Safrinha: Produtores iniciam a colheita do milho em São Gabriel do Oeste (MS) com preços abaixo dos custos
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Confira a entrevista com Julio César Bortolini - Pres. Sind. Rural São Gabriel do Oeste/MS
Júlio César Bortolini, presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste (MS), destaca, em entrevista ao Notícias Agrícolas, que a chegada da colheita do milho safrinha traz cenários distintos na região.
A expectativa é de uma safra normal, "como se fosse o milho verão", diz Bortolini. Com 3% a 4% da área colhida, os produtores estão sendo surpreendidos. Entretanto, daqui para a frente, começam os problemas com a rentabilidade no campo.
As chuvas foram bem distribuídas e os produtores vêm investindo, cada vez mais, em tecnologia. O município e a região norte do estado, como um todo, devem ter uma rentabilidade recorde.
Por sua vez, os valores da saca do milho recuou. Há três cenários distintos na região: produtores que aproveitaram os preços históricos na faixa dos R$40, compras de traders entre R$26 a R$27,50 e outro grupo de produtores que esperou, mas tem uma perspectiva de ganhos de R$15 a R$16, o que não irá fechar as contas, tendo em vista o custo de produção.
Assim, muitos produtores terão de utilizar a renda da soja para cobrir os custos do milho, como aponta o presidente. Isso gerará uma situação de produtores ganhando com o milho safrinha e produtores perdendo. O preço mínimo para o estado é de R$17,50.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) inseriu o Mato Grosso do Sul nos leilões de Pep e Pepro. Entretanto, a região fica prejudicada pelos custos de transporte, por mais que a oportunidade tenha sido aberta.
A capacidade armazenadora do estado também é menor do que a safra esperada. Há espaço para apenas 70% da safra - contudo, muitos silos estão ocupados com safras antigas. Os poucos armazéns que existem entram comprando ao invés de estocar. A situação, portanto, é partir para o silo bolsa, mas essa alternativa agrega um custo a mais para os produtores.
Os preços da soja giram em torno de R$55, o que também não cobre os custos de produção e faz com que a oleaginosa fique represada.
"Nós nunca tivemos um quadro tão negativo quanto o que temos hoje aqui no Centro-Oeste", salienta Bortolini.