Sementes de soja do sul do Maranhão para o Camboja (Ásia) e Sudão (África)
Na região sul do Maranhão, município de Balsas (MA), a produção de soja conta com algumas vantagens que a diferencia do restante do País, como ciclo de chuvas bem definido, terras planas e água no subsolo.
Com essas características favoráveis, incluindo a proximidade ao porto de Itaqui, produtores do sul do País investem na região produzindo soja convencional, transgênica e sementes, além de, na 2a. safra, o milho -- que é todo consumido no mercado interno do nordeste brasileiro.
Empresários do Agro, como Idone Luiz Grolli, da Sementes Cajueiro, agora trabalham com foco no mercado internacional de sementes.
O processo começou com acordo estabelecido pela Embrapa junto à FAO, representando países carentes na mesma faixa do hemisfério. A partir daí, o Brasil passou a exportar soja convencional para países como Sudão (África) e Camboja (Ásia).
Na sequência, os estrategistas chegaram à conclusão que o Brasil deveria ser o fornecedor de sementes de soja para essas regiões de baixa latitude.
No Sul do Maranhão há clima e latitude idênticos aos paises próximos à linha do Equador, o que possibilita essa intermediação. Grolli acredita que, trazendo esses povos para o consumo da soja, esse novo consumo deverá equilibrar a oferta e a demanda no mercado mundial. Isso, consequentemente, também cria alternativas de sobrevivência para os muncipios pobres do Brasil, como os existentes no sul do Maranhão.
"Se você analisar o IDH de todos os municípios vai perceber que, onde entra a soja, o IDH sobe", diz o empresário. "A agricultura empresarial expande a riqueza e dá oportunidade para muita gente".
Antes, para vencer o cerrado ácido, o solo do Maranhão foi corrigido, e hoje, além de produtivo, ele possibilita fazer duas safras com a mesma chuva. Entretanto, isso foi resultado da utilização de cultivares adaptadas.
Mesmo quando o clima torna-se mais desfavorável em relação ao restante do país, os produtores são compensados pelos custos baixos do frete, devido à proximidade do Porto de Itaqui. Além do porto, também há fácil acesso para a rodovia e para a ferrovia, ampliando as possibilidades de escoamento da soja.
Grolli também produz no Amapá, numa região que recebe 2.500 mm de chuva por ano. Se no Estado do Maranhão ele obtém mais segurança produtiva e vantagens no custo, a segunda área de produção ganha no frete.
A propriedade está localizada a 60 km do rio Amazonas, e, além da estabilidade climática que o Nordeste, às vezes, não traz, a vantagem logística do Amapá reduz o custo do frete a apenas R$ 3 por saca.
Ele destaca que o maior problema dos produtores, no momento, se chama câmbio. Para isso, ele vende e imediatamente compra os fertilizantes para "não deixar nenhuma ponta solta", travando os custos com base no conhecimento em relação à sua propriedade. Para ele, o Brasil não é competitivo com o dólar valorizado.