Abramilho prevê redução nos preços do milho com entrada da safrinha e diminuição das importações
A segunda safra de milho recorde esperada pelo Brasil, essencial para garantir excedentes de exportação e aliviar altos preços para a cadeia produtiva de carnes, não se confirmou.
A seca prolongada entre o final de abril e inicio de maio prejudicou o desenvolvimento das lavouras. Em todo o país, analistas falam de uma quebra em torno de 9 a 10 milhões de toneladas.
Impulsionado pela baixa disponibilidade do cereal no mercado interno, o Indicador Cepea base Campinas (SP) fechou cotada a R$ 52,50/sc, alta de 0,42% no dia e 8,83% no mês.
Apesar deste cenário, o presidente institucional da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Sérgio Luis Bortolozzo, afirma "não acreditar que o preço se manterá nesses patamares, a tendência é que as cotações se ajustem com a entrada da safrinha, mas logicamente não para o nível baixo praticado em outros anos", explica.
Segundo ele, o indicador terá um ponto de equilíbrio entre R$ 30,00 a R$ 35,00 por saca, posto Campinas, após o ingresso da oferta de segunda safra. Portanto, somente na safra 2016/17 as condições de normalidade do mercado devem voltar.
Também indicando essa tendência as cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa fecharam o pregão da terça-feira (24) em campo negativo. O contrato setembro/16 - referência para a safrinha brasileira - encerrou o dia a R$ 41,86 a saca. Desde a última sexta-feira (20), a posição recuou 4,97%.
"A oferta da segunda safra entrará com apetite muito forte, os preços são bons, a demanda aquecida, por isso acreditamos que ele virá para baixo", desta Bortolozzo.
A partir de novembro, o novo período de entressafra deverá voltar a impulsionar as cotações, segundo avaliação do presidente.
Na expectativa desse cenário os produtores também se antecipam com a colheita do milho para aproveitar o bom momento dos preços. O Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) informou na última sexta-feira (20) que os produtores de milho do estado iniciáramos trabalhos de campo uma semana de antecedência.
Safra 2016/17
Os preços atrativos do cereal deve impulsionar a produção tanto na safra de verão, quanto safrinha, considerando as cotações atrativas e o rendimento superior em relação à soja.
A expectativa é que os preços se mantenham em alta no período da safra, mesmo porque "teoricamente teríamos que fazer mais duas safras para repor um estoque de segurança", visto a demanda crescente e continua, considera Bortolozzo.
A expansão na área, conforme considera o presidente, deve ocorrer com maior intensidade na região do Matopiba.