Auxílio emergencial e novos hábitos sustentaram consumo de frutas e hortaliças, mas cenário ainda é de incerteza para 2021
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Entrevista com Nicole Rennó Castro - Pesquisadora Macroeconomia Cepea/USP sobre as perspectivas para Consumo de Frutas em 2021
Em um balanço do turbulento ano de 2020, afetado duramente pelos efeitos da pandemia da Covid-19, sobretudo na economia, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destaca que a concessão do Auxílio Emergencial cedido pelo Governo Federal ajudou a dar suporte ao setor de hortifruti.
A pesquisadora do órgão, Nicole Rennó Castro explica que, em um primeiro momento, a população em geral pode ter a impressão de que houve redução no consumo de hortifrutis no ano passado.
"É possível imaginar uma diminuição de consumo por causa do desemprego e da crise econômica, mas o que aconteceu foi justamente o contrário. Em geral, olhando para uma grande média, não para produtos específicos, se observa um aumento no consumo, sobretudo no segundo semestre", disse.
Entre as razões para isso, a pesquisadora aponta o Auxílio Emergencial, que chegou às mãos de muitas famílias e, em alguns casos, aumentou a renda. "Isso fez com que as pessoas comprassem, além do básico, também alguns produtos com maior valor agregado e que antes ficavam de fora do carrinho", apontou.
Outro fator elencado por Nicole, mas que ela pondera que é necessário que estudos mais aprofundados sejam feitos para detectar a profundidade, é uma possível mudança de hábito da população.
"O consumo de mais hortifrutis pode estar ligado também a uma preocupação com a saúde, com a imunidade, diante de um cenário de pandemia", disse.
Para este ano, com o recrudescimento da pandemia, redução no valor das parcelas e da abrangência do Auxílio Emergencial, e a morosidade no processo de imunização da população, a pesquisadora destaca que os produtos de hortifruti com maior valor agregado sofram com menor demanda.