Milho: Apesar de preços altos e atrativos, produtor evita novos negócios; exportações sendo realocadas para atender demanda interna
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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Mercado do Milho
O mercado brasileiro de milho segue registrando muita firmeza e solidez para os preços altos. Ainda assim, os negócios têm acontecido de forma bastante pontual, apesar das cotações atrativas, com uma série de dúvidas que ainda ronda a cabeça dos produtores rurais na hora da tomada de decisões, como explica Vlamir Brandalizze. E mesmo com o mercado em Chicago mais acomodado, o mercao nacional registrou mais uma semana de altas expressivas.
"Aqui no Brasil segue firme porque a colheita da safrinha segue lenta, os maiores volumes deverão entrar só em agosto, e com isso o pouco que entra é para cumprir contrato. E o pouco que sobra o produtor segura porque há uma indefinição do que vai acontecer em função de que temos embarcar grandes volumes que foram contratados, e vamos ter um ano muito apertado. Será que ainda temos espaço pra subir? Demanda interna vai seguir forte? Ainda há muitas dúvidas na cabeça do produtor", afirma o consultor da Brandalizze Consulting.
O Brasil, no acumulado do ano, já embarcou quase 1 milhão de toneladas, bem mais do que no acumulado de 2020, com foco no cereal argentino, que se mostra ainda bastante competitivo. E a tendência "é de que a gente continue importando", diz.
"E temos toda a possibilidade de recomprar posições que foram negociadas para embarcar para exportação, feitas com volumes muito menores do que é o mercado hoje, como no Mato Grosso a R$ 40,00. E mesmo pagando a taxa de cancelamento, ainda é vantajoso fazer esse processo ou reposicionar isso", explica Brandalizze. "Porque no segundo semestre temos uma demanda maior do que no primeiro e esse ano podemos ter recorde histórico de consumo de 75 milhões de toneladas".
A demanda do setor de rações continua bastante aquecido, principalmente motivado pelas boas exportações que vem send registradas nas carnes suína, bovina de frango. E além das rações, o consumo de milho para a produção de etanol também é expressivo.
E mesmo com todo esse quadro, o consultor não acredita que o Brasil vá passar por uma falta de milho, mas pela conclusão de 2021 e início de 2022 com um aperto bastante agressivo da oferta. E mais do que isso, explica que o balizador do preço do milho importado, ao contrário dos outros anos em que a referência era o valor do grão exportado.
Nesta semana, a janela de preços para o milho nos portos brasileiros variou de R$ 78,00 a R$ 82,00 por saca, enquanto o milho argetino chega aos terminais do Brasil entre R$ 94,00 e R$ 96,00. "Já o milho americano não chega a menos de R$ 98,00 até R$ 104,00 e ainda está inviável para o mercado brasileiro, porque mais o frete vai chegar nos R$ 110,00 para a indústria de ração, enquanto o mercado brasileiro varia de R$ 98,00 a R$ 102,00. E o milho do Paraguai, que seria a alternativa desta época, foi fortemente atingido por seca e geadas e o volume exportável, dificilmente, passa de 1 milhão de toneladas", explica o consultor.
Ao lado de todos esses fatores, Brandalizze afirma ainda que o produtor que tem milho disponível ou que está prestes a colher também se vê mais reticente em fazer novas vendas ao estar mais capitalizado, tendo comercializado bem a soja e parte do próprio milho, "sem necesidade de vender no curto prazo".