Cotação do trigo registra alta mesmo com a oferta da safra recém colhida no Brasil

Publicado em 10/12/2019 12:15
Geada e chuva na colheita que reduziu oferta de trigo de boa qualidade, além de dólar alto dificultando importação, dão sustentação aos preços
Jonathan Pinheiro - Analista da Safras & Mercado

Podcast

Entrevista com Jonathan Pinheiro - Analista da Safras & Mercado sobre o Mercado do Trigo

 

Download

O Brasil acaba de colher a safra de trigo, cerca de 5 milhões de toneladas, e devido à dificuldade de importar o produto por causa do câmbio alto, os preços no mercado doméstico estão bons para o produtor, segundo o analista de mercado da Safras e Mercado, Jonathan Pinheiro. Atualmente, no Paraná, o preço da saca está em cerca de R$ 900, melhor que os R$ 800 estimados anteriormente, assim como os R$ 800 por saca no Rio Grande do Sul, R$ 100 a mais do que o previsto.

O analista acredita que há potencial para que os preços continuem subindo conforme a safra for se estendendo e com a manutenção da cotação do dólar. "Temos mais ou menos 50% de entrada de safra na Argentina, o que dá uma segurada no mercado. O dólar deu uma estabilizada, e segurou os preços no mercado nacional. O dólar se mantendo e a safra argentina entrando, tem espaço para subir o mercado" disse. 

Segundo Pinheiro, no período de colheita da safra o produtor teve problemas com a chuva, o que não trouxe perda de volume, mas de qualidade. "O trigo de menor qualidade, que hoje em maior volume, costuma ser escoado aos poucos para outros países. Mas com dólar elevado e um custo de importação alto, provavelmente a indústria nacional vai acabar encontrando uma alternativa para utilizar o produto e tentar minimizar a necessidade de importação". 

-- "Tem comercialização desse trigo, até por causa do dólar, e eventualmente o mercado sempre utiliza, inclusive pode servir para a ração, se for melhor que o custo do milho", afirma. 

Ele explica que hoje o Brasil precisa importar em torno de 7 milhões de toneladas de trigo para suprir a demanda de 12 milhões de toneladas no país, mas que, conforme o mercado for se movimentando e se o dólar cair, talvez este cenário mude.

De acordo com o analista, até agora o Brasil importou 2 milhões de toneladas nos quatro primeiros meses do ano comercial, queda de 8% em relação ao mesmo período do ano passado, já podendo ser um reflexo do câmbio. "Na safra argentina, nós temos 18,5 milhões de toneladas, redução dos 19 milhões estimados antes. Até agora, dos 2 milhões de toneladas que importamos, cerca de 70% veio da Argentina", conta.

 

Por: Aleksander Horta e Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibrafe: semana foi marcada por poucos negócios no mercado do feijão
Semeadura do feijão está concluída na maior parte do Rio Grande do Sul
Produção de gergelim cresce 107% na safra de 2023/24 no Brasil
Ibrafe: Acordo do Gergelim abre caminho para o Feijão com a China
Arroz/Cepea: Preços são os menores em seis meses
Arroz de terras altas se torna opção atrativa de 2ª safra entre produtores do norte de Mato Grosso
undefined