Região da Cotrijal enfrenta quase 20 dias de estiagem e milho é o mais prejudicado. Soja começa a sentir as altas temperaturas
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Acompanhamento de Safra do Milho - Entrevista com Fernando Martins - Coordenador Técnico de Validação de Pesquisa - Cotrijal
A escassez de chuva e a alta sensação térmica nas lavouras de grãos na região de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, já começa a prejudicar a produtividade. De acordo com o coordenador técnico da Cotrijal , Fernando Martins, o veranico é tradicional na região, mas este ano, veio adiantado.
"O que mais está prejudicando é a sensação térmica no campo, que ultrapassa os 40º, com umidade relativa do ar entre 12% a 15%, que são condições adversas para milho e soja".
Segundo ele, esta situação faz com que a planta fique fisiologicamente parada, sem desenvolver nenhum processo produtivo. No caso do milho, as folhas mais importantes para o desenvolvimento, que são as superiores, começaram a secar , comprometendo o enchimento da espiga.
"Ainda não há uma estimativa de perdas, mas no caso do milho, deve ficar abaixo da média de produção de 200 sacas por hectare, o que afeta toda a cadeia produtiva. Temos espigas 50% com grão formado, e o resto não conseguiu. Agora não forma mais, e essa estiagem ainda está prolongando", afirma.
No caso da soja, a produtividade também vai ser abaixo do ano passado, quando a média da cooperativa era de 70 sacas por hectare e, no estado, média de 54 sacas.
Martins explica que a região central do estado está com um bolsão que impede a chegada da chuva, que acaba desviando e indo para o litoral. A expectativa é que as chuvas comecem a cair sobre a área na próxima semana, o que vai ajudar no enchimento dos grãos de milho, mesmo que a espiga não tenha se formado completamente, e auxiliar também no avanço da fase reprodutiva da soja, que deve se recuperar melhor que o milho.