"O governo precisa estar atento e intervir", diz Paolinelli sobre os preços do milho
Durante o GAF Talks, o presidente executivo da Abramilho e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolineli, conversou com o jornalista João Batista Olivi, do Notícias Agrícolas, sobre os caminhos do milho brasileiro.
Para Paolineli, há uma obrigação de o Brasil continuar a produzir cada vez mais o cereal porque "a demanda mundial está aí". Ele lembra que a FAO já destacou que o milho será a commodity mais procurada nos próximos anos.
O que ocorre agora com os preços, segundo ele, é uma ocasião na qual as coisas complicaram. A safra brasileira é boa, mas o comprador de milho é "jogador de truque", como ele define. Além disso, os desdobramentos da operação Carne Fraca também trazem seus efeitos para este mercado.
Quanto a isso, Paolinelli destaca que o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, está realizando "ações sérias e objetivas com muitas correções" e está conseguindo contornar o problema. Uma melhora para o mercado "ainda vai demorar um pouco", no entanto, refletindo à longa distância.
Para o presidente, apenas quando todos recuperarem os prejuízos obtidos, a cadeia irá retornar ao normal. Uma parte desse prejuízo também poderá parar no bolso do consumidor, com os preços mais elevados das carnes.
Ele acredita que "quem tem que cuidar [do seu produto] é o dono da marca". Cabe ao governo, em sua opinião, fazer as avaliações, mas as empresas devem se garantir.
Preços do milho
Na praça de Campinas (SP), o preço do milho gira em torno dos R$30. Em Sorriso (MT), R$16. O que não pode, para Paolinelli, é os preços ficarem abaixo do preço mínimo.
Assim, ele acredita que o governo deve fazer o possível para garantir esse preço. Ele aponta que o dinheiro existe, mas que a forma de conduzir esse dinheiro deveria ser mais ágil. "O que não podemos é voltar para a época da sanfona, com safras altas e preços baixos", destaca.
"O governo tem que estar atento e intervir. Comprar esse milho e fazer um estoque para recuperar o dinheiro de forma nacional, para que o produtor possa estar próximo do consumidor interno", defende Paolinelli.