Alerta amarelo na lavoura de milho, cigarrinha do "enfezamento" sobreviveu ao frio

Publicado em 03/07/2020 16:32 e atualizado em 04/07/2020 19:41
Carlos Konig - Gerente Técnico C.Vale
entrevista com Carlos Konig, gerente-técnico da C.Vale

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Alerta amarela na lavoura de milho, cigarrinha sobrevive ao frio

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A produtividade da 2a. safra de milho no Estado do Paraná recuou de 110 para 80 sacas/média devido à explosão da população de cigarrinhas em janeiro, com aumento da transmissão do "enfezamento" vermelho. O gerente-técnico da Cooperativa C.Vale, Carlos Konig, em entrevista ao Notícias Agrícolas, explica que a doença do "enfezamento" bloqueia a passagem da seiva pelo colmo da planta, que perde a resistencia e acaba fenecendo. 

Konig conta que, no início da safra, se atribuia a perda da produtividade das lavouras à estiagem, "mas em janeiro tivemos explosão da população dos insetos, pegando em cheio o milho do cedo; em maio tivemos outra disseminação, atingindo também o milho do tarde (que será colhido em agosto)". 

-- "Agora constatamos que, mesmo com o frio, a praga ganhou resistencia, e isso é muito preocupante", alerta do gerente-tecnico da C.Vale ao constatar a sobrevivencia das cigarrinhas mesmo após a passagem da frente fria sobre o sul e sudeste do País.

A cooperativa, uma das maiores do País, com 80 unidades nos cinco principais estados produtores, está recebendo relatos da presença da cigarrinha em todas as áreas produtivas. 

Uma das causas da explosão das cigarrinhas é atribuída aos híbridos suscetíveis à doença, e também pela resistencia do milho "tiguera" resultante da safra de verão passado.

A forma de controle indicada por especialistas é o manejo regionalizado onde todos os produtores de uma mesma localidade adotam as mesmas práticas, como o uso do metarizium (controle biologico) e o manejo quimico. 

Carlos Konig adverte sobre as consequencias do alastramento da praga e das doenças subsequentes, que podem afetar enormente as próximas safras de milho no País.

O milho, além da sua importancia economica para toda a cadeia produtiva, é fator fundamental para se praticar a rotação da cultura da soja, e garantir, com isso, a diminuição do ataque de ferrugem asiática na sojicultura.

-- "Por enquanto o alerta é amarelo", diz Carlos Konig. "Não podemos chegar ao alerta vermelho, pois aí a cultura pode ficar inviabilizada", concluiu.

A cigarrinha-do-milho é vetor de dois molicutes, responsáveis pela disseminação da doença conhecida como enfezamento pálido e enfezamento vermelho e um vírus "rayado", segundo publicação da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG). (Abaixo)

Confira as imagens das lavouras que foram enviadas pelo o Gerente-Técnico da C.Vale, Carlos Konig

Lavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos KonigLavouras de milho na região de Palotina/PR | Carlos Konig

Cigarrinha-do-milho: vetor de molicutes e vírus

PorJosé Magid Waquil Ph.D Entomologia Embrapa Milho e Sorgo.

O milho representa cerca de 40% de toda a safra brasileira de grãos. A intensificação do cultivo desse cereal no sistema de “safrinha” e de sistemas irrigados quebrou a sazonalidade de plantio, o que vem aumentando a pressão de pragas e doenças específicas dessa cultura.

Estima-se que o Brasil perca, anualmente, mais de um bilhão de dólares apenas na cultura do milho devido, exclusivamente, às pragas e doenças. Entre os problemas fitossanitários que vêm aumentando sua importância nos últimos anos, destaca-se a cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott).

Embora possa causar danos diretos às plantas, essa espécie é importante por transmitir, de forma persistente, dois molicutes: o Spiroplasma kunkelii – responsável pela doença conhecida como enfezamento pálido (corn stunt spiroplasma – CSS), o fitoplasma – responsável pelo enfezamento vermelho (maize bushy stunt phytoplasma – MBSP) e um vírus, o do rayado fino (maize rayado fino marafivirus – MRFV).

Em áreas infestadas, os adultos podem ser facilmente observados alimentando-se, preferencialmente, no cartucho do milho.

Manejo -

Há várias estratégias para o manejo do complexo virose/enfezamentos na cultura do milho. Entretanto, nenhuma delas sozinha é suficiente. Considerando a bioecologia dos patógenos e do vetor, os métodos culturais são os primeiros a ser considerados, pois, sendo factíveis, são os mais efetivos e econômicos.

Deve-se evitar os plantios tardios e os plantios escalonados em áreas próximas, pois favorecem a sobrevivência do inseto vetor e dos patógenos.

Recomenda-se também a rotação de culturas, pois somente o milho sofre os danos causados por esse complexo. Áreas com histórico de alta incidência dessas doenças devem ser deixadas em pousio por um período de pelo menos três meses.

A erradicação de planta de milho “tiguera” (voluntário) deve ser uma prática sempre adotada, tanto no caso das áreas de pousio quanto nas de rotação.

O monitoramento e a remoção de plantas com sintomas de enfezamento ou virose devem ser adotados em áreas em erradicação da doença.

Sabe-se que a maioria das variedades de milho doce e pipoca é mais sensível aos enfezamentos do que as cultivares normais.

Todas essas medidas visam reduzir a população do vetor e a freqüência de plantas doentes no campo, que possam servir como fonte de inóculo. 

 

 

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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