Projeções preliminares apontam que 40% das dívidas da Seara são com produtores rurais que entregaram parte da safra atual
O pedido de recuperação judicial da empresa Seara Agroindustrial, do Paraná, assustou a todos os produtores rurais do estado. Do passivo estimado em R$ 2 bilhões, acredita-se, por enquanto, que de 30% a 40% desse volume seja de depósito de produtores de soja, milho e trigo da região, segundo as primeiras projeções de lideranças do setor.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinati, a empresa - com anos de tradição no segmento, e uma das mais importantes no recebimento de grãos do Paraná - não deu, em todo esse tempo, quaisquer sinais de fragilidade ou problemas financeiros. Nos últimos anos, inclusive, apresentou expansões bastante expressivas, ampliando sua atuação para estados como Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
"Não tinha o menor boato sobre isso, nada existia. Em março, quando terminamos a primeira safra, fizemos os trabalhos de entrega, sem fechamento, depositando na empresa, já que ela tinha muita reputação na região", explica Pissinati. "Esperamos que saia a autorização judicial para que se faça essa recuperação e que não fique prejuízo para os produtores rurais. Já não estamos com bons preços para a soja, para o milho, e agora mais essa", lamenta o presidente.
Neste processo de recuperação, será levantados todos os débitos da empresa e, na sequência dos eventuais pagamentos, estão, primeiramente, os órgãos públicos, na sequência os funcionários e só depois disso, os produtores que depositaram os grãos na empresa. "Eles, agora, não estão pagando ninguém", relata.
Para Pissinati, os pequenos e médios produtores deverão ser os mais atingidos. E além desse impacto, é preocupante ainda o reflexo negativo na economia do pequeno município de Sertanópolis, onde fica a sede da empresa, como, por exemplo, a demissão de mais de 200 funcionários.
Os produtores rurais paranaenses têm buscado seus sindicatos para receber orientação diante desta situação e a principal delas agora é a de esperar, ao menos, a decisão sobre a autorização para o início do processo de recuperação, além de procurar por ajuda jurídica para que caso a caso possa ser resolvido e como os agricultores devem proceder.
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