Momento de instabilidade política e econômica no Brasil, além dos financiamentos travados, exige cautela dos produtores

Publicado em 23/03/2015 09:30
Preços internacionais dos alimentos apresentam queda no cenário internacional e momento exige cautela dos produtores rurais. Momento é de instabilidade política e econômica no Brasil e o crédito e o financiamento estão travados. Produtor tem que aproveitar os bons momentos de venda e de relação de troca nas operações de compras de insumos. Veja o comentário de Telmo Heinen.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), voltou a criticar a presidente Dilma Rousseff pelas medidas econômicas que o governo anunciou em janeiro. Ele acusa os petistas de trair os compromissos assumidos com a população durante a campanha eleitoral, inclusive lançaram um comercial durante o mês de março relembrando discursos da presidente Dilma e comparando com as medidas adotadas pelo governo deste primeiro trimestre do ano.

Além disso, em um artigo publicado nesta segunda-feira (23), o senador assume a oposição ao pacote fiscal desenhado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, um ex-colaborador do seu comitê eleitoral em 2014.

No entanto, Telmo Heinen, consultor de comercialização alerta que as propagandas deveriam ser mais claras, uma vez que induzem a popular a pensar que o ajuste fiscal é desnecessário, porém "se o Aécio tivesse ganhado os ajustes também seriam necessários, mas a propaganda deixa transparece que se o PSDB tivesse sido eleito os ajustes talvez não fossem necessários. Deveria explorar principalmente a questão de que ela (Dilma) usou argumentos para nos enganar", considera.

Nesse cenário, o Boletim Focus será divulgado nesta segunda feira, e pode agravar ainda mais a instabilidade política e econômica do Brasil, influindo também na votação das medidas de ajustes nos próximos dias, afirma Heinen.

 

Preço Internacional dos Alimentos.

De acordo com o índice de preços da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), seguindo uma tendência que já existia, em fevereiro houve uma queda média de 1% em relação a janeiro.

Os preços globais dos alimentos caíram ao nível mais baixo em quase cinco anos, com um declínio acentuado no setor dos cereais, carne e açúcar e uma estabilização das oleaginosas.

O índice da FAO mede a evolução mensal global dos preços de exportação de uma cesta composta por cereais, oleoginosas, laticínios, carne e açúcar. Apenas os laticínios tiveram aumento.

"Dividindo o que é produzido pelo número de habitantes, não é possível dar conta de comer o que é produzido. Há muito desperdício e isso dá sustentação aos preços", explica Heinen.

Com isso, quem está administrando negócios já consolidados tem que dar atenção aos sinais do mercado, sendo eles "excesso de oferta, e grande aumento de custos. Então a solução é colocar o pé no freio", ressalta o consultor.

Além disso, segundo ele, com a instabilidade econômica os produtores que ainda sim optarem por 'arriscar' não devem contar com financiamentos oficiais do governo.

Outra opção é a realização de relações de troca, ofertando produtos em recebimento de insumos necessários para o cultivo de novas safras.

"Tem que acompanhar o pico diário das cotações, aproveitar um momento propício para garantir o fornecimento dos insumos mínimos para a próxima safra", afirma.

Ainda, a queda significativa nos preços dos alimentos podem influenciar na economia global se levado em consideração uma redução no crescimento da China - principal comprador mundial - e diminuição nos preços do barril de petróleo.

A economia da China cresceu 7,4% no ano passado, dado divulgado pela Agência Nacional de Estatísticas na última terça-feira (20). A meta do governo era crescer 7,5%. Esta foi a menor taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 24 anos, o que gera preocupações em relação ao crescimento da economia global.

Neste ano a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estima um crescimento de 7% e 6,9 % em 2016.

Para Heinen, casos esses dados se concretizem provavelmente veremos uma diminuição no volume de importações em diversos setores, colaborando com a depreciação dos preços e mudanças no câmbio.

"A solução para a China é descolar habitantes do campo para as cidades, significando o dobro no aumento do consumo", considera Heinen.

Nesses momentos de redução do consumo, e diminuição no poder de compra dos países a tendência é a diminuição nos estoque dos produtos, mas se tratando de alimentos esses problemas são transitórios.

 

Por: Carla Mendes // Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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