BC anuncia que não renovará programa de swaps e dólar pode voltar a subir, mas mostrando volatilidade; crédito está ameaçado
Publicado em 25/03/2015 09:27
Brasil: Indicação do ministro da Fazenda é de que o câmbio não seja muito controlado pelo governo até que encontre seu ponto de equilíbrio. Assim, BC anuncia que não renovará programa de swaps por enquanto. Tendência é de volatilidade para a moeda americana. Na cena política, Congresso segue afrontando a presidente Dilma e fragilidade na base aliada se agrava. Veja o comentário de Miguel Daoud.
O Banco Central anunciou que não vai renovar o programa de leilões de swap cambial - que é a venda de dólar no mercado futuro com compromisso de recompra. O programa foi adotado pela Fazenda em agosto de 2013 como forma dar proteção contra mudanças na taxa de câmbio, e venceria no dia 31 de março.
O presidente do banco Central, Alexandre Tombini, anunciou a medida nesta terça-feira (25), e afirmou que a estratégia atingiu seu objetivo, desempenhando importante papel para a estabilidade financeira e da economia. A decisão já era aguardada pelo mercado.
Para Miguel Daoud, analista financeiro, a retirada da venda de dólar no mercado futuro é uma estratégia para conter a valorização do dólar. Além disso, o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já vinha sinalizando no mercado que iriam deixar o câmbio 'flutuar' para buscar o ponto de equilíbrio.
Desde 2013 os swaps cambiais somaram cerca de US$ 114 bilhões. Sendo assim, "o Banco Central já perdeu, com essas operações em torno de 17 bilhões de reais, para tentar segurar o câmbio. O que se espera é que o câmbio esteja próximo do seu equilibro que é R$ 3,20 a R$ 3,30 e com isso talvez sem a outra ponta que os especuladores usavam para ganhar dinheiro, então o câmbio tenha o seu equilíbrio", afirma Daoud que espera uma leve alta do dólar na abertura do mercado desta quarta-feira (25).
Contudo, nos últimos dias o dólar tem recuado significativamente, perdendo até R$ 20 centavos. Segundo Daoud quando as agências dão notas de credito para investimentos nos países, as empresas comunicam antecipadamente os governos. Sendo assim "o Brasil foi avisado que seria mantido a nota de crédito pela Standard & Poor's (S&P), e essa noticia provavelmente vazou, então o dólar caiu", completa.
Indexador das dívidas dos Estados
A Câmara aprovou na noite desta terça-feira (24), contrariando os interesses do governo, o projeto que garante a execução em até 30 dias da lei que alivia a dívida de Estados e municípios com a União. A medida foi aprovada por 389 votos a favor e 2 abstenções e contou até com o apoio de deputados petistas. O texto segue agora para votação no Senado.
Para Daoud são esses tipos de 'erros' que o governo não pode cometer, haja vista que a Presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral de 2014 enviou ao Congresso uma lei que "reduziria os indicadores das dividas dos Estados, de forma que eles pudessem pagar", explica. No entanto, após a confirmação da continuidade de seu governo voltou atrás na decisão e não regulamentou a lei, mas o Congresso decidiu interferir aprovando o projeto que dá 30 dias ao governo federal para regulamentar a lei.
Em vez do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) somado aos juros de até 9% ao ano, o cálculo da dívida passa a ser feito pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor (IPCA), com juros de até 4% ao ano, limitados pela taxa Selic.
"Inclusive vai retroagir a dívida, e esse é o problema, porque as contas públicas terão um aumento de quase 50 bilhões de reais. E isso mostra a total incapacidade do governo em administrar as coisas", ressalta Daoud.
Com esse cenário, as pesquisas divulgados por DataFolha e CNT/MDA nas últimas semanas mostram que a grande maioria da população está insatisfeita com a governabilidade de Dilma.
Crédito Rural
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, garantiu nesta segunda-feira (23) que não há falta de recursos para a safra 2014/2015.
Ela afirmou ainda que o governo e a equipe econômica entendem a força do agronegócio na economia e disse acreditar que os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) não deixarão faltar recursos para a próxima safra, de 2015/2016.
"Todas essas incompetências do governo estão batendo no crédito rural. E isso não é um favor do governo, pois o dinheiro do crédito agrícola estabelecido por lei, tem fontes de financiamento como o percentual dos depósitos a vista, aqueles que estão no banco e não são aplicados, e a caderneta de poupança", explica Daoud.
Sendo assim, com a crise econômica os 'depósitos à vista caíram a níveis de 15%', haja vista que os brasileiros têm reduzido seus investimentos e evitado as poupanças. Assim, o percentual para os financiamentos agrícola reduziram significativamente.
"Então o governo deveria fazer um funding, ou seja, arrumar outra fonte para suprir a falta de recurso. Mas não se fala nisso, o que eles estão esperando?", questiona o analista.
Com isso o mercado anda de lado, e para Daoud o reflexo desse cenário será na taxa da inflação.
Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas