Chuvas agravam cenário do trigo em Santo Ângelo (RS) e projeção é de queda na área semeada nesta safra
Diante do excesso de chuvas registrado na região de Santo Ângelo (RS), a área destinada ao plantio do trigo deve ser ainda menor nesta temporada. Os produtores já estavam desestimulados com a falta de liquidez no mercado e os preços mais baixos. Com isso, a perspectiva é que a área cultivada nesta safra fique próxima de 35 mil hectares em toda a região atendida pelo sindicato rural.
“Nós já pedimos o decreto de situação de emergência na nossa região. A perspectiva é que haja uma queda de 20% na área plantada em relação ao ano anterior. O cenário já era esperado em função das condições dos preços, da concorrência com os países vizinhos, mas as chuvas agravaram o cenário”, ratifica o presidente do Sindicato Rural do município, Cláudio Duarte.
E a janela ideal de cultivo do trigo na região termina no dia 30 de junho. “Porém, ainda temos áreas de coxilha que estão vertendo água e que não tem como entrar, áreas que ficarão disponíveis para a soja. Inclusive, com essas dificuldades, alguns produtores modificaram o sistema de distribuição de sementes, plantando a lanço e depois passando a grade para não perder a germinação”, explica a liderança sindical.
Outros produtores deverão investir no cultivo de outras culturas de inverno, como aveia branca ou preta ou até mesmo em pastagens. Contudo, Duarte ressalta que os preços da aveia também recuaram de R$ 1,00 o quilo para valores entre R$ 0,28 e R$ 0,35 dependendo da variedade.
No caso do trigo, os preços atuais estão entre R$ 28,00 a R$ 30,00 a saca na localidade. E poucos contratos antecipados foram realizados com as traders nesta safra. “O produtor não quis arriscar novamente. No ano passado, tivemos uma boa produtividade, com média de 60 sacas de trigo por hectare e com qualidade, porém, os valores caíram de R$ 40,00 para R$ 26,00 a saca”, pondera Duarte.
Em meio ao recuo nas áreas de cultivo em outras importantes regiões produtoras, como na Argentina, Paraguai e Paraná, a liderança destaca que a perspectiva é que haja uma reação nos preços praticados, entretanto, ainda não há nenhuma sinalização no mercado.
Além da preocupação com o trigo, o atraso nos trabalhos nos campos também pode afetar o cultivo da safra de verão. “Existe uma preocupação, já que esse trigo deverá ser colhido no começo de novembro e os produtores não conseguirão semear a soja entre 15 a 20 de outubro”, finaliza a liderança.