Falta de milho em Santa Catarina agrava situação dos granjeiros
Em meio à falta de milho, é grave a situação dos produtores de suínos e aves de Santa Catarina. Com um consumo estimado próximo de 6,5 milhões de toneladas do grão, o estado terá que importar mais de 4 milhões de toneladas do cereal nesta temporada. E essa deve ser a solução aos consumidores no curto prazo.
Na visão do vice-presidente da Faesc (Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina) e presidente do sindicato rural de Xanxerê, Enori Barbieri, o cenário de aperto é decorrente da redução na safra de verão. Além da área, a quebra na safra ficou ao redor de 20% em função do excesso de chuvas. “E muitos produtores que armazenaram a safra venderam o produto para o mercado internacional quando as cotações atingiram o valor de R$ 40,00”, pondera.
Diante desse quadro, os consumidores aguardam o início da colheita da safrinha de milho no Paraguai. Grande parte do produto deve ter como origem o país devido à proximidade com o estado catarinense. A perspectiva é que saca importada chegue aos granjeiros ao redor de R$ 43,00 a R$ 44,00 a saca do cereal.
Outra opção também seria a Argentina e as cotações ficariam bem próximas do milho paraguaio. “Estamos trabalhando também na retirada do ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) de 8% a 12% e tentando trazer milho de outras origens com o CPF e não com o CNPJ. Dessa forma, cada produtor poderia comprar seu próprio milho e abastecer a sua criação”, explica o vice-presidente.
Em longo prazo, o governo do estado, juntamente com a federação de agricultura e as cooperativas estudam um projeto para estimular a área plantada com o cereal. “Estamos com um projeto de patrocinar a venda futura, o produtor adquiri o pacote tecnológico, com preço fixado inicialmente em R$ 37,00 a saca”, diz Barbieri.
Caso dê certo, a perspectiva é que já na próxima safra de verão haja um incremento na área semeada com o grão ao redor de 100 mil hectares. A liderança ainda destaca que o estado já chegou a cultivar mais de 800 mil hectares com o cereal e, na safra de 2016 o número ficou em 250 mil hectares. “Isso por conta dos baixos preços registrados em 2015. A situação é gravíssima, tanto que nesta quarta-feira (11) iremos nos reunir com os produtores, o governo e a cadeia para tentar encontrar uma solução”, sinaliza.
Safra de inverno
No caso da safra de inverno, a projeção é que haja uma queda expressiva na área destinada ao trigo. “As chuvas prejudicaram o trigo e a cevada cultivados no ano passado. A grande maioria do cereal foi destinada à fabricação de ração. Os produtores devem se preparar para fazer uma boa safra de verão, então irão cultivar variedades que possam ajudar na adubação”, finaliza Barbieri.