Abramilho projeta 2021 com estoques de milho muito apertados no Brasil e manutenção dos preços altos
Publicado em 22/12/2020 15:04
e atualizado em 28/12/2020 11:32
Estoques de passagem reduzidos, manutenção do consumo elevado e quebras na safra de verão vão contribuir para preços favoráveis aos produtores brasileiros
Cesário Ramalho - Presidente da Abramilho
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Abramilho projeta 2021 com estoques de milho muito apertados no Brasil e manutenção dos preços altos
O ano de 2020 pode ser considerado o ano do milho, pelo menos na visão da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho). Ao longo de 2020, o cereal brasileiro registrou grandes valorizações, com patamares recordes, e manteve o alto consumo interno.
Segundo o presidente da Abramilho, Cesário Ramalho, a pandemia trouxe várias dificuldades à vida das pessoas, mas por outro lado ajudou o setor, elevando a demanda do consumidor brasileiro por produtos alimentícios e contribuindo para as altas do dólar ante ao real que também elevaram os patamares do milho.
Diante deste cenário positivo de preços, o setor aproveitou essa situação para zerar dívidas acumuladas e viabilizar investimentos nas próximas safras.
O único ponto que ficou para trás em 2020 foi o etanol de milho, que assim como os outros combustíveis, sofreu com a diminuição de circulação e o isolamento social. Ramalho aponta que as margens do setor caíram muito, mas que este tipo de produção segue sendo importante para absorver uma parte da oferta mato-grossense e deve voltar a crescer.
Mesmo como uma grande produção na safra 2019/20, o Brasil irá encerrar a safra com estoques de passagem bastante apertados. Nos números da Conab serão 10,6 milhões de toneladas ainda disponíveis após fevereiro e nas estimativas da indústria apenas 9 milhões.
Sendo assim, o presidente destaca que os preços do milho no Brasil deverão continuar elevados durante o primeiro semestre de 2021, mesmo após recuarem nesta reta final de ano influenciados pelas baixas do dólar ante ao real.
A safra verão, que poderia ajudar a amenizar esta falta de oferta, já apresenta perdas consolidadas de, pelo menos, 2 milhões de toneladas e também será insuficiente para modificar os fundamentos do mercado. Já para a safrinha, a Abramilho segue esperando grande produção e aumento de área, mesmo que algumas lavouras acabem ficando fora da melhor janela de cultivo.
Ramalho acredita que as perspectivas do milho para 2021 seguem sendo positivas aos produtores e projeta um grande crescimento do setor para os próximos anos chegando em 150 milhões de toneladas em 2025 e em mais de 200 milhões em 2030. Na visão da liderança, existe demanda pra tal crescimento e as entidades ligadas ao agro estão fazendo importantes avanços na abertura de novos mercados para o milho brasileiro.
Confira a íntegra da entrevista com o presidente da Abramilho no vídeo.