O Centro-Oeste do Paraná e as três safras por ano
A cidade de Ubiratã, no centro-oeste do Paraná, possui 500m de altitude e um clima que permite a muitos produtores a realizar três safras sequenciais - soja, milho e trigo - sem irrigação.
De acordo com José Carlos Braciforte, engenheiro agrônomo da Cooperativa Agroindustrial União (Coagru), este sistema começou em 2007 e, a partir de 2010, se tornou uma constante para muitas áreas. Dos 53 mil hectares do município, em torno de 20 mil hectares trabalham com esse sistema, representando 40% da área.
O sistema é sequencial: a soja é plantada em setembro, o milho, em janeiro e o trigo entre os meses de maio e junho. "Tem se obtido boas produtividades e isso também tem movimentado a economia", afirma Braciforte, lembrando que os produtores entram três vezes no mercado para financiar, comprar insumos e contratar mão-de-obra.
Além disso, o plantio do trigo anterior ao plantio da soja oferece uma cobertura ao solo que também dificulta o surgimento de plantas daninhas. Ele lembra, portanto, que esta não é uma atividade recomendada para todas as áreas: precisa ter clima.
Isso é porque, na região, as chuvas começam entre agosto e setembro, o que permite o início do plantio da soja entre 15 a 20 de setembro. Os produtores também utilizam cultivares precoces adaptadas, o que exige bastante planejamento. Além disso, a estrutura é um fator muito importante, já que na maioria dos casos, o plantio do próximo cultivo começa logo após a colheita do outro.
Devido ao atraso de alguns cultivos, alguns produtores chegam a realizar cinco safras em dois anos - em um ano, realiza as três, deixando duas para o próximo. "Tudo depende do atraso ou não do plantio", explica.
Para o produtor que deseja seguir essa técnica, o engenheiro agrônomo aconselha ter um bom planejamento, consultando assistentes técnicos sobre os materiais precoces que se adaptam para a região e, sobretudo, o clima, "pois para três safras não pode ter atraso na colheita e no plantio", diz.