Aprosoja-GO calcula perdas de 40% na produção de milho de segunda safra no estado. Já são 3 mi/ton a menos e esse número pode aumentar
As perdas na safrinha de milho em Goiás podem ultrapassar os 40% nesta temporada devido às altas temperaturas e a falta de chuvas, registradas principalmente em abril. Em algumas propriedades, as precipitações não ocorrem há mais de 45 dias e a quebra pode superar os 80%, especialmente nas regiões Sul, Leste e entorno de Brasília, consideradas as mais afetadas pelo clima adverso.
Em meio a esse cenário, os produtores deverão colher uma safra abaixo de 5 milhões de toneladas, contra as 8,2 milhões de toneladas projetadas inicialmente. “As plantas estão menores, muitas não conseguem florescer ou soltar o pendão. As que têm espigas, algumas apresentam grãos e outras não, as fileiras são menores, assim como a quantidade de grãos por espigas, são danos irreversíveis”, pondera o presidente da Aprosoja GO, Bartolomeu Braz Pereira.
As lavouras mais afetadas pelo clima são as cultivadas após o dia 10 de fevereiro. A liderança ainda ressalta que as perdas podem ficar acima de 50% até 60% caso as chuvas não retornem. Em média, o estado recebe entre 90 até 150 mm de chuvas ao longo do mês de abril, porém, em 2016 esse índice ficou zerado em muitas regiões.
“E muitos produtores rurais não têm seguro. Com isso, a orientação é que os agricultores façam laudos das áreas, busquem a assistência técnica para que futuramente ajude em uma possível negociação. Inclusive, muitos municípios já decretaram estado de emergência, por apresentar perdas superiores a 30%. Sem contar que, esse é um quadro que irá afetar a economia dessas cidades, o comércio e a geração de empregos”, afirma Pereira.
Além disso, o planejamento da próxima temporada já preocupa os produtores, uma vez que os recursos do milho são utilizados nas compras dos insumos. “Podemos ter problemas na implantação da próxima safra de verão. Muitos produtores podem não ter o crédito suficiente para fazer uma boa plantação e saldar as dívidas dessa safrinha. Por isso, estamos discutindo junto com a Aprosoja Brasil e podemos levar ao novo Ministério da Agricultura o debate para que haja uma ação para essas regiões que foram afetadas pelo clima, não só aqui, mas também no Matopiba”, explica a liderança.
No caso da safrinha, os custos giram ao redor de R$ 2.300 a R$ 2.500 por hectare. “E uma colheita de 20, 30 a 40 sacas por hectare não é o suficiente para cobrir os custos de produção. É ruim para nós e para toda a cadeia, como os consumidores, pois os preços estão mais altos, temos valores históricos no estado e vemos que isso pode se intensificar”, alerta o presidente da Aprosoja GO.
Pereira ainda reforça que é importante que as políticas sejam direcionadas aos produtores rurais. “Estamos vivendo uma situação delicada, poucas áreas seguradas e temos muitos grãos travados para exportação, que não serão cumpridos. Temos que achar uma solução junto com as traders. Para que o produtor tenha como jogar esse contrato no próximo ano, fazer um planejamento econômico para que possa ter a capacidade de pagamento”, diz.
Já no Sudoeste do estado, região de Jataí, Rio Verde e Chapadão do Céu, as perdas na segunda safra deverão ser menores. “Os agricultores poderão conseguir uma produtividade melhor, ao redor de 80 a 90 sacas por hectare”, acredita Pereira.