Greve dos Caminhoneiros: Setor segue pleiteando tabela de preços mínimos para os fretes; greve está mais fraca nesta 6ª (24)

Publicado em 24/04/2015 10:18
Greve dos Caminhoneiros: Setor segue pleiteando uma tabela de preços mínimos para os fretes, porém, sinalização do governo chega somente com a regulamentação de uma tabela de referência para os custos. A atividade, entretanto, tem caráter privado e não admite uma tabela impositiva. Assunto continua sendo discutido. Paralisação ainda acontece nesta 6ª (24), porém, com menos adesão e menos pontos por todo o Brasil.

Até a manhã desta sexta-feira (24), foram registrados 11 pontos de interdições causadas pelo protesto dos caminhoneiros. De acordo com a agência de notícias Reuters, o número de paralisados é menor do que o registrado na noite e na manhã de quinta-feira (23).

Segundo o último boletim da noite passada, havia 17 interdições ativas, enquanto ao final da manhã de quinta-feira a polícia havia registrado 14 interdições.

As manifestações ocorrem principalmente nos Estados com maior produção agrícola do Brasil, como Mato Grosso - com sete interdições nesta manhã -, Rio Grande do Sul (uma), Paraná (uma) e Mato Grosso do Sul (uma interdição). O Ceará também tinha um bloqueio nesta manhã, segundo a polícia.

A motivação para essas paralisações é a reivindicação dos caminhoneiros quanto ao tabelamento do frete, que até o momento não foi estipulado pelo governo. O Diário Oficial da União divulgou nesta sexta-feira apenas uma resolução regulamentando uma tabela de referência de frete rodoviário, mas que ainda não atinge diretamente o foco solicitado pelos trabalhadores.

Segundo Telmo Heinen, consultor em comercialização, o transporte rodoviário é uma atividade exclusivamente privada, portanto não deveria haver uma intervenção direta do governo federal no preço do frete. 

"É impossível colocar uma tabela impositiva, muito dos representantes dos caminhoneiros entendem isso, e advoga que seja estabelecida uma tabela em analogia ao que existe para o transporte rodoviário de passageiros, só que existe uma diferença fundamental, porque o ônibus segue sempre a mesma rota, então fica fácil estabelecer uma referência", explica Heinen.

O transporte agrícola, no entanto, possuem rotas diferentes que dependem da distância das lavouras com relação aos pontos de escoamento da produção. Com isso, será difícil estabelecer um preço mínimo comum para todo o país, considera o analista.

Para ele, a única forma do governo dar uma colaboração neste sentido é "promovendo a regulação, audiências públicas, dar voz a todos os interessados, que os dados sejam então compilados para que seja fácil o mercado usados, e com base nisso saber se um determinando valor de frete é suficiente ou não para remunerar o agente envolvido", declara.

Atualmente, os caminhoneiros questionam que em todos os estados existe um tabelamento de preço mínimo para a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), sendo assim, seria possível utilizar os mesmos dados da cobrança do imposto para calcular um preço mínimo para o frete.

Em anos anteriores o governo federal promoveu incentivo para a compra de caminhões, o que causou um excesso de oferta no mercado, consequentemente a queda nos preços dos fretes, gerando mais indignação dos caminhoneiros, que culminou na greve no inicio deste ano.

Segundo Heinen, é necessário que o mercado faça uma correção dessa oferta, que deve acontecer de forma natural, pois "tudo que é demais, acaba por si mesmo", declara.


Balanço da Petrobras

Na última quinta-feira (23), a Petrobras divulgou o balanço auditado de 2014 - com cinco meses de atraso -. A estatal admitiu que as perdas com a corrupção, com a má gestão e a desvalorização de bens e equipamentos superaram os R$ 50 bilhões.

Após a divulgação, muitos especialistas declararam que os prejuízos foram menores do que o esperado, porém Telmo afirma que houve muitos erros na auditoria, e ainda "o balanço foi aprovado sem ressalvas", declara com indignação.

"A Petrobras tem condições de se recuperar, uma vez que ele lida com monopólio e o preço de venda de seus produtos está bastante confortável, então a margem bruta que ela é capaz de aferir é grande, embora o tenha um endividamento elevadíssimo de 350 milhões de reais", conclui Telmo.


Pronunciamento 1º de maio

Prevendo que possa haver novamente um panelaço durante o pronunciamento de Dilma Rousseff na TV, integrantes do governo avaliam cancelar o tradicional pronunciamento da presidente no 1º de maio, Dia do Trabalho.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o marqueteiro João Santana e o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação) são alguns dos que defendem que a presidente não discurse, mas Dilma ainda avalia a questão.

"Nas últimas semanas o nosso governo se transformou em uma espécie de parlamentarismo branco, a presidente ocupa o cargo, mas não ocupa o poder", declara Heinen.

Para ele, é muito provável que a população se manifeste durante o pronunciamento, haja vista que com o advento da internet fica muito mais fácil a comunicação e interação dessas pessoas.

Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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