem selecionar o que será tirado", explica Daoud afirmando que o governo deveria dar mais importância para o setor produtivo do país.