Alerta: Mollicute pode reduzir potencial produtivo do milho no Oeste da BA
No Oeste da Bahia, a maior incidência da mollicute nas lavouras de milho, doença transmitida pela cigarrinha, tem preocupado os produtores rurais e pode ocasionar prejuízos à produção. Nas áreas mais afetadas os prejuízos podem superar os 50% na produtividade das lavouras do cereal.
Diferentemente de outras cigarrinhas, que transmitem o enfezamento vermelho e pálido, a Dalbulus maidis é uma praga específica da cultura do milho, muito presente nas áreas irrigadas. Segundo o diretor de grãos do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, Celito Breda, “as outras cigarrinhas se perpetuam em áreas de pastagem, com sorgo ou braquiária, mas essa é diferente só passa de milho para milho”, explica.
A liderança ainda reforça que, o cultivo de milho o ano todo na região também contribui para a incidência da praga nas plantações. “É um ciclo, o milho de sequeiro finaliza o ciclo entre os meses de fevereiro e março e as cigarrinhas passam para as áreas irrigadas que começam a ser cultivadas entre março, abril e maio, o que contribui para proliferação da doença. Nessa safra, temos 100% das lavouras de milho em áreas de sequeiro, então precisamos alertar o produtor para o próximo ano e em relação à pressão da praga nas lavouras irrigadas”, completa.
Breda ainda ressalta que, “ninguém sabe ao certo de onde surgiu a praga, mas o fato é que provocamos um ambiente favorável às cigarrinhas. Tínhamos uma baixa incidência da praga há 4 anos, mas temos tido surpresas com o clima tropical, assim como ocorreu com a lagarta helicoverpa, a falsa medideira, o bicudo do algodoeiro e o capim amargoso resistente ao glifosato. E com o plantio do cereal na sequência, que ocorre o ano todo, temos essa ponte verde. Estamos provocando certo desequilíbrio e precisamos tomar algumas medidas”, completa.
Controle das cigarrinhas
Por enquanto, os produtores rurais têm utilizado o controle químico para combater a praga. Nesse sentido, o monitoramento das áreas e a busca por informações técnicas são indispensáveis. “Temos realizado o tratamento de sementes também apara ajudar no combate. Nas áreas irrigadas, colhíamos uma média de 180 a 190 sacas por hectare, no primeiro com a doença, o rendimento baixou para 100 a 120 sacas por hectare”, destaca Breda.
Após um controle mais efetivo e investimento em cultivares com tolerância, o diretor sinaliza que, a média nas últimas safras tem alcançado 140 a 150 sacas de milho por hectare. “Ainda assim, é um trabalho rigoroso e as perdas ficam acima de 30 sacas de milho por hectare. Porém, dificilmente vemos produtores colher 200 sacas por hectare, o que era comum nas áreas irrigadas. No sequeiro, esperamos que as perdas sejam menores”, diz.
No caso do controle biológico, Breda ainda pondera, que o método é um pouco mais lento e teria maior eficácia para reduzir a população das cigarrinhas. E todos os produtores teriam que aderir ao controle.
Diante desse cenário, os produtores devem estar atentos às lavouras e realizar o monitoramento das áreas. “O produtor deve observar folhas com aspecto esbranquiçado ou avermelhado, falhas nas espigas e plantas caídas. Em áreas com sintomas graves, as perdas podem superar os 50%. Já nas áreas sem sintomas aparentes, os prejuízos podem ficar próximos de 15%”, alerta o diretor.
Medidas em longo prazo
Ainda na visão de Breda, é preciso debater a questão do vazio sanitário do milho na região para evitar a pressão das pragas. “Temos como exemplo o Ceará que já registrou problemas graves com a doença e instituiu o vazio sanitário de 60 dias para a cultura do milho. Essa medida facilita o manejo da cigarrinha”, reforça.
Outra alternativa é o investimento em pesquisa e em materiais com resistência ao mollicute. Atualmente, os produtores trabalham com variedades com tolerância à doença. “E os melhores híbridos nas áreas de sequeiro às vezes não são os melhores materiais para tolerar o mollicute. É um grande problema”, finaliza Breda.
Confira as imagens das lavouras de milho afetadas pela mollicute:
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