Safrinha: Com colheita em andamento e silos cheios, produtores se preocupam com a estocagem no milho no PR
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Entrevista com Márcio Bonesi - Presidente da Aprosoja PR sobre o Acompanhamento de Safra do Milho Safrinha
No Paraná, os produtores rurais iniciaram a colheita da safrinha de milho com duas preocupações: a quebra consolidada na produção e a estocagem do cereal. De acordo com dados do Deral (Departamento de Economia Rural), até o último dia 2 de julho, apenas 2% da área cultivada havia sido colhida e a expectativa é de uma safra abaixo de 10 milhões de toneladas devido à interferência climática.
"Esse milho inicial registra perda de 20% a 30% em relação ao ciclo anterior. Sem contar que, no Noroeste do estado, temos muitas lavouras acamadas pelos ventos e a chegada de novas frentes frias ainda pode resultar em mais prejuízos nessas áreas", afirma o presidente da Aprosoja Paraná, Márcio Bonesi.
No caso da estocagem do cereal, a preocupação é decorrente do impasse do tabelamento do frete que fez com que muitas cooperativas e produtores não conseguissem escoar a soja, já comercializada. Sem chegar a um acordo quanto aos valores, muitas tradings ainda não retiraram a oleaginosa.
Somente algumas cooperativas, com frota própria de caminhões, têm conseguido escoar o grão aos poucos. "Em 2017, nós já utilizamos silos-bolsa, e esse ano podemos usar novamente. Porém, diferente de Mato Grosso, as chuvas no nosso estado ainda podem prejudicar a qualidade desse milho estocado em silo bag", explica a liderança.
Consequentemente, o mercado permanece travado no estado, com referências de R$ 70,00 a saca da soja e R$ 30,00 a saca do milho na região de Goioerê. "No caso da soja, nós perdemos o timing das vendas e agora os preços estão em baixa. No preço de lousa, estamos perdendo de R$ 3,00 a R$ 4,00 no valor da saca da oleaginosa", destaca Bonesi.
Além do escoamento, os produtores também estão apreensivos com o atraso na entrega dos fertilizantes da safra de verão. O cenário pode afetar a produtividade das lavouras da oleaginosa. O Paraná é o primeiro a iniciar o plantio da soja, com a liberação para a semeadura já no dia 10 de setembro.
"Não recebemos nem o calcário e o gesso para as correções de solo. A janela está ficando pequena e sabemos que o porto não opera com chuvas. E se atrasarmos a soja, consequentemente, atrasaremos a safrinha de milho, que novamente ficará mais exposta ao risco climático", ressalta o presidente da Aprosoja Paraná.