Canal do Panamá pode ser alternativa viável para exportação de grãos pelos portos do Arco Norte, aponta Conab
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Entrevista com Thomé Luiz Freire Guth - Superintendência de Logística Operacional da Conab sobre rotas marítimas
Um estudo feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que agricultores que usam os portos do Arco Norte podem obter redução de até 35% nos custos do frete por tonelada exportada ao adotar rotas marítimas pelo Pacífico, utilizando o Canal do Panamá.
O Canal inaugurado em agosto de 1914, é uma rotal artificial de navios com 82 quilômetros de extensão, localizado no Panamá e que liga o oceano Atlântico, através do mar do Caribe, ao oceano Pacífico. O canal atravessa o istmo do Panamá e é uma travessia chave para o comércio marítimo internacional, que hoje corresponde a 5% do comércio mundial, com movimentação anual de mais de 15 mil navios, 140 rotas marítimas e 1.700 portos em 160 países.
Na lista dos 15 maiores usuários do Canal do Panamá não consta o Brasil , o que reforça a necessidade de se conhecer as limitações existentes que impedem a utilização dessa rota marítima que apresenta vantagens muito claras, sobretudo para as exportações do agronegócio brasileiro que tem apresentado avanços a cada ano no escoamento da produção agrícola para o mercado internacional realizada por intermédio dos portos do Arco Norte.
O Canal se configura como uma importante alternativa, não somente para a exportação da soja brasileira para os Chineses, que já é muito importante, mas, principalmente, para melhorar a competitividade propiciando possibilidade de abertura de novos mercados de origem asiática.
Um dos fatores que podem dificultar a utilização, pelo Brasil, dessa rota marítima está diretamente relacionada com o custo dessa alternativa, em função de que o pagamento de uma taxa de utilização (pedágio) às autoridades panamenhas que controlam o fluxo de navios é considerada muito alta. O valor do pedágio é calculado com base no valor da carga transportada, sendo o custo médio da passagem de um navio em torno de US$ 150 mil, chegando a quase o dobro desse valor dependendo do tamanho da embarcação.
No entanto, navios de grande porte podem diluir os custos pela capacidade de transporte e com produtos de maior valor agregado, a cada ano vimos surgir navios de maior capacidade e com portos estruturados para esse tipo de navegação.
Pode estar nesse tema a dificuldade da utilização brasileira do Canal do Panamá, em função da restrição portuária para navegação de navios de grande porte , o que se configura como um obstáculo operacional para a maioria dos portos nacionais que necessitam de maré alta para possibilitar esse tipo de deslocamento.
Pelo estudo , os portos do Arco Norte , com as devidas adequações, seriam os mais beneficiados pela nova rota.
São indagações pertinentes para um país com o potencial gigantesco para produzir alimentos e será necessário adequar a realidade da infraestrutura portuária brasileira a essas oportunidades como a utilização do Canal do Panamá, sem esquecer a necessidade de acordos comerciais com o governo panamenho para avaliar a possibilidade de cooperação.
Saiba mais sobre essa nova alternativa de exportação no Boletim Logístico da Conab divulgado em fevereiro: