Análise do cenário político e econômico noSaída de Cid Gomes do Ministério da Educação já indica a possibilidade de uma "mini" reforma ministerial no governo Dilma
Publicado em 19/03/2015 09:23
Saída de Cid Gomes do Ministério da Educação já indica a possibilidade de uma "mini" reforma ministerial no terceiro mês de governo do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Competência não estava nos critérios de escolha dos dirigentes da pasta, afirma Telmo Heinen. Análise da Secretaria de Comunicação Social diz à governanta que é preciso falar com o povo e reconhecer os erros.
O ex-governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), apresentou à presidente Dilma o pedido de demissão do cargo de Ministro da Educação nesta quarta (18), depois de discutir com deputados no plenário e abandonar a sessão da Câmara.
Cid Gomes foi convocado pelos deputados a participar da sessão, devido a uma declaração afirmando que na Câmara "uns 400 deputados, 300 deputados achacam", dada durante um evento do qual participou no último dia 27 na Universidade Federal do Pará.
"Ele cometeu esse erro, generalizando a ideia sobre os deputados. E como se viu (na Câmara), praticamente reafirmou o que já tinha dito. E no entender da população ele falou uma verdade no lugar errado", explicou Telmo Heinen.
A saída de Cid do ministério pode adiantar a reforma ministerial já analisada pelo governo. Para Telmo, uma reforma com menos de três meses de mandato expõe a fragilidade do governo.
"Isso mostra que esses ministérios foram constituídos sob muitos critérios, menos o da competência", considera.
Segundo ele, falta conhecimento técnico para as pessoas que compõe o governo federal. "Existem muitas pessoas com grandes conhecimentos técnicos, como no ministério da Educação, que tem que ceder lugar para pessoas de cargos de comissão”.
Outro aspecto que foi destaque no cenário político é a análise interna do Palácio do Planalto, feita pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann, e encaminhada à presidente Dilma Rousseff.
O relatório diz que o país vive um "caos político" e que dificilmente o governo conseguirá reverter esse quadro. Segundo a avaliação do Ministro, a comunicação do governo é "errada e errática", e a presidente ficou escondida no começo do segundo mandato.
"A presidente não é boa de comunicação, quando tem que falar de forma espontânea causa problemas. Por isso, na última semana ela aumentou o número de ministros encarregados de fazer a interlocução com a população e o executivo", afirma Telmo.
Contudo, ele afirma que essa medida foi um erro, pois as informações podem não ser transmitidas de forma concisa com o aumento para 10 ministros.
Ao anunciar o plano de corrupção na quarta-feira (18), depois de receber o relatório, Dilma não agiu conforme as recomendações de comunicação, e não expos com clareza as informações.
Além disso, Telmo ressalta que as pessoas envolvidas nos escândalos de corrupção já foram deflagradas, sendo assim a presidente deveria ter abordado o tema corrupção pela ótica da punição.
"Em uma coisa eu concordo com ela, o número de corruptores no Brasil é muito grande. 96% das pessoas acima dos 19 anos no país são corruptores. A menor chance de se obter vantagem as pessoas se aproveitam", considera Heinen.
Essas medidas são apenas tentativas de amenizar a população, que já tem marcado para o próximo dia 12 de abril novas manifestações em todo o país, Heinen afirma.
Crédito Rural
Na abertura da Femagri 2015, o superintendente da Caixa Econômica Federal do Sul de Minas, Jumar Gonçalves Neves, afirmou que não há escassez de crédito rural nas agências da Caixa em todo o país.
Entretanto, Telmo declara que os bancos não tem assumido a postura de confirmar a falta de recursos rurais, porém os financiamentos não são aprovados desde dezembro de 2014.
Ainda, desde 2014 entrou em vigor o Acordo de Basileia III que se referem a um conjunto de propostas de reforma da regulamentação bancária, publicadas em 16 de dezembro de 2010, a qual dificulta a liberação de financiamentos sem garantia de viabilidade econômica, provocando uma retração nos negócios.
Além disso, ressalta que os produtores têm reclamado de falta de financiamento para pré-custeio. "É bom lembra que o pré-custeio é uma antecipação dos bancos - com dinheiro próprio - ao crédito safra", que com o dinheiro comercial escasso e mais caro, é muito mais interessante os bancos comprarem títulos do tesouro do que emprestar dinheiro aos produtores com juros a 6,5%.
Em contrapartida, em entrevista ao Canal Rural, o secretário de desenvolvimento agropecuário, Caio Rocha, declarou que não falta recursos nos planos rurais do governo, e a explicação para a demora na liberação do crédito pode ser uma limitação de acordo com o perfil de cada produtor.
Nesse cenário Heinen aconselha os produtores a realizarem as relações de troca por insumos, uma vez que hoje 25 sacos de soja vale 1 tonelada de insumos, e o dólar praticado nessas negociais é de R$ 3,50 a R$ 3,60, valor acima da expectativa.
Fonte:
Notícias Agrícolas