Greening: Pesquisa inédita mostra porque poda simples não é eficaz no combate da principal doença da citricultura
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Entrevista Silvio Lopes - Pesquisador Científico do Fundecitrus sobre as Pesquisa inédita do Fundecitrus sobre greening
Uma pesquisa conduzida no Fundecitrus avaliou o impacto da temperatura na velocidade de translocação da bactéria causadora do greening dentro de uma planta de citros. Os resultados da pesquisa ajudam a entender porque não é possível curar uma planta doente apenas removendo os ramos amarelados – sintomas da doença – e também porque o greening tem evoluído mais lentamente em regiões de verões mais quentes e de invernos mais frios do estado de São Paulo e Triângulo Mineiro.
A bactéria analisada foi a Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas). Descobriu-se que ela se move a uma velocidade média de 2,9 a 3,8 cm por dia. A essas velocidades, uma árvore de, por exemplo, 3 metros de altura, é colonizada dos ramos até as raízes pela bactéria em cerca de 80 a 100 dias. Como esse tempo é mais curto que o tempo necessário para o aparecimento dos sintomas nos ramos da planta infectada, que é de pelo menos 4 meses depois do momento da transmissão da bactéria pelo psilídeo, quando os ramos ficam amarelados, a bactéria já está nas raízes, de onde ela irá invadir qualquer ramo que surja da planta podada ou não. É bom lembrar que plantas menores serão colonizadas pela bactéria em tempo ainda mais curto.
Quanto ao impacto da temperatura, observou-se que a translocação é mais rápida na faixa de temperatura entre 18 e 30 °C, e mais lenta nas faixas de 8 a 20 e de 24 a 38 °C. Por meio de modelagem estatística, estimou-se que 25,7 °C é a temperatura de maior velocidade de translocação.
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Contribuições importantes para o controle do greening
A pesquisa traz contribuição em três aspectos importantes para o controle do greening. O primeiro aspecto explica porque não é possível curar uma planta com greening por meio da poda ou termoterapia da copa da planta – esta planta doente deve ser eliminada, porque, com o tempo, irá produzir cada vez menos, e, mais importante, se não for eliminada, continuará servindo de fonte de contaminação das plantas sadias na vizinhança.
O segundo tem a ver com o método usado e os resultados obtidos na pesquisa, que podem ajudar nos testes de novos produtos contra a bactéria – um produto que reduza ou impeça a multiplicação e translocação da bactéria dentro da planta poderá impedir que ela fique doente.
O terceiro tem a ver com a busca de locais com menor risco para iniciar novos plantios de citros – a informação de que em certas faixas de temperatura a bactéria se transloca mais lentamente é mais um dado que o produtor pode usar no momento de escolher uma área ou região, tambem não se esquecendo de que quanto mais distante o local escolhido estiver de pomares abandonados e áreas urbanas, ainda menos arriscado o novo investimento será.
Pela contribuição trazida por esta pesquisa, o artigo contendo os resultados acima foi considerado artigo de destaque do mês de outubro de 2021 pelo editor da Revista Phytopathology, da Sociedade Norte Americana de Fitopatologia.